O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, foi veemente na quinta-feira (30/7) quando se manifestou contra o vazamento de informações sigilosas de inquéritos da Polícia Federal. Segundo ele, a prática de vazar documentos sigilosos banalizou-se, tornou-se rotina e beneficia principalmente as emissoras de televisão.
O ministro Mendes acusa frontalmente a Polícia Federal, mas a responsabilidade pela divulgação de qualquer informação cabe ao veículo e não à fonte. Se o veículo jornalístico não sabe tratar a informação à qual teve acesso está descumprindo os mais elementares preceitos e procedimentos profissionais.
Ora, como o ministro Gilmar Mendes recentemente considerou extinta a profissão de jornalista ao acabar com a obrigatoriedade do diploma, instituiu uma espécie de vale-tudo. Ao universalizar o exercício do jornalismo sob o pretexto de democratizar o acesso à informação, o STF ou o seu presidente já não podem exigir dos veículos um tipo de conduta e de cuidados que antes era cobrado – e com toda razão – dos profissionais formados em universidades.
Essa talvez tenha sido a razão que levou o ministro Mendes a fazer carga apenas contra a Polícia Federal.
Estamos diante do primeiro mal-entendido provocado pela apressada decisão de acabar com a exigência do diploma. Logo virão outros e mais graves. A revogação de antigas leis e estatutos exige decisões mais ponderadas e mais prudentes, capazes de evitar vácuos legais. A remoção do entulho autoritário foi feita com tanta insensibilidade que parece autoritarismo.
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