Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O debate que a imprensa não faz

A imprensa cansa depressa. Antes do primeiro turno reclamava a ausência do candidato Lula nos debates televisivos. Então o candidato do governo prometeu que se houvesse segundo turno ele participaria de debates todos os dias. Agora, depois de apenas três debates, os jornais começam a dizer que os debates estão chatos, cansaram.


Será que a imprensa quer espetáculo ou quer encarar nossa realidade política?


Os debates não estão chatos, são verdadeiros, retratam fielmente os candidatos e mostram até que ponto o marketing domina o nosso processo eleitoral. O primeiro debate na Band foi surpreendente, mostrou a transformação do candidato Alckmin. O debate do SBT foi mais fraco, por culpa dos próprios candidatos e de suas assessorias. O terceiro, da Record, foi o melhor porque os responsáveis tiveram a coragem de mudar o formato e, sobretudo, porque trouxeram jornalistas que não fazem parte do circuito de estrelas da crônica política. E justamente por causa destes jornalistas reverteu-se o clima e o confronto que parecia declinar, de repente, esquentou.


Quem dormiu no ponto foram os grandes jornais que não souberam aproveitar, no dia seguinte, os quatro minutos em que o candidato Lula falou sobre a imprensa e a mídia [leia aqui ‘O presidente-candidato e a comunicação’, com a transcrição das palavras de Lula no debate da Record]. Comeram mosca. Ou melhor, seguiram a velha tradição de ignorar o debate sobre a imprensa e sobre a mídia.


Portanto não são os debates que estão cansando, é a imprensa que primeiro reclama contra o desrespeito à democracia e, depois, esquece o seu papel de zeladora da democracia.