A Suíça não é a única ‘zebra’ neste Mundial sul-africano. O inesperado, o acidental, o imprevisto e o inopinado por enquanto dominam a 19ª Copa – nos gramados, nos placares, no entorno.
Num campeonato de futebol em que as enfadonhas estatísticas transformaram-se em bordão obrigatório e inútil, a mídia é a maior vítima das surpresas e sustos. Inclusive no tocante à meteorologia.
Apenas cinco das 19 Copas foram disputadas no Hemisfério Sul, a última na Argentina, em 1978, há 32 anos. Junho e julho no extremo sul são meses gélidos. E jornalistas, diferentemente dos jogadores, ficam parados no frio, muitas vezes de madrugada (por causa das transmissões ao vivo para atender as diferenças do fuso horário).
Fátima Bernardes, a estrela das âncoras da Globo, foi abatida por uma forte gripe. Juca Kfouri, gozador, chegou a sugerir à FIFA que sedie as Copas exclusivamente no Hemisfério Norte – evidentemente depois de 2014 – e que os fabricantes de computadores produzam teclados para serem usados com luvas – evidentemente grossas.
Grandes negócios
Garantiam os futurólogos que a internet dominaria esta Copa. Erraram feio: o complexo midiático tradicional mantém-se imbatível. Perde apenas na hora do recreio, no âmbito das redes ditas sociais: o fenômeno do twitter ‘Cala a Boca, Galvão’, no fim acabará favorecendo o apresentador.
O espanto maior, porém, ainda não foi entendido, nem assimilado e tem a ver com a velocidade do vento – o vento das transformações. Em quatro anos muda muita coisa. A globalização é um dado concreto, a FIFA é a sua filha dileta, uma das entidades mais ricas e poderosas do planeta.
Convém reparar que os países-azarões de antigamente aprenderam as táticas e posturas dos gigantes e estes, fiados na imutabilidade, começam a dar vexames. Tudo o que é sólido desmancha no ar, escreveu Marx em meados do século 19, e isto também vale para o esporte-rei.
O futebol, além de um dos grandes negócios do mundo moderno, é também um acelerador de transformações. Qualquer que seja o resultado das finais desta Copa é preciso levar em conta que a África jamais será a mesma.