Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Monitor de Mídia


Deu errado


Ao contrário do que os mais diversos veículos de comunicação anunciaram, Joseph Ratzinger e a Opus Dei venceram a disputa pelo mais alto cargo da Igreja Católica. Está certo, os cardeais afirmam que não são eles quem escolhe o Papa, é o Espírito Santo. Se assim é, a imprensa internacional deveria orar na próxima vez.


Emissoras de rádio e televisão e veículos impressos ouviram especialistas do mundo todo e não houve uma previsão unânime. Houve, sim, nos dias que antecederam o conclave, unanimidade na negação da candidatura do cardeal alemão. As justificativas foram idade avançada e o desejo dos italianos de reaver o poder havia quase 27 anos nas mãos do seu antecessor polonês.


Em Santa Catarina, o jornal A Notícia do dia 18 de abril, segunda-feira, disparou para todos os lados, mas os tiros passaram longe. A retranca ‘Conclave deverá durar de três a quatro dias, dizem vaticanistas’ já começa com uma previsão que não se cumpre (em menos de dois dias a escolha foi concluída, demonstrando que já havia uma negociação prévia bem resolvida). E as fontes, responsabilizadas pelas informações incorretas, já que a edição do jornal multiplicou o seu número, sem optar por uma linha ou tendência, disseram o que pensavam, sem compromisso com acerto ou com informação que prestasse serviço ao leitor interessado em acompanhar de forma orientada a escolha do novo Papa.


Na edição do Diário Catarinense e do Jornal de Santa Catarina do dia 19 de abril, terça-feira, a reportagem única do enviado especial Rodrigo Lopes traz um quê de inocência frente às negociações políticas que envolvem a escolha do Sumo Pontífice. O repórter prefere se envolver na ingenuidade popular dos que, enrolados em bandeiras, não tiravam os olhos da chaminé à espera da fumaça branca acompanhada da notícia de um Papa brasileiro.


Ignora-se, em todas as edições, o verdadeiro significado da palavra conclave, que é mais do que a denominação de reunião de cardeais. Conclave significa ‘com chave’, e tem no Português uma palavra equivalente, ‘conchavo’.


Venceu a disputa, é claro, com base em negociações que vêm de muito antes do falecimento de João Paulo II, a ultradireita católica, representada numa corrente autodenominada Opus Dei, obra de Deus. É preciso tirar os olhos do céu e colar o ouvido na porta de Benedicto, ou Bento XVI, o novo Papa.’


Joel Minusculi, Carol Leal e Marjorie Basso


‘Uma via sacra impressa’, copyright equipe do Monitor de Mídia (http://www.cehcom.univali.br/monitordemidia/paginas/), Edição nº 67, 19/04/2005


‘Foi a notícia mais dada da história. Segundo o Global Language Monitor, nos primeiros três dias após a morte de João Paulo II, 75 mil novas reportagens haviam congestionado a internet. As referências ao fato foram quase três vezes mais numerosas que os ataques do 11 de setembro de 2001, atestou a associação de lingüistas que se preocupa com o uso de palavras e suas influências nas culturas locais. Nos jornais catarinenses, não foi diferente. Do anúncio da morte, no dia 3, até o enterro do Papa, os diários locais preencheram páginas e páginas com notícias, análises, fotos e caprichados infográficos. Confira os resultados.


Pouco espaço, mas sem exageros


O Jornal de Santa Catarina foi às bancas no dia 1º de abril, com a chamada de capa ‘Mundo reza por João Paulo II’. Nas páginas internas, sob o título ‘A agonia do Papa’, publica o agravamento do estado de saúde do pontífice, informações sobre a unção dos enfermos recebida e o pessimismo das autoridades do Vaticano. Trouxe box que ocupava boa parte da página e apresentava os principais problemas de saúde de Wojtyla, com detalhes sobre a traqueostomia a que foi submetido. Na edição conjunta dos dias 2 e 3, sob a manchete ‘O planeta fé’, o jornal dá maior ênfase ao assunto. O leitor soube do estado do pontífice através de declarações de religiosos próximos a ele. Na p.21, o Santa destacou a movimentação dos fiéis na Praça de São Pedro, citou também o erro de uma agência italiana ao anunciar a morte do Papa, desmentida pelo Vaticano. Na borda direita da mesma página, o jornal apresentou erro de diagramação. Uma figura se sobrepôs ao texto intitulado ‘A deterioração da saúde do Papa’, impedindo a leitura do mesmo. Na página seguinte, o Santa mostrou o sofrimento e dedicação de fiéis do mundo inteiro, em especial de Nova Trento, dando assim um caráter regional à matéria.


No dia 4, o assunto ganhou caderno especial, com capa e título expressivos: ‘Morre o Papa, nasce um mito’. O encarte enfatiza a atuação política de Karol Wojtyla como humanizador, mas apresenta também seu conservadorismo diante da propagação da fé cristã. Foram ressaltados seus conhecimentos culturais e de idiomas, suas viagens pelo mundo, bem como a quantidade de consagrações que realizou. O caderno se diferenciou pela regionalização do assunto, com cinco páginas destinadas a entrevistas e notícias do Estado. A beatificação de Madre Paulina e a criação da diocese de Blumenau, realizados pelo Papa em Santa Catarina, tiveram destaque. Algumas páginas chamaram mais a atenção, como a 2 pela foto expressiva (que apresenta também erro em números e datas, corrigidos na edição seguinte), e a 7 pelas declarações de personalidades do mundo inteiro e as páginas centrais que trouxeram imagens especiais e palavras de João Paulo II. O leitor ainda pôde encontrar, na parte inferior das páginas 13 a 19, a trajetória de vida do Papa, desde o nascimento até o fim do pontificado. Na p.8, encontra-se um erro de diagramação, que dificulta uma leitura clara do ritual de sepultamento.


Na terça-feira, o Santa relatou a espera para a despedida do pontífice e a aclamação do povo ao ver o corpo de Wojtyla. ‘Roma vai parar para assegurar o desenvolvimento pleno da manifestação de amor pelo pontificado’, declaração de Walter Veltroni, prefeito de Roma. Na edição dos dias 2 e 3, o jornal mencionou o nome de Achille Serra como ocupante deste cargo. Afinal, quem é o prefeito de Roma? Ainda no dia 5, cita os favoritos a ocupar o lugar de João Paulo II e mostra entrevista com o candidato brasileiro, o arcebispo Dom Cláudio Hummes. Na edição de quarta-feira, o leitor encontra a foto do velório do Papa ocupando boa parte da capa, com a chamada ‘Os caminhos levem a Roma’, que indica as páginas 18 e 19. A matéria discorre sobre o sacrifício da multidão que permanece horas na fila. Traz ainda que o funeral é vigiado por mísseis anti-aéreos, devido à quantidade de civis e autoridades mundiais. A p.19 destina-se exclusivamente a retratar, através de infográfico, a estrutura dos lugares onde ocorrem as homenagens e rituais católicos no Vaticano.


No dia 7, reaparecem as informações sobre a fila para despedida do Papa e do reforço da segurança. O jornal dedica uma página inteira à matéria ‘A intérprete da língua da terra do Papa’, sobre a professora universitária, Aleksandra Piasecka, nascida na Polônia, mas que desde 1984 reside em Blumenau. Na mesma edição traz matéria do enviado especial da RBS, Rodrigo Lopes, sobre o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, candidato ao trono de João Paulo II, que afirma: ‘Todos são candidatos’. Na edição seguinte, o assunto sobre o Papa aparece numa pequena chamada de capa. Na p.18, sob o título ‘Adeus, João de Deus’, o Santa apresenta o cronograma do enterro do pontífice. Publica ainda uma matéria sobre a comitiva brasileira a Roma, com autoridades e representantes de várias religiões e por meio de infográfico, demonstra o formato e a trajetória do caixão. A partir daí é gerada uma grande confusão a respeito do material de um dos caixões utilizados, no infográfico é citado o zinco, já na coluna ao lado é mencionado o chumbo, em outras edições também há a contradição de informações. O leitor deve ter ficado confuso e, acabou sem saber do que era feito o caixão. Na p.19, o destaque é o conteúdo do testamento de Karol Wojtyla e sua leitura pelo colégio cardinalício.


O Santa encerra a cobertura da morte do Papa com foto na capa da edição do fim de semana e o título ‘Vaticano, 8 de abril de 2005’. Publicou o andamento da missa e do enterro de João Paulo II e enfatizou ainda o pedido dos fiéis pela canonização do Papa. Publicou box com números sobre as pessoas presentes e o ritual fúnebre. Na mesma edição traz uma entrevista com Dom Geraldo Majella, cardeal brasileiro, sobre o futuro do Vaticano e da Igreja Católica. A cobertura do diário de Blumenau sobre o Papa foi sintética uma vez que, além do caderno especial, as edições tinham no máximo três páginas destinadas ao assunto. Apesar de disponibilizar espaço menor do que seus concorrentes, deu a seus leitores todas as informações necessárias sem repetições. O uso de agências foi constante, mas houve participação do enviado especial da RBS. Apresentou legados políticos e religiosos de João Paulo II, sua trajetória de vida e a dedicação dos fiéis. Destaque para a regionalização das matérias, importante neste tipo de acontecimento. A diagramação diferenciada possibilitou a publicação de muitas curiosidades sobre o tema. Assim, pode-se dizer que o Santa apresentou um material equilibrado e completo.


Não faltou informação


A edição de 1 de abril de A Notícia estampou a manchete ‘Piora o estado de saúde do Papa’. Na p. A13, a matéria ‘Piora o estado de saúde de João Paulo II’ vai além de informações sobre a situação do pontífice. O leitor encontra também explicações sobre sua decisão de não renunciar, as visitas feitas ao Brasil, o trabalho da equipe médica e relembra a tentativa de assassinato. A piora do estado de saúde do Papa preparava o alto escalão da Igreja para possíveis mudanças. O jornal também parecia estar se preparando, uma vez que os textos que não tratavam de sua saúde já traziam uma parte de sua trajetória. No dia seguinte, o assunto volta a ser manchete – ‘Nas mãos de Deus’ – e ocupa boa parte da primeira página com chamadas relacionadas ao pontífice. As páginas destinadas ao tema mais importante da edição (A4 e A5) também foram ocupadas por matérias sobre o Papa. Sob o título ‘´Papa já vê e toca o Senhor´, diz cardeal’, AN relata momentos de agonia do Papa e aponta a realização de correntes de fé e oração dos fiéis pelo mundo todo. Infográfico mostra os principais problemas de saúde e box apresenta a trajetória dos pronunciamentos. Traz ainda a contradição entre a imprensa italiana, CNN e o Vaticano sobre a confirmação ou não da morte do Papa.


Os candidatos da ‘possível sucessão’ aparecem sob o título ‘Três tendências para a escolha do sucessor’. Foram publicadas ainda informações sobre o cancelamento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, detalhes de como ocorre a confirmação da morte do Papa e até de como o presidente Lula se informa sobre a situação do pontífice. A regionalização do assunto aparece nas páginas de AN na matéria ‘Catarinenses numa corrente de fé’, que traz depoimentos de sacerdotes e fiéis de várias partes do Estado. Nas três páginas dedicadas ao assunto, diante das dúvidas sobre a morte do Papa e a ausência de um correspondente, o diário de Joinvile somente apresentou a versão do Vaticano e a da imprensa mundial.


No dia 3, a imagem do Papa ocupou toda a primeira página. Nesta edição, os assuntos relacionados ao pontífice ganharam diagramação especial com quadro ao redor dos textos. Na parte superior da página, ao centro, aparece pequena foto do Papa e a data de nascimento e morte. E os textos ganham definitivamente um tom biográfico. Aparecem assim o período anterior ao papado, colocações sobre seus discursos e pregações, suas viagens pelo mundo, o que fez nos lugares que visitou e também a beatificação de Madre Paulina. As notícias de movimentação em Roma – vinda de agências – somadas às informações de arquivo ocuparam 70% do conteúdo total do jornal. Dessa combinação surgiu um bom material, que deu ao leitor informações importantes sobre o assunto. A preocupação em esclarecer quais eram os problemas de saúde do Papa pode ser a explicação para publicação de infográfico que já havia sido usado na edição anterior.


No dia 4, o destaque ao assunto continua. Ganha manchete e mantém a diagramação diferenciada. Nas cinco páginas dedicadas ao Papa, o ângulo tem uma pequena mudança. O leitor encontra os procedimentos do funeral e a mobilização dos sacerdotes para a sucessão. Mais uma vez, além da movimentação de fiéis do mundo inteiro, AN regionaliza o tema e apresenta fiéis do Estado. A partir desta edição, a cobertura não vai apresentar muitas surpresas para o leitor. No dia 5, por exemplo, a manchete é ‘Papa vai ser sepultado na Sexta’. Nas páginas internas, dados sobre o funeral, a movimentação em Roma, o tempo de espera nas filas que se formavam e, mais uma vez, a sucessão. Sem correspondente, a edição do dia 6, apresenta atualizações sobre os assunto abordados no dia anterior. Assim, o leitor encontra mais uma vez o tempo de espera na fila, a reunião dos cardeais, os preparativos para o enterro.


Não é no dia 7 que a cobertura muda de padrão. Mais uma vez os textos continham informações novas sobre os mesmos assuntos abordados desde o início da semana. No dia 08, a edição traz a manchete ‘João Paulo 2º pensou em renúncia, revela testamento’ e apresenta todo o documento deixado pelo Papa em página interna. É claro que as informações de todo dia não poderiam faltar. Estavam nos textos a mobilização dos fiéis durante o enterro, tanto no Vaticano como no resto do mundo. No último dia analisado (9), a edição traz a manchete ‘Fiéis pedem canonização do papa João Paulo II’ . AN publica os detalhes finais do enterro do Papa, a comoção do povo que pede sua canonização e mostra detalhes diplomáticos da cerimônia. A comitiva brasileira também teve espaço. O material de agências foi muito utilizado durante os dias de análise e isso pôde ser percebido pelos créditos nas fotos e pela ausência de assinatura nas matérias. A diagramação diferenciada possibilitou ao leitor encontrar com facilidade as páginas que traziam as matérias relacionados ao pontífice. AN repetiu alguns infográficos, trouxe informações que foram sendo atualizadas no decorrer do período, destacou a fé do povo e relatou o que aconteceu com o pontífice até os últimos momentos. Para além disso, junto com o fim do sofrimento do Papa, houve uma cobertura que pode ser comparada com a Via Sacra feita por Jesus Cristo.


De uma forma geral, o jornal A Notícia não deixou faltar a seus leitores nenhuma informação importante. A relevância do tema levou o jornal a dedicar espaço também nas páginas de opinião: publicou seis editoriais. O grande número de páginas dedicadas ao Papa mostra um fator importante do jornalismo: não se pode fugir da notícia. Era preciso que a cobertura fosse extensa porque isso era o que o próprio tema pedia.


Agilidade e descompasso informativo


No dia 1º, a página 4 do Diário Catarinense tratava basicamente da unção dos enfermos que teria sido recebida pelo Papa no dia anterior. Citou também os principais problemas e acidentes de saúde sofridos por João Paulo II e os nomes e cargos dos cardeais e do arcebispo responsáveis por dirigir o Vaticano enquanto o Papa está debilitado. Na p. 5, as matérias sobre os problemas de saúde sofridos por Karol Wojtyla podem ter confundido o leitor. Uma apontava que, devido ao atentado de 1981, parte de seu intestino foi destruído. Na matéria seguinte, o órgão atingido foi o estômago – a mesma informação foi publicada em box na p. 4. Afinal o que foi afetado? Talvez o projétil tenha atingido o estômago e comprometido o intestino, mas de qualquer maneira, as informações não foram dispostas com clareza.


Em 2 de abril, sábado, o Diário Catarinense preparava os cristãos para o fim do pontificado de 26 anos de João Paulo II. ‘As tradições da passagem’ foram tema da p. 5, com quadro que trazia procedimentos e um mapa da cidade do Vaticano. Uma pequena foto no canto direito do mapa poderia vir a, novamente, confundir o leitor por sua legenda que dizia: ‘Na foto cardeais entram na Capela Sistina para votar a eleição que escolheu João Paulo I, em 1978’. Provavelmente falha de digitação.Também contendo mapa, na p. 6, foram mencionadas as viagens do Papa de forma mais ilustrativa, o que dinamizou a publicação.


Em Florianópolis, na cidade-sede do DC, uma edição extra circulou no início da noite de sábado, anunciando a morte de João Paulo II. A edição tinha poucos detalhes frescos do passamento, mas vinha recheada de informações acessórias, dando a impressão de já estar pronta há algum tempo. Por questões operacionais, claro que a edição especial não chegou a tempo a todas as regiões do Estado, o que causou uma lacuna informativa entre sábado e segunda.


No Vale do Itajaí, por exemplo, no domingo, dia 3, o Diário destacava ainda o estado de saúde do pontífice. A p. 6 foi destinada ao seu legado e às viagens. Na p.8, Dom Murilo Krieger, arcebispo de Florianópolis, apresentou-se ‘consciente que chegou o momento da partida do Papa’. A declaração do religioso ficou estranha quando se pensa no contexto em que o leitor a lia: João Paulo II já estava morto. As páginas 10 e 11 traziam um resumo do perfil dos cardeais considerados ‘papáveis’ e um quadro com todos os pontífices da história. O fato é que o Diário Catarinense ainda mencionava Karol Wojtyla como vivo.


As primeiras páginas da edição de segunda-feira, dia 4, foram destinadas ao relato da dor e do silêncio dos fiéis à espera por notícias e por fim os últimos momentos do Papa. Na página seguinte o enfoque foi, novamente, o confinamento a que os cardeais serão submetidos para a escolha do novo Pontífice e os procedimentos para a eleição. A reunião de multidões nas igrejas de todo o mundo, inclusive na Polônia, e rumores de que o desejo de João Paulo II seria ter seu coração levado para seu país de origem foram os destaques da página 9. Em seguida, declarações do presidente Lula sobre o Papa e um manifesto de sua satisfação para que seja eleito um novo Papa brasileiro ou latino. Foi com informações já publicadas no em outras edições que o leitor se deparou nas páginas 13 a 16.


Na capa do Diário Catarinense do dia 5: ‘Multidão no adeus ao Papa’. Nas páginas internas, o secretário-geral da CNBB, dom Odilo Pedro Scherer, declarou que a torcida em nada interferirá para a escolha do novo pontífice. Na p.6, uma entrevista de Dom Cláudio Hummes a Luiz Zinini Pires da agência RBS transcorreu sem surpresas. De Brusque, Gisele Zambiazzi entrevistou Isidoro Woitena, primo de Karol Wojtyla que disse sentir uma dor tão grande como se tivesse perdido um pai, apesar dos dois nunca terem sequer se falado. Ainda na página 7, Ana Paula Cardoso discorreu sobre o Coral Vozes da Juventude de Criciúma que se apresentou no ano passado na Praça de São Pedro em Roma, após apresentação as crianças tiveram acesso ao pontífice.


O destaque do Diário no dia 6 foi a matéria do enviado especial Rodrigo Lopez sobre a multidão que lotou a Praça de São Pedro. Mas o que chamou a atenção foi a declaração contrária ao Papa, difícil de ser publicada nesse tipo de situação. O teólogo alemão Hans Kueng ‘afirmou que o Papa deixou a Igreja com uma crise de esperança e confiança’. A possível eleição de um pontífice negro e um livro colombiano que lançou o Papa como super herói de história em quadrinho também estiveram presentes na p. 6. As páginas 7 e 8 continham matérias sobre catarinenses que por algum momento estiveram na presença de João Paulo II.


‘Cardeais iniciam dia 18 a escolha do novo Papa’ foi a manchete de capa do DC no dia 7, que incluiu uma grande foto da comitiva formada pelo presidente dosa EUA George Bush, seu pai e o ex-presidente Bill Clinton. A p.4 trouxe o favoritismo de Dom Cláudio Hummes na sucessão papal , fato mencionado no The Washington Post mas que o cardeal mais uma vez não comentou.Na página seguinte, o assunto foi novamente a escolha do novo Papa.


A divulgação do testamento espiritual de João Paulo II foi destaque da sexta-feira, 08 de abril. No manuscrito o Papa teria destacado o perigo de uma guerra nuclear e teria também admitido que chegou a cogitar sua renúncia. Em seqüência o enviado especial Rodrigo Lopez mencionou o forte esquema de segurança no local e a expectativa de 5 milhões de pessoas acompanhando o funeral.


A ilustração da p.6 demonstrava como será o funeral que aconteceria no mesmo dia, nessa página a expectativa era de 4 milhões de pessoas acompanhando o funeral, 1 milhão a menos que na matéria anterior. Na página 8, Jéferson Bertolini recolheu, como já ocorreu em edições anteriores, depoimentos de catarinenses que tiveram algum tipo de contato com o Papa. No sábado dia 09, o Diário mencionou a cerimônia de despedida de João Paulo II que reuniu 600 mil pessoas. A matéria continha detalhes sobre o cerimonial já mencionados anteriormente. Na página seguinte descreveu-se a multidão clamando pela beatificação de Karol Wojtyla.. Em entrevista para o Diário, o teólogo Leonardo Boff disse não acreditar que o alemão Joseph Ratzinger possa ser eleito o mais novo Papa. A página 8, nesse dia, trouxe matérias de Nova Trento citando novamente casos como o do padre Ivo Dalsenter que se sente orgulhoso por ter auxiliado João Paulo II em sua visita a capital.


O episódio da morte do Papa trouxe ensinamentos preciosos para o DC. A redação foi ágil para levar às ruas a edição extraordinária já no mesmo dia do passamento do pontífice. Mas esse esforço todo ficou apenas circunscrito à capital ou sua região mais próxima. Como os jornais de domingo são fechados ao longo da semana e mais intensamente nas sextas-feiras, seus conteúdos ficam datados e o frescor dos eventos do dia fica prejudicado. Mais prejudicado ainda fica o leitor. Que pode ir para o concorrente…’