Investigação interna do Pentágono concluiu que o assassinato de Waleed Khaled, técnico de som da Reuters, em 2005, em meio a um tiroteio em Bagdá, foi justificado porque os soldados americanos confundiram uma câmera do lado de fora do carro com uma arma. Em um relatório de 82 páginas, o inspetor-geral do Departamento de Defesa alegou que as práticas de segurança da agência de notícias contribuíram para a morte de Khaled. No incidente, o cinegrafista Haider Kadhem ficou ferido.
O relatório, no entanto, criticou o modo como a investigação militar foi conduzida – alegando que não foram seguidos os procedimentos corretos. Mesmo assim, o documento concluiu que o comportamento do cinegrafista e do motorista foi determinante para que os soldados americanos acreditassem que eles tinham uma ‘intenção hostil de confronto’.
Para o editor global da Reuters, David Schlesinger, o inspetor-geral levou o caso a sério e trouxe recomendações positivas. ‘Nunca ficamos satisfeitos quando um jornalista é morto a trabalho. Eu agradeço as recomendações para que o Exército e a mídia trabalhem juntos para garantir a liberdade dos jornalistas na linha de frente’, afirmou. No passado, o editor havia rejeitado todas as justificativas do Exército com relação à morte de Khaled. Schlesinger disse ainda que a agência irá examinar seus procedimentos de segurança e observou que um ‘treinamento melhor para jornalistas e militares, regras mais claras sobre o combate e um diálogo mais próximo’ são itens essenciais para evitar futuras tragédias.
De acordo com os procedimentos de segurança da Reuters, quando é atacado, o carro deve dar marcha a ré e começar a se afastar – o que o Exército, por outro lado, interpreta como tática de combate de insurgentes. Por isso, os soldados reagiram e não pararam de atirar, ferindo os jornalistas. Um fator que colaborou para o episódio foi que as normas da agência permitem que os jornalistas trabalhem sem equipamento de proteção e em carros sem identificação de imprensa.
Falhas na investigação
A investigação sobre o incidente que levou à morte do técnico de som contou com diversas falhas. Nem todos os presentes na cena foram interrogados, e não havia relatórios por escrito de todos os que o foram. Além disso, a fita na câmera de Kadhem foi perdida, levada por engano para os EUA por um investigador. Reenviada ao Iraque para constar no inquérito, ela nunca chegou. O relatório militar recomenda que haja treinamento adicional sobre como conduzir as investigações e pede que o Exército americano reveja os procedimentos relacionados à mídia, para que possa responder de maneira segura a este tipo de episódio. Informações de Lolita C. Baldor [AP, 17/6/08].