A Bahia consegue pela segunda vez a sua independência. Agora, além do Dois de Julho, a data da Independência Política é 1º de outubro.
A terceira derrota do PFL baiano, agora para o governo do estado, foi a mais intensa de todas. Depois da vitória de João Henrique (PDT) na Prefeitura de Salvador, a imagem já cansada de um famoso senador indicava que algo de muito ruim para o carlismo estava para acontecer. Não deu certo a estratégia de lançar o triste e apático Rodolfo Tourinho como candidato a senador com o chavão “O número que era de ACM agora é Rodolfo”. O ex-governador João Durval Carneiro, praticamente sem falar, venceu fácil essa parada, deixando para trás, ainda, o ex-prefeito Antonio Imbassahy.
Na verdade, essas sucessivas derrotas impostas ao grupo carlista são o retrato da imagem cansada e mentirosa de uma Bahia de conto de fadas, que veio à tona com a bombástica manchete do jornal A Tarde evidenciando o altíssimo nível de baianos que passam fome. Cinco milhões significa aproximadamente 40% da população do estado governado por um único homem e seus comandados.
A Bahia se viu refém de um político que se achava o senhor feudal da era contemporânea. Seus aliados, mesmo sem experiência, seriam sempre eleitos sem dificuldade, bastando para isso obedecerem a uma cartilha pré-definida por ele. A humilhante derrota imposta pelo PT de Jacques Wagner (e Lula, obviamente) ao governador Paulo Ganem Souto foi o “tiro de misericórdia” na vida política do grupo que mandou por 16 anos consecutivos na terra de Castro Alves. Ah, Castro Alves, que diria você se visse seu povo quebrando os grilhões do medo?
Poeira do passado
A vitória petista, na verdade, ficará um pouco ofuscada pela derrota pefelista. Muito mais importante do que Wagner no poder é a maneira como as coisas deverão ocorrer a partir de agora. Antonio Carlos Magalhães se contentará em perder tanto espaço para os inimigos? Será a partir de agora apenas tutor-político do neto, reeleito deputado federal? E como a imprensa baiana cobrirá essas mudanças? Ninguém sabe.
O certo é que uma das manchetes do dia 2 de outubro de 2006 do Correio da Bahia, jornal que trazia na capa do dia da eleição a manchete “Paulo Souto pode ser eleito hoje com 51% dos votos”, dava a pista de como o grupo se comportará daqui para a frente: “ACM destaca segundo turno nas eleições presidenciais”.
O importante é que o hino oficial da Bahia nos conta uma verdade há muito encoberta pela poeira do passado.
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Estudante de Comunicação Social/Propaganda e Marketing, Salvador