Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os jabaculês de Kadafi

No front militar as notícias da Líbia são desencontradas e preocupantes, na esfera humanitária são desesperadoras, porém no front político as notícias são animadoras porque o repúdio ao tirano Muamar Kadafi parece unânime em diversas instâncias e entidades, coisa que não acontecia há décadas.


Da esfera midiática é que chegam algumas surpresas. Os jornais de quinta-feira (3/3) começaram a registrar um inédito movimento no mundo do show business e da cultura: grandes celebridades anunciaram que pretendem devolver os fabulosos cachês que receberam da família Kadafi para shows particulares. Entre eles os Rolling Stones, Nelly Furtado, Beyoncê.


Por que não o fizeram antes? Celebridade não lê jornal?


Ouro de Trípoli


Em pior situação ficou a prestigiosa London School of Economics que recebeu uma robusta doação de 1,5 milhão de libras (algo como 4 milhões de reais) de uma organização dirigida por um filho da Kadafi, Saif, e em troca facilitou sua aprovação como doutor em ciência política apesar das evidências de que contratara um ghost writer para escrever sua tese (na qual foram encontrados 17 plágios).


Pior é que o jovem Kadafi só depositou uma pequena parte da doação e ninguém teve a coragem de cobrar o resto.


Antes de se desmoralizar como chefe de Estado, Kadafi realizou a incrível façanha de desmoralizar as mais importantes instituições ocidentais comprando-as ostensivamente – com a complacência da grande imprensa internacional.


O déspota líbio também operou no Brasil a partir de meados dos anos 1980: pagou a emissoras de TV, levou a Tripoli charmosas apresentadoras para entrevistá-lo, financiou políticos, partidos, sindicatos, ONGs. Não será difícil rastrear esta atividade, sobretudo agora que grandes organizações jornalísticas estão disponibilizando o seu acervo por via digital.


 


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