Em sua coluna de domingo [13/11], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, trata de um tema que incomoda muitas pessoas: os e-mails em massa. Desde que Deborah assumiu o cargo de ombudsman do jornal, há um mês, sua caixa de correio eletrônico lotou de campanhas feitas através de e-mails.
Ela não considera isto um fato incomum, já que é natural que grupos queiram influenciar o Post a comentar e publicar determinados assuntos. Ela também reconhece que os EUA são uma nação livre e que qualquer um pode enviar qualquer e-mail para ela. No entanto, Deborah alega que grandes quantidades de e-mail não têm o mesmo impacto. Como iniciante no jornal, ela decidiu abrir cada uma destas campanhas por e-mail para ver qual delas era local, apenas distribuída aleatoriamente ou inspiradora para debates e chegou a responder muitos e-mails.
Uma das campanhas que Deborah e o editor de pesquisa do jornal Richard Morin receberam por e-mail pedia que o Post fizesse uma pesquisa para saber se deveria haver um impeachment contra o presidente Bush. ‘Como recebemos e-mails todo o tempo dizendo que somos tendenciosos contra Bush, por que o Post gostaria de fazer isto?’, questiona Deborah. Para Morin, esta campanha teria começado com o grupo de democratas Democrats.com.
Um outro tema que provocou uma onda de e-mails foi a foto de uma mãe aflita de um homem-bomba palestino publicada junto com uma matéria sobre um atentado a bomba em Israel. Deborah considerou a foto inapropriada e falou sobre isto na coluna do dia 23/10. Mesmo assim, continuou a receber e-mails sobre o assunto, o que a levou a concluir que não importa se ela trata do tema, pois as pessoas continuam a fazer lobby por e-mail.
A ombudsman revela que muitas cartas que ela tem recebido ultimamente são sobre matéria assinada por Dana Priest que acusa a CIA de manter prisões clandestinas para suspeitos de terrorismo na Europa Oriental. A matéria de Dana explicava que o jornal não divulgou os nomes dos países porque isto ‘poderia interromper os esforços antiterroristas nestes países e em qualquer outro lugar e poderia torná-los alvos de possíveis retaliações terroristas’. Funcionários do governo pediram ao editor-executivo Leonard Downie Jr. para divulgar o nome destes países. Antes de tomar a decisão, Downie encontrou-se com Dana e outros editores por vários dias. ‘Todas as decisões deste tipo são difíceis de serem tomadas porque se está equilibrando preocupações sobre segurança nacional e a necessidade dos cidadãos de saber o que o governo está fazendo em seus nomes’, explicou Downie. Dana também recebeu muitos e-mails afirmando que ela não deveria ter escrito sobre informações confidenciais do governo. A jornalista diz não ser importar em receber feedback do público.
Muitos dos e-mails que Deborah recebeu sobre este tema vieram da Fairness and Accuracy in Reporting (FAIR), organização americana liberal de crítica de mídia que criticou o Post por não ter divulgado os nomes. Depois que a organização colocou o nome e o e-mail de Deborah em seu sítio, ela começou a receber uma enxurrada de e-mails.
A ombudsman afirma que presta atenção nos e-mails de leitores e, se as reclamações forem legítimas, ela comunica o assunto aos repórteres e editores. No entanto, Deborah também percebe que as campanhas por e-mails não tem a mesma influência. ‘Para mim, as campanhas por e-mail só me dão uma dor no dedo indicador – que eu uso para apertar a tecla ‘delete’’.