Demitido por telefone, conforme anuncia a edição de segunda-feira (5/7) da Folha de S.Paulo, ou pela internet, segundo o Globo, o técnico Carlos Dunga segue de vez para a lata de lixo da história do futebol brasileiro.
Não há contemplação: assim como o goleiro Barbosa foi responsabilizado, durante décadas, pela derrota para o Uruguai na Copa de 1950, Dunga fica para a memória coletiva, juntamente com seu pupilo Felipe Melo, como o símbolo da incompetência em 2010.
Quem decide sobre mocinhos e vilões é a imprensa. E a imprensa decretou que os dois são os culpados pela desclassificação que o país do futebol considerou prematura.
Desde o final da partida de sexta-feira (2/7), contra a Holanda, os analistas vêm desancando o ex-técnico, o irritadiço volante Felipe Melo, que se tornou seu alter ego dentro do campo, e até o armador Kaká, que chegou à seleção como o queridinho da mídia. Sobram adjetivos pesados e o jornalismo se mistura aos mais baixos instintos das arquibancadas.
Faltou tudo
Mas nada supera, em termos de baixaria, a tentativa desastrada de humor que foi cometida pela equipe do canal SporTV, do Grupo Globo. A vítima não era Dunga e nossa seleção perdedora, mas o Paraguai. Não o time de futebol, mas o país Paraguai e o povo paraguaio. Veja aqui.
Antes do jogo no qual a seleção paraguaia foi derrotada pela Espanha, a emissora colocou no ar uma montagem na qual chama o Paraguai de ‘paraíso obscuro do mundo’. Deprecia a economia, a gastronomia e os atributos físicos dos paraguaios e termina desqualificando sua música popular.
A cantora Ramonita Vera, citada de maneira desrespeitosa, respondeu com classe. ‘Se nota de longe que os brasileiros não têm humildade’, afirmou. E acrescentou, referindo-se ao autor da brincadeira de mau gosto: ‘Não sei se se pode chamar essa pessoa de jornalista’.
Depois do jogo contra a Espanha, a SporTV pediu desculpas, mas de maneira arrogante. Não conseguiu desfazer a impressão de que o jornalismo está sendo invadido pela praga do humor escrachado que grassa na televisão.
Faltou respeito, faltou bom senso, faltou qualidade e faltou humor. Um momento tão feio quanto o pisão de Felipe Melo no adversário holandês.