Em 2006, Natascha Kampusch virou objeto de curiosidade mundial após escapar de um cativeiro onde passou oito anos de sua vida, seqüestrada por um homem que se matou logo após sua fuga. Dois anos e muitas entrevistas depois, a jovem austríaca de 20 anos decidiu ser apresentadora de TV.
Ainda que, aos olhos de muitos, seja estranha a idéia de Natascha estar completamente curada do trauma que lhe custou a adolescência e – principalmente – pronta a se expor desta maneira, ela parece não se importar com as críticas. Pelo contrário, ela é a primeira a reconhecer que é uma apresentadora improvável. ‘Mas eu aceitarei este desafio com prazer. Quanto mais você supera, mais você evolui’, diz.
Talk show
A jovem estréia seu talk show Natascha Kampusch encontra…, no canal a cabo Puls4, no próximo domingo (1/6), entrevistando o ex-piloto de Fórmula 1 austríaco Nikki Lauda. Lauda afirmou a um jornal local que tinha dúvidas quanto a ir ao programa de Natascha por causa de sua inexperiência, e insistiu em conhecê-la antes de participar. ‘Ela foi muito profissional’, elogia. ‘E me fez perguntas que nunca ninguém tinha feito antes’.
Em uma chamada do programa, Natascha aparece digitando em um laptop, servindo-se de água mineral e rindo enquanto maquiadores dão os toques finais em seu rosto. O programa, previamente gravado, será mensal, e Natascha deverá entrevistar personalidades de diversas áreas.
Para quem acompanha o caso da jovem seqüestrada, entretanto, a notícia do talk show não foi uma grande surpresa. Em diversas entrevistas, ela chegou a declarar seu interesse pelo jornalismo, ainda que não tenha ensino superior e esteja completando os estudos escolares. Natascha mostrou-se bastante articulada quando, apenas duas semanas após fugir do cativeiro, concedeu sua primeira entrevista televisiva.
Casas dos horrores
Natascha desapareceu aos 10 anos de idade, quando ia para a escola, em março de 1998. Seu desaparecimento foi um dos mais intrigantes mistérios criminais da Áustria até agosto de 2006, quando ela aproveitou um descuido de seu captor, Wolfgang Priklopil, para escapar. Horas depois da fuga de Natascha, Priklopil, que a mantinha em um pequeno porão, cometeu suicídio.
Recentemente, outro caso chocou o país: o austríaco Josef Fritzl, de 73 anos, confessou ter mantido sua filha, Elizabeth, em cativeiro por 24 anos e ter tido sete filhos com ela. Natascha, que ganhou bastante dinheiro com entrevistas nos últimos dois anos, ofereceu ajuda financeira às vítimas de Fritzl e já expressou vontade de conhecer Elizabeth, hoje com 42 anos. Informações de William J. Kole [AP, 29/5/08].