Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Outra oportunidade perdida

Mais um debatóide – debate de mentirinha. O quinto e último encontro televisivo dos presidenciáveis, além de frustrante, foi enganoso.


Os principais adversários prometeram discutir propostas e entregaram embromação. Curvaram-se aos marqueteiros – estes, poderosos manipuladores da vontade popular – e evitaram se arriscar.


Não se enfrentaram, usaram os candidatos com menos votos como palanque para as suas pregações. Na verdade, quem freqüentou os palanques foram o presidente da República e os meios de comunicação, os postulantes estavam em outra.


O eleitor vai acionar a urna no domingo (3/10) tão preparado e tão consciente quanto os ministros do Supremo que, três dias antes das eleições, mais uma vez desautorizaram a Justiça Eleitoral e mudaram drasticamente a legislação vigente.


Papel da imprensa


Pior do que o debate fictício de quinta-feira (30/9) à noite na TV Globo foi a irresponsabilidade da mais alta corte ao tornar sem efeito a antiga exigência do título eleitoral. Em seu lugar, os meritíssimos querem apenas um documento oficial com foto.


A população correu para cumprir uma determinação da lei e na véspera do pleito é informada que não era para valer. Ao que tudo indica neste país nada é para valer. O que vale é a encenação.


Estas eleições foram alimentadas por factóides, debatóides, pesquisóides e, sobretudo, um plebiscitóide. Tudo fingido.


Estas eleições precisam ser passadas a limpo – foram uma fantasia, alimentada por uma imprensa que não sabe qual o seu futuro e até hoje não percebe qual o seu papel.