Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O trabalho dos jornalistas brasileiros

De acordo com uma pesquisa feita pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em convênio com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) no ano de 2012, o mercado dos jornalistas está segmentado: 55% dos profissionais trabalham em veículos de comunicação, produtoras de conteúdo etc.; 5% atuam na docência; e 40% estão “fora da mídia”, operando assessorias de imprensa ou outras atividades que exigem conhecimento jornalístico.

Jorge Duarte, no livro Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia, destaca que cálculos realizados dentro dos sindicatos indicam a última função como representativa de 50% dos jornalistas graduados, todos atuantes na área de comunicação organizacional. Outros autores são ainda mais ousados ao dizerem que a figura do jornalista voltado para a empresa engloba de 60% a 80% dos profissionais atuais.

Estes dados nos permitem compreender uma tendência mercadológica. Os veículos de comunicação de massa, cada vez mais enfraquecidos, deixaram de abrigar, como durante décadas fizeram, os jornalistas formados pelas universidades. O número de vagas das redações está cada vez menor. As condições de trabalho sofrem com a precarização. O interesse público, infelizmente, não paga anúncios.

O modelo de negócios da imprensa sofre com intempérie econômica, isto é, passa por remodelações para se estabilizar financeiramente. Assim sendo, os cortes acontecem em todas as áreas, do impresso à internet. O trabalho dos jornalistas convive com essa oscilação, embora o ritmo continue histriônico, isto é, as exigências ficaram maiores. Destarte, a despeito das dificuldades, o bom jornalismo sempre prevalecerá, em múltiplas plataformas.

Contribuição social inestimável

O mundo é feito de especialistas. As áreas do conhecimento são tão difusas que as próprias universidades não dão conta de lançar cursos para todas as expertises. Ora, se cada profissão tem sua linguagem, é por meio do jornalismo que informação circula. De forma menos apurada, utilizando-se de palavras mais simples, mas fazendo o suficiente para que o público componha seus próprios julgamentos.

Ser os olhos e ouvidos onde as pessoas não podem estar é tarefa imperativa para uma sociedade democrática. Desse modo, a contribuição dos jornalistas é inestimável. Uma informação credível revela mazelas sociais, desnuda as injustiças diárias e contribui para o aperfeiçoamento crítico das pessoas. Sem essa intermediação, o público não saberia diferenciar fatos de boatos.

Trabalhar como jornalista, portanto, é uma entrega. Pode se questionar as condições de emprego, mas jamais a importância da área. Este 1º de maio, certamente de muitas matérias para profissionais do Brasil inteiro, obriga a uma reflexão: há futuro? Sim. Qualidade na apuração e credibilidade sempre terão relevância, seja nos veículos de comunicação ou, como revelam as movimentações de mercado, em assessorias de imprensa, de comunicação organizacional, agência de produção de conteúdo etc. Com um mundo em constante rotação, o futuro pode ser brilhante e acolhedor, desde que o próprio jornalista saiba se adaptar a ele.

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Gabriel Bocorny Guidotti é bacharel em Direito e estudante de Jornalismo