O tema da coluna de domingo [14/5/06] do ombudsman do Washington Post foi novamente os erros cometidos por jornalistas e suas correções. Segundo Deborah Howell, o modo como as correções são redigidas influencia na credibilidade do Post e também constitui um registro histórico de informações confiáveis. Segundo as normas do Post, as correções devem ser claras, concisas e diretas: ‘Elas devem ser compreensíveis até para aqueles que não leram a matéria original, e devem ser completas o suficiente para que qualquer leitor veja qual foi o erro e saiba que ele foi retificado’.
Os leitores, no entanto, querem mais, afirma Deborah. O leitor Lawrence Watthey sugere que as matérias corrigidas sejam republicadas na íntegra, com a explicação do erro, por que ele foi cometido e como ele foi corrigido. O Post não publica as matérias corrigidas, mas as retificações ficam no sítio junto com a matéria original. O motivo do erro fica registrado em um banco de dados de correções interno do jornal, mas não é disponibilizado ao público.
Quem é o culpado?
Na redação, os jornalistas discordam sobre a divulgação do responsável pelo erro. A maior parte dos editores não acha que os leitores se importam com isto. A maioria dos erros é cometida por repórteres, porque são eles que escrevem quase tudo que é impresso no jornal. Mas se um editor insere um erro no texto de um subordinado, muitos repórteres acreditam que a correção deve informar isto. As normas do Post, no entanto, dizem que esta informação não deve ser publicada: ‘Somos uma empresa coletiva, dividimos a responsabilidade por nossos sucessos e por nossos erros’.
‘Um argumento freqüente dos editores é: editores não recebem crédito por encontrarem erros factuais ou gramaticais, então por que eles devem ser culpados quando nenhum erro é percebido?’, afirma o editor-executivo Leonard Downie Jr. ‘Os repórteres assinam a matéria e ganham prêmios, já os editores, não’.
Esta, no entanto, não é a opinião de todos na redação. Bill Walsh, chefe do setor de copidesque do Post, afirmou que pessoalmente prefere que seja divulgado quando o erro foi cometido pelo editor, porque os leitores tendem a achar que a pessoa que escreveu a matéria é que cometeu o erro. Peter Baker, jornalista que cobre a Casa Branca, concorda. ‘Por que não podemos ser transparentes com os leitores?’.
Na matéria de 9/5 de Dana Priest sobre a resignação do diretor da CIA Porter Goss, o nome de um funcionário do Pentágono estava escrito errado, e foi corrigido na edição do dia seguinte. Não foi Dana quem cometeu o erro, e não se sabe o que aconteceu. ‘O copidesque me salva várias vezes de erros de digitação, ou erros piores. E uma vez que se diz ‘devido a um erro de edição’, então se pode escrever ‘devido a uma falha na entrevista com a fonte’ ou ‘devido a um erro do repórter’, ou seja o que for. No fim, estamos todos juntos nesta, todos os dias’, diz Dana.
Todo mundo erra
Uma busca nos arquivos eletrônicos do Post revela que erros de edição eram freqüentemente citados nas correções. As retificações do jornal não citam o nome de editores ou repórteres, mas o banco de dados interno indica se o erro foi cometido por um jornalista, um copidesque, um editor, ou ainda se foi cometido no processo de produção. Deborah informa que os leitores perguntam se alguém é punido pelos erros. ‘Não, até os melhores jornalistas cometem erros. Mas erros freqüentes são discutidos no jornal’, conta.
Na opinião da ombudsman, um erro de edição que afete a credibilidade do repórter deveria ser notificado como erro do editor. Deborah defende, como fez em sua coluna anterior (7/5), que todas as correções deveriam ser impressas em um único espaço.