Se reeleito, o presidente Lula quer fazer um acordo entre o PT e PSDB, foi o que disse ontem, domingo, na Folha o repórter político Kennedy Alencar.
Muito bem, presidente, vá em frente. Mas não espere até outubro. Tente um acordo já. Imediatamente. Mas, presidente Lula, esqueça a idéia de coalizão política, isso agora pode soar como trambique eleitoral. Pense apenas na violenta agressão sofrida pelo Estado brasileiro há exatos 15 dias nas ruas de São Paulo.
Pegue o celular, presidente Lula, ligue para o seu antecessor, o presidente FHC, e combine com ele um encontro urgente no palácio do Planalto para discutir um Pacto Nacional contra o Crime Organizado. Esta é uma emergência, o país está sendo atacado internamente por um inimigo solerte e poderoso.
E quando os países estão em guerra, os partidos políticos não incluem a guerra nas disputas eleitorais. Foi assim na Inglaterra e foi assim nos Estados Unidos no segundo conflito mundial. E assim terá que ser no Brasil se de fato desejamos enfrentar o problema da violência em vez de deixá-lo como herança aos nossos filhos e netos.
Sabemos que os políticos preferem engalfinhar-se com os adversários, sabemos que os repórteres e comentaristas políticos adoram fazer a cobertura de combates políticos, cobrir uma trégua é muito chato. Chato porém vital, imperioso cobrir uma trégua.
Uma coisa é certa: se adiarmos o acordo PT-PSDB para depois das eleições podemos ter eleições complicadas pelo inimigo comum. Ele está atrás das grades mas não perdeu a iniciativa.