Mais um debate desperdiçado. É o segundo do segundo turno. As mensagens de propaganda política nos intervalos dos blocos foram mais incisivas e contundentes, inclusive o comercial da Folha de S.Paulo, com forte conotação antitotalitária.
Os candidatos continuam engessados pelos marqueteiros e pelas respectivas fragilidades programáticas. A questão ambiental sequer foi aflorada. Os vinte milhões de eleitores de Marina Silva mereciam uma palavra sobre o assunto.
O único dado positivo do debate Folha-Rede-TV! foi a eliminação da histeria religiosa. Acabou o Auto da Fé, o surto inquisitorial foi dominado. O Todo Poderoso só foi invocado uma vez e erroneamente: no lugar de acreditar na vitória ‘com a ajuda de Deus’, saiu um ‘graças a Deus’. Não é pecado: nosso compromisso laico não chegou a ficar ameaçado.
Casa limpa
Faltam ainda três encontros televisados e duas semanas de cobertura jornalística com um padrão que dificilmente alcançará o mínimo razoável a julgar pelo que se conseguiu apresentar até agora.
Nossa imprensa ainda não se deu conta e não tem a coragem de lembrar aos atuais governantes que têm apenas dois meses, sessenta dias, para varrer quaisquer resquícios de heranças malditas. O Brasil deve começar o novo mandato presidencial sem qualquer sombra ou ameaça na esfera da moralidade administrativa e do Estado de Direito.
A transição – em todos os níveis e independente das coligações vitoriosas – deve inspirar-se nos paradigmas de 2002, sem ressentimentos ou rancores, de modo a estabelecer uma coesão para enfrentar os graves desafios que os candidatos preferiram manter fora do alcance do eleitoral: a crise financeira internacional e o aquecimento global.
A casa começa a ser varrida no dia 1º de novembro, o futuro está marcado para 1º de janeiro. Não há tempo a perder