A apuração de fatos pela grande imprensa tem se mostrado irresponsável. Gostaria muito de questionar os nossos caros colegas: onde colocaram o Código de Ética? Isso mesmo, se estiver naquela estante cheia de teias de aranha, por favor, dêem uma limpada e vamos, não digo aplicá-lo, mas nos basear nele. E como não poderia deixar de abordar, citarei ao longo do texto, o caso de Isabella Nardoni.
A princípio, gostaria de deixar claro que não quero inocentar nem julgar pai e madrasta como culpados. Mas, voltemos ao objetivo do texto. É claro o julgamento antecipado dos nossos colegas jornalistas. Vejo sempre textos analisando os veículos, instituições e órgãos. O fato é que devemos nos focar nos profissionais que levantam as informações, constroem suas histórias nada imparciais e passam para os seus superiores, que avalizam a parcialidade.
O caso Isabella Nardoni mostra mais uma vez como a imprensa tem a capacidade de prejulgar os acontecimentos, bater o martelo sem ter competência para tal. Acho que nossos colegas profissionais podem fazer uma belíssima cobertura pautada pelo mínimo de ética. Mas, não, acho que o que passa na cabeça desses profissionais é que para serem ‘bons’ precisam pressionar e julgar. Pressionar, isso sim, cabe ao bom repórter de rua fazer. Mas, julgar, somente àqueles que têm competência para isso. Cabe à Justiça fazer o julgamento embasada em fatos. Se o fazem com competência, aí sim, cabe a nós, pressionar e buscar a apuração da verdade.
Justiça se baseia em provas
O importante nesta história é que devemos sempre nos preocupar na verdadeira missão da imprensa. Às vezes, questiono como certos fatos são publicados. Como um repórter consegue levantar um fato fantasioso e como um editor avaliza esse erro. Pensamos que veículos pequenos sem muito comprometimento com a ética comentem essas atitudes. Mas os que acham isso se enganam. Atualmente, abrimos os grandes jornais e são bizarros os prejulgamentos de valores.
A opinião pública e a sede de justiça fazem com que nossos colegas sejam influenciados também. Na vejo isso como uma via de mão dupla. A imprensa com forte poder de influenciar e a sociedade com forte poder de influenciar na decisão dos nossos colegas pauteiros. Temos que ter cuidado para não virarmos marqueteiros de notícias. Construir reportagens que vão de encontro à vontade da sociedade. A vontade de levar a verdade está sendo deixada de lado. Mas, o que a sociedade gostaria de ver? Tudo bem, então vamos levar o gancho da matéria para esse lado. Mas não pode ser assim, caros colegas.
O último fato do caso Isabella Nardoni é que o pai, Alexandre Nardoni e a madrasta, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá foram soltos nesta última sexta-feira (12/04) depois de ter sido concedido habeas corpus aos dois. No mesmo dia, várias matérias foram publicadas com opiniões sobre se a libertação foi correta ou não. Meus caros, a Justiça se baseia em provas. Devemos ter cuidado ao sair contestando tudo, pois acho que todos querem a apuração fiel dos fatos. Ou estou enganado?
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Jornalista, Brasília, DF