Afinal, devíamos discutir, em toda roda, para que serve a escola no Brasil. Aprendemos que era lugar de aprendizagem, de organização de ideias, de desenvolvimento. Mas nos parece que com as novas políticas, principalmente as eleitoreiras, as do voto a qualquer custo, a escola descarrilou, anda sem rumo e o bonde da educação perdeu os freios. O MEC (Ministério da Educação) aprovou livros didáticos para o ensino fundamental que contêm parcialidade política – criticam a gestão de um governo e elogiam o outro –, contrariando a própria orientação do Ministério de que as obras escolares não tenham doutrinação política. Apenas propaganda, como se vê. Não tarda, vai distribuir os famigerados “santinhos” dentro dos livros. Este MEC sem educação, não satisfeito, acaba de adotar um livro que ensina o aluno a falar errado. Isso mesmo. No livro Por uma vida melhor, o aluno não está nem aí para a necessidade de seguir a norma culta para a regra da concordância, da fluência, da beleza da língua.
É o vale-tudo do descaso educacional, da invencionice linguística, da burrice original. A língua, que deveria estar sempre em movimento, saudável, viva, anda desleixada, sem autoestima, moribunda. Falar corretamente em público daqui a pouco será considerado pelo MEC caso de bullying e abuso de boçalidade, com penas previstas na lei. Se “nós pega um peixe” é prova concreta de que o rio da educação está completamente seco, não respira, não ensina, não navega, nada deveria ser mais gratificante do que o saber, e haveríamos de ter esta sede diuturnamente. Mas, no Brasil, infelizmente, ensina-se apenas a cultura do faz-de-conta, da sabedoria sem tática, da vara de pescar sem linha. Pior: sem isca.
Ah, tomara que Anízio Teixeira, Darcy Ribeiro, Noilde Ramalho, Deyse Oliveira, Paulo Freire, Henrique Castriciano, Lourenço Fiho, Fernando de Azevedo não me leiam. Quiçá o ministro da Educação. Como é mesmo o nome dele? Fernando Haddad.
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Escritor, Salvador, BA