Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O desastre e a politização do sofrimento

Alguém ainda lembra da tragédia com o Boeing da Gol? As famílias das vítimas jamais a esquecerão, também os que sofreram as conseqüências do interminável apagão aéreo. O desastre também será lembrado por outra razão: a tentativa de politizar a maior tragédia aérea nos céus brasileiros funcionou como um bumerangue e, na volta, acabou pegando o ministro da Defesa Waldir Pires e o governo Lula, dias antes da sua segunda posse.


Agora, alguns blogueiros tentam politizar a tragédia da Linha 4 do metrô paulistano e, antes mesmo de qualquer perícia técnica, quando todos estão angustiados com o número de corpos soterrados, já se aboletaram no palanque para acusar o contrato ‘privatista’ com as empreiteiras como o culpado pelo desabamento.


É no mínimo de mau gosto este tipo de comício. É o equivalente ideológico à desculpa meteorológica de que as chuvas foram as responsáveis pelo que aconteceu em Miraí e em São Paulo.


A iniciativa do Ministério Público é correta: cabe a ele – em nome da sociedade – fazer todas as averiguações, técnicas e jurídicas. Mas esta politização do sofrimento nos remete a algo pior: a perigosa banalização da morte.


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