Impossível prever agora o clima e as reações dos candidatos no debate de hoje à noite na TV Globo. Será o último round antes do enfrentamento nas urnas e quaisquer que sejam os resultados do próximo domingo, uma coisa é certa: o país precisará entrar em obras imediatamente. Não apenas para restabelecer um mínimo de convivência política, mas sobretudo para remendar o processo decisório dos últimos meses esgarçado pelas exigências eleitorais nem sempre as mais ponderadas, como sabemos.
Os candidatos estão estressados e a administração pública, comprometida. Tudo precisará ir para o estaleiro. Inclusive o idioma tão agredido pela retórica, pela demagogia e pela veemência dos palanques. As palavras precisarão ser recuperadas em matéria tanto de significado como de valor. A sociedade precisará ser submetida a um intenso treinamento para reaprender a encarar certas realidades nos últimos meses escamoteadas pela indignação de uns e arrogância de outros.
É natural que uma nação fique dividida às vésperas de uma eleição majoritária. A democracia oferece soluções para casos como esse. Mas a democracia não é uma fórmula mágica e indolor. Hoje à noite vamos ter espetáculo. Na segunda-feira, começa a dolorosa faxina.