Os arrufos entre o Senado brasileiro e o caudilho venezuelano têm algo de folclórico. O Congresso de um país democrático tem todo o direito de manifestar-se sobre qualquer assunto, essa liberdade é que caracteriza o regime representativo. Mas é preciso não esquecer que o senador que iniciou a ofensiva antichavista foi José Sarney, ex-presidente da República, um dos fundadores do Mercosul e um dos principais aliados do presidente Lula.
Talvez por isso, Chávez tenha estrilado. Neste caso, não deveria ter ofendido o Senado, pois assim ofende o conjunto federativo.
Mas o que chama mesmo a atenção no tumultuado processo venezuelano é que um dos canais que mais combateram Hugo Chávez em 2002 foi a Venevisíon, do poderoso barão da mídia Gustavo Cisneros.
Se a RCTV perdeu a concessão justamente porque Chávez diz que a mídia é golpista, por que razão o golpista Cisneros sobrevive? Esta e outras questões estão na pauta do programa Observatório da Imprensa na TV [terça-feira (5/6) às 23h40 na Rede Cultura e ao vivo, às 22h40, na TVE].