Depois de três anos da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República Federativa do Brasil, este Observatório publicou seis artigos provenientes da mídia italiana [ver remissões abaixo]. Quatro foram do Correire della Sera, certamente o mais importante jornal do país com seus 130 anos de circulação ininterrupta. É um típico jornal de centro, portanto não tinham nem simpatias nem antipatias pelo presidente ex-operário, mas o título de seu primeiro artigo passados os fatais 100 dias de governo diz tudo: ‘Já terminou a ‘Lula’ de mel’ – em que faz críticas às promessas que Lula não está cumprindo nem conseguirá cumprir.
Os outros dois artigos originam-se de la Repubblica, um jornal que em apenas 30 anos de vida conseguiu torna-se o segundo em importância, e recusaram a proposta de tornar ilegal a aquisição de armas votando ‘não’ ao referendo. Uma derrota clara e em parte também inesperada, porque há dois anos, quando o Parlamento brasileiro aprovou a primeira lei que regula a compra de armas, os favoráveis a um embargo total eram, segundo as pesquisas de opinião, uma clara maioria.
‘A tendência favorável à proibição, num país onde há 32 mil homicídios por ano com armas de fogo (20% do total mundial), foi modificada nas últimas semanas, às vésperas do referendo, e não obstante o governo negar qualquer influência política no resultado final, não se pode excluir que o escândalo dos financiamentos ilegais ao partido do presidente tenha tido grande importância na escolha dos brasileiros.’
Danos à popularidade
O artigo continua mostrando que o ‘sim’ foi derrotado mesmo tendo apoio da igreja, de várias organizações não-governamentais e da Organização das Nações Unidas. E que foi também uma derrota de toda a esquerda brasileira, pois foram formadas duas frentes perfeitamente delineadas: a direita contra o embargo e a esquerda, favorável. E finaliza o texto:
‘Enfim um dado sociológico: votando numa enorme maioria contra o embargo, com pontas de 80%, foram as regiões mais ricas do Brasil, ao sul do Rio de Janeiro. Aquelas onde a esquerda está historicamente no governo e onde os argumentos a favor do embargo deveriam ter mais simpatizantes.’
O artigo vem ilustrado com uma fotografia de Lula e, abaixo, um gráfico: ‘Popularidade em declínio’. Outubro de 2002: com 61%, Lula é eleito presidente do Brasil. Março de 2005: 55%, o presidente desilude no campo econômico e ambientalista, começa a queda nas sondagens. Agosto de 2005: 39%, os escândalos de corrupção no partido de Lula, ferem a imagem do presidente.
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Jornalista