Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O triunfo da TV

As pesquisas de boca de urna na Inglaterra aparentemente não confirmaram os prognósticos sobre um grande salto dos liberais-democratas nas eleições de quinta-feira (6/5). [Os conservadores acabaram vencendo, mas sem fazer maioria no Parlamento.] Mas é visível um crescimento do ‘partido do meio’, ou ‘terceira via’, e o que é mais importante: este crescimento deveu-se em grande parte à entrada em cena da velha TV aberta com debates entre candidatos no estilo americano.


Tudo indica que apesar da vitória conservadora o entranhado bipartidarismo britânico vai ser atenuado por uma triangulação que favorece coalizões, portanto mais dinâmica e muito mais democrática.


O que importa a este Observatório da Imprensa não é a vitória desta ou daquela facção política, mas a derrota dos apocalípticos que prevêem a inexorável hegemonia das novas mídias sobre as mídias tradicionais.


Não confirmado


É certo que para o triunfo de Obama muito contribuíram as redes sociais da internet. Dois anos depois, imaginava-se que o fortalecimento das mídias digitais seria ainda maior na Inglaterra. Não foi o que aconteceu.


É evidente que a internet esquentou a campanha e ajudou a valorizar a tremenda gafe cometida pelo trabalhista Gordon Brown, ao esquecer que estava com o microfone de lapela ainda ativado quando comentou com um assessor a impertinência de uma eleitora com a qual acabara de conversar na rua. Mas a TV teve o mérito de trazer os candidatos em carne e osso para o living das casas inglesas, comparando-os implacavelmente.


A TV deu a volta por cima na velha Albion, assim como os jornais em todo o mundo continuam imbatíveis na tarefa de contextualizar o noticiário. A crença de que tudo vai mudar rapidamente não se confirmou. A humanidade é cautelosa: não gosta de trocar o certo pelo incerto.