Na segunda-feira (28/4) a mídia concentrou-se nos novos índices de aprovação do presidente Lula fornecidos pela nova rodada da pesquisa CNT/Sensus. Não houve tempo para examinar outros dados extraordinários do mesmo levantamento.
Exemplo: cerca de 86% dos entrevistados declararam que estão acompanhando ou ouviram falar no assassinato da menina Isabella Nardoni, contra cerca de 57% que têm acompanhado ou ouviram falar na CPI dos Cartões Corporativos.
Mais surpreendente ainda: para cerca de 71% do entrevistados, a mídia tem feito a cobertura do caso Isabella ‘adequadamente, com competência e eficiência’. Somente cerca de 24% desaprovam esta cobertura.
A menina Isabella foi assassinada há exatamente 30 dias e uma das poucas questões onde parecia haver algum consenso era sobre o sensacionalismo da mídia na cobertura do caso. Significa que a sondagem da Sensus está errada nesta questão? Não necessariamente: o grande público vê a mídia de forma acrítica, acredita na mídia, não sabe identificar seus erros. A não ser que alguém os aponte.
E aqui a sondagem CNT/Sensus oferece outra novidade: quase 9% assistem freqüentemente à programação das emissoras públicas e quase 22% declararam que o fazem às vezes. Convém reparar que o número dos que desaprovam a cobertura do caso Isabella (cerca de 24%) não está muito distante dos quase 30% (8,5% + 21,9%) que sintonizam as redes públicas.
O caso Isabella e suas repercussões serão o tema do programa de TV do Observatório da Imprensa de terça-feira (29), às 22h40, ao vivo, pela TV Brasil e TV Cultura.