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Os resultados do primeiro turno trouxeram muitas surpresas. Uma delas, de grande significado histórico, foi tratada de forma, digamos, comedida. A derrota do senador Antônio Carlos Magalhães não significa apenas o fim de um poderoso clã regional, o carlismo. Representa também o fim de uma era na grande imprensa nacional.
Chamado de vice-rei da Bahia, ACM foi um dos controladores da mídia brasileira nos últimos 30 anos. Sempre nas sombras. Deu as cartas durante a ditadura, a distensão e mesmo depois da redemocratização. Tinha ligação direta com os donos de jornais e revistas, mas também com os mais importantes jornalistas, aos quais alimentava com notícias exclusivas.
Como ministro das Comunicações no governo Sarney, ACM iniciou a farta distribuição de canais de rádio e TV aos políticos aliados e às empresas de comunicação amigas, o que explica a relativa discrição com que foi noticiado o fim do seu reinado.
A perseguição de ACM ao Jornal da Bahia é um dos episódios mais dramáticos da história da imprensa brasileira contemporânea. Ao revivê-lo em detalhes, este Observatório da Imprensa pretende lembrar que a liberdade de expressão é uma conquista parcial. Outros coronéis continuam no poder e insistem em ameaçá-la.