A mídia badalou na quinta-feira (26/11), o dia inteiro, a disposição do governo chinês de reduzir em 40% suas emissões de CO2 até 2020. Nos dias anteriores, aconteceu a mesma coisa com a promessa de Barack Obama de cortar 17% das emissões nos EUA.
Também foi intenso, na quinta, o noticiário sobre as inundações no Rio Grande do Sul, com 66 municípios em situação de emergência. Nesta dramática primavera, o estado já sofreu 12 violentos temporais cujos efeitos sobre a nossa economia fatalmente aparecerão na próxima safra.
Mas a nossa mídia não consegue colocar no mesmo contexto o noticiário sobre a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 15, que se realizará em Copenhague e os desastrosos efeitos do aquecimento global visíveis em nosso cotidiano. Como se fossem assuntos distintos, divergentes.
Na mesma quinta-feira, também nos jornalões paulistanos os maiores anúncios vendiam carrões importados (nenhum deles bicombustível) e apartamentos de alto luxo em bairros já saturados.
Luta pessoal
A mídia já não consegue conectar os temas afins e, pior do que isso, não tem a coragem de denunciar hábitos e estilos de vida que apressam a catástrofe ambiental.
O efeito estufa não depende apenas da boa-vontade e do idealismo dos chefes de Estado; é preciso lembrar que o veloz degelo na Groelândia é um indício tão grave quanto o atual dilúvio no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.
Se não mudamos o nosso modo de vida e hábitos de consumo, de nada adiantarão as pomposas conferências internacionais. A mídia nacional e internacional precisa se convencer de que o aquecimento global produzirá uma catástrofe maior ainda do que a de uma 3ª Guerra Mundial.
Delegar aos governantes todas as responsabilidades pelo destino do planeta é uma irresponsabilidade tão grande como foi há 70 anos minimizar os perigos do nazi-fascismo.
A luta pela sustentabilidade deve ser pessoal; não é uma questão de foro íntimo, é um chamamento que a mídia até agora não conseguiu tornar premente e universal.