Há um dado no esfaqueamento dos três ativistas franceses no Rio que não chamou a atenção dos jornais teoricamente melhor informados do que os demais veículos.
O motivo do triplo assassinato foi um desfalque. O mentor do crime não teve nenhum escrúpulo em tirar a vida daqueles que o haviam beneficiado quando era menor de idade e vivia nas ruas. Encaminhado na vida, matriculado numa universidade, preferiu matar os protetores a ver o desfalque descoberto.
A verdade é que a sociedade brasileira trata os corruptos com certa leniência, como ficou evidente no caso dos mensaleiros. A infração moral se não é abertamente tolerada não chega a provocar repúdios mais veementes.
Desta vez, evidenciou-se que corrupção é crime como outro qualquer. Mãos sujas acabam quase sempre manchadas de sangue – é uma questão de tempo e de oportunidade. Tratar com brandura os crimes de colarinho branco cria padrões favoráveis a uma escalada que inevitavelmente levará a crimes sanguinários.
A morte do casal de ativistas franceses não é fato isolado, nem acidental. É o flagrante da corrupção transformada em banho de sangue.