Acomodados com a profusão de anúncios que chegam com o Dia dos Namorados, jornais e revistas parecem ter perdido o desejo de se diferenciar. Quem perde em cada edição são os leitores. Mas no longo prazo é a imprensa que corre risco.
A leitura dos jornais e revistas do fim de semana confirma a perigosa vocação para a homogeneidade. Como que combinados, os três jornalões (Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo e O Globo) parecem dizer ao leitor que só precisa comprar um deles.
Ao invés de competir e se diferenciar, fazem questão de uniformizar-se. A diversidade só se manifesta por intermédio de colunistas individuais. Mais rápida, a Folha conseguiu contratar a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Dificilmente contratará repórteres ou correspondentes, dificilmente abrirá novas sucursais para acompanhar no noticiário diário o desmatamento na Amazônia. E se o Estado tivesse a primazia de contratar a ex-ministra, faria o mesmo.
A verdade é que Marina Silva continuará pregando no deserto, tão ou mais solitária do que quando estava instalada na Esplanada dos Ministérios.
200, 250?
As revistas são ainda mais condescendentes com a sua semelhança. Não se importam em confundir-se. Com edições abarrotadas de anúncios por causa do Dia dos Namorados, todas optam pelo picadinho, certas de que com isso não serão furados ou ultrapassados pelos concorrentes.
Nosso jornalismo completou 200 anos na semana passada num estranho pacto de silêncio. Neste passo dificilmente chegará aos 250 anos: acabará antes, graças a um pacto de morte coletivo.