O velho ditado popular – ‘na teoria a prática é outra’ – não podia ser melhor e mais oportuno para entender a boa intenção do jornalista Eugenio Bucci, atual presidente da Radiobrás, quando anunciou no programa Observatório da Imprensa, do jornalista Alberto Dines e sua equipe, reformas, pintura e melhorias técnicas nos equipamentos da Rádio Nacional.
A situação da rádio atualmente é de insolvência. Se fosse uma empresa particular, não conseguiria faturar o suficiente para a folha de pagamento. Ela tem hoje uma audiência de 2.250 ouvintes por minuto, com 0,1% na participação geral dos ouvintes AM e FM e 35º no total do AM e FM.
O rádio perdeu expressão e prestigio com o advento da TV, só sobreviveu quem mudou o conteúdo e o formato da programação. A Rádio Globo foi quem mais se aproveitou desta transição, assumindo o 1º lugar, mas começa a perder liderança para a Rádio Tupi.
Cálculo por baixo
O que o presidente da Radiobrás deveria fazer era ter uma conversa com o ministro Eunicio de Oliveira e implantar o AM Digital, fazendo da Rádio Nacional uma pioneira na nova tecnologia, na era digital, e não usar verbas da Petrobrás para remodelar e maquiar a antiga rádio. O custo por milheiro que a Petrobrás vai pagar em um ano é de mais de R$ 1.000 por ouvinte, um desperdício. As rádios AM e FM que lutam com dificuldade para conseguir verbas e manter o equilíbrio deveriam protestar ou solicitar à Petrobrás tratamento igual. Se fosse uma verba especifica para fazer o Museu do Rádio, tudo bem – pelas reformas e novas instalações que o presidente Lula inaugurou, fica mais perto de tombamento histórico remodelado.
Mas o momento não é de investir no passado, e sim no futuro. Não sei se presidente da Radiobrás já tentou sintonizar os 1.130MHz da antiga poderosa AM Radio Nacional do Rio, especialmente em táxis ou lugares que tenham computadores ou lâmpadas dicróicas. A Radiobrás poderia ser a primeira a alavancar o desenvolvimento do rádio brasileiro ingressando no mundo digital.
Num cálculo por baixo, implantando a Rádio AM Digital alavancaríamos a economia num número parecido a um bilhão de dólares, entre investimento na indústria e no comércio de vendas dos novos rádios AM digitais, que penetram em qualquer lugar com um som superior ao da atual FM.
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Radialista, atualmente sócio da TV O DIA canal 59 e 44 em implantação no Rio de Janeiro, é autor do livro Pilares via satélite – da Rádio Nacional à Rede Globo (Rocco), foi diretor da Rádio Nacional, da TV Globo-Rio e Nordeste e do Sistema Globo de Rádio