Recorde de público consagra times e seu principais artilheiros políticos na temporada 2004 dos votos milionários. Assim a imprensa avalia o day after das eleições para prefeito nas cidades com segundo turno.
O Brasil seria um país engraçado se não fosse trágico. Paramos em, pelo menos, três momentos: carnaval, final de campeonato brasileiro de futebol e eleições – como se a vida fosse se renovar a partir desses episódios.
Na cobertura jornalística das eleições 2004, os principais jornalistas anunciavam, quase que em grito de vitória, que ‘o PT arrasado perde em SP e sua principal atacante troca gentilmente de camisa com o campeão, ao final da partida’; ou, ainda, ‘após 16 anos, Porto Alegre tem novo campeão’ – e por aí vai a seriedade da nossa política e da nossa imprensa.
Em nenhum momento ouvi dizer que a cidade tal ganhou ou perdeu. O cidadão paulistano, o brasileiro, o pobre ou mesmo o rico poderão participar das ações do novo prefeito eleito por ele? Tanto faz!
O importante é que a escola de samba tucana enfraqueceu o big boss dos trabalhadores. Tanto se houve falar de veículos sensacionalistas, mas estamos dando tiro no pé. A imprensa como um todo é sensacionalista. Vamos acordar! Estamos induzindo o povo a torcer fanaticamente para um time que entende muito de troca de favores e pouco de gestão. O povo não sabe mais para que serve a política. Nós jornalistas, ou futuros jornalistas, entramos no jogo das escuderias e seus marqueteiros milionários.
Nesta segunda-feira (1º/11/2004) não estamos usando o poder da mídia para dar exemplo de cidadania, incentivando o povo, tendo votado no artilheiro ou não, a cobrar suas promessas de campanhas. Estamos discutindo cinicamente se o presidente da República enfraqueceu ou fortaleceu sua candidatura à reeleição em 2006. Se com estes resultados teremos outra reforma ministerial porque o governo precisa de reforço para o próximo campeonato.
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Estudante de Jornalismo, Curitiba