Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas. ************
Quarta-feira, 3 de outubro de 2007
CASO RENAN
Mônica Veloso diz não se identificar com Bebel, mas cogita um dia ser atriz
‘A jornalista Mônica Veloso, 39, pivô do escândalo que abalou o senador Renan Calheiros e capa da próxima revista ‘Playboy’, afirmou ontem que não se sentiu identificada com a personagem de Camila Pitanga, a prostituta Bebel, da novela ‘Paraíso Tropical’. Disse que não é uma celebridade, mas não descarta a possibilidade de um dia ser atriz.
‘A novela do Gilberto Braga é uma obra de ficção. Ele pode ter feito uma alusão. Acho engraçado, mas realmente sou profissional, jornalista. Não tem nada a ver com a minha história’, disse Mônica, que teve uma filha com Renan numa relação extraconjugal dele.
No último capítulo, exibido na sexta, Bebel torna-se amante de um senador e vai parar numa CPI, onde afirma que posará nua para uma revista.
Segurando a capa da ‘Playboy’, em que aparece seminua sob o título ‘A mulher que abalou a República’, Mônica disse que foi uma personagem involuntária da crise e não reescreveria seu passado, apesar de achar que a sociedade tem uma imagem equivocada dela. Disse que sua próxima preocupação é o lançamento de um livro autobiográfico, previsto para novembro, em que conta sua relação com Brasília.
Outros políticos devem ficar preocupados? ‘Não’, respondeu. ‘Falo de várias coisas, sobre o meu trabalho, como vejo a relação de jornalistas com fontes, tudo. Eu não era jornalista de rua, ficava dentro da redação, era apresentadora. Mas não vou adiantar mais nada’, disse Mônica, que chamava os repórteres de ‘colegas’ e contou ter estudado no Ceub, mas pediu ajuda a uma jornalista para se lembrar do significado da sigla (UniCeub, Centro Universitário de Brasília).
Na entrevista coletiva para o lançamento da revista, na Editora Abril, a jornalista não quis falar sobre o relacionamento com Renan. ‘Seria indelicado.’ Sobre o futuro, Mônica afirmou que pode voltar a atuar como jornalista, mas que não faria mais marketing político -trabalhou na campanha de Roseana Sarney.
‘Não tenho menos competência, não sou menos antenada, não deixei de ser fonte segura só porque fui personagem involuntária de uma crise.’
Sobre a carreira de atriz, diz não pensar nisso agora, mas não descartar a hipótese.
‘Não acho que esse episódio irá marcar para sempre a minha história’, disse Mônica, que agradeceu o apoio da família e de amigos. ‘Muitas pessoas de Brasília foram muito gracinha comigo.’ Também disse nunca ter feito cirurgia plástica e que as fotos da revista não passaram por retoques.’
TV PÚBLICA
Cruvinel participa de encontro com aliados para evitar rejeição
‘Escolhida para presidir a rede pública de televisão, a jornalista Tereza Cruvinel esteve presente ontem na reunião com os presidentes de partidos aliados e com os líderes de bancadas. O ministro Franklin Martins (Comunicação Social) apresentou a proposta da MP (medida provisória) que cria a TV pública.
A apresentação foi feita para evitar eventual rejeição e comprometer os aliados com a aprovação. O governo adiou para a próxima semana o envio da MP ao Congresso.
Principais motivos para o adiamento: não atrapalhar a tramitação da emenda constitucional que prorroga a CPMF e acatar sugestão dos líderes partidários para ampliar de três para quatro anos o mandato dos integrantes do conselho curador. Esse conselho fixará as diretrizes da rede e poderá, por voto de desconfiança, derrubar toda a diretoria executiva ou um diretor específico.
Segundo os líderes, com um mandato de quatro anos, os nomeados por Lula serão titulares no primeiro ano do sucessor. Isso dificultaria, na visão deles, que o próximo presidente mudasse a linha da rede pública e, assim, sucessivamente.
Na reunião, o presidente Lula fez uma defesa da emissora.’
TODA MÍDIA
‘Bloom’
‘Na capa do ‘New York Times’, ‘Florescimento do comércio leal’ (Fair trade bloom) no Brasil. O enviado a Varginha, Andrew Downie, relatou como pequenos produtores já plantam com ‘preocupação pelo bem-estar social e ambiental’. No mesmo ‘NYT’, longa reportagem do enviado a Planaltina, Larry Rohter, destacou que o Cerrado ‘floresce’ (bloom) com as ações da Embrapa, empresa de pesquisa agropecuária que mostraria por que o país virou ‘superpotência agrícola’. Sua sede é ‘parada obrigatória de todo líder terceiro-mundista em visita’, a estatal ‘é modelo’ no Banco Mundial etc.
Já no ‘Jornal Nacional’, ontem, o mesmo Cerrado, ‘na região central do Brasil’, era comparado a um ‘deserto’, por causa de queimadas ‘fora de controle’.
O texto sobre a Embrapa focou os resultados da pesquisa sobre o Cerrado; agrônomo que ganhou o Nobel da Paz como ‘pai da revolução verde’ saudou como a empresa tornou produtivo o solo em que ‘ninguém’ acreditava
TERRAS À VENDA
A BBC original foi até Luiz Eduardo Magalhães, oeste da Bahia, mostrar como a ‘terra brasileira atrai fazendeiros estrangeiros’, em especial americanos. Para as próximas semanas, diz o enviado, pode sair projeto com limites para o ‘investimento externo’.
E IMÓVEIS
Mas é o ‘boom’ imobiliário, na expressão da Bloomberg, que atrai agora investidores externos. Há dias, sites de mercado imobiliário e jornais como o londrino ‘Mirror’ vêm trazendo orientações de especialistas para priorizar aplicação em imóveis daqui.
‘FESTA’ BRIC
O ‘Financial Times’ hoje publica reportagem sem fim sobre a ‘festa’ nas bolsas do mundo puxadas pelos Brics. O ‘Wall Street Journal’ dizia o mesmo ontem. E a Bloomberg saudou em coluna a ‘festa de aniversário dos Brics’. O acrônimo faz cinco anos.
NÃO, MAS…
No MarketWatch, a Exxon se negou a falar do ‘rumor’ de venda na América do Sul, mas disse estar ‘continuamente avaliando o portfólio’. Para Reuters e outras, a Petrobras negou negociações, mas disse que, sim, analisa ‘opções para crescer na América do Sul’.
ABREU E LIMA
A Record News deu na íntegra a longa entrevista com Hugo Chávez, em que ele voltou a defender o gasoduto sul-americano e os acordos Petrobras-PdVSA. E tomou por símbolo o ‘general’ Abreu e Lima, pernambucano que lutou ao lado de Bolívar na América espanhola. E a BBC Brasil noticiou que Lula vai se reunir com Evo Morales.
Por outro lado, a ONG Conservação Internacional, de Washington, afirmou que a Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Sul-Americana, em energia etc., pode levar ao ‘desaparecimento da Amazônia em três décadas’.
‘NOVA ERA’
O site Tela Viva deu que começa hoje, bancado por seis redes e sete fabricantes de eletrônicos, a campanha de divulgação da estréia das transmissões de TV digital, em dois meses. O site próprio já faz ‘contagem regressiva’.
NEWS VS. NEWS
Mal estreou a Record News, com ‘guerra’ de acusações de lado a lado, e o blog Blue Bus deu ontem que a Globo News ‘está saindo com campanha [de publicidade] na mídia impressa, exterior, televisão, cinema, com a assinatura ‘Sempre que for preciso’.
PATAMAR NOVO?
O blog de Lauro Jardim na Veja On-line deu que ‘Duas Caras’ fez anteontem ‘a pior estréia da década’, de novelas do horário na Globo. Diz que ‘parece estar se firmando um novo patamar’, não mais 50 pontos, mas 40. E foram só dois intervalos, no capítulo.’
MIANMAR
Prisão de ator redobra críticas a Mianmar
‘Depois que a dura repressão a manifestantes de Mianmar minou os maiores protestos contra a ditadura militar birmanesa em 20 anos, a prisão de um renomado comediante crítico do regime gerou novos apelos no exterior pelo fim da violência. Grupos internacionais de direitos humanos temem que Maung Thura, 45, conhecido como Zargana, tenha sofrido torturas após ter sido levado de sua casa em Yangun na noite do último dia 25.
Em Yangun, Zargana, que também é astro de cinema e poeta, organizou um comitê para oferecer alimentos aos monges budistas que lideravam os protestos. Os grupos de direitos humanos Anistia Internacional e PEN Internacional (que defende escritores) vêm afirmando que há uma preocupação crescente com a situação do ator, que já foi preso em outros protestos contra a ditadura que governa o país desde 1962.
Yangun e outras cidades de Mianmar abrigaram protestos de 19 de agosto até a última semana, quando dez pessoas -segundo o governo, pois grupos civis falam em ‘dezenas’- morreram devido à repressão. As manifestações, inicialmente contra aumento de preços, assumiram caráter pró-democracia, evidenciando a insatisfação da população -40% da qual vive com menos de US$ 1 por dia- com a situação de miséria. Apesar de haver menos soldados nas ruas de Yangun ontem, segundo testemunhas o Exército continua invadindo casas e prendendo pessoas.
Condenação na ONU
A repressão foi também discutida ontem no Conselho de Direitos Humanos da ONU, que em uma rara decisão condenou por unanimidade a violência do Exército birmanês contra os manifestantes. O órgão fez ainda um apelo por uma investigação sobre a situação.
Foi a primeira vez que o conselho criticou um governo além de Israel desde 2006, quando substituiu a extinta Comissão de Direitos Humanos da ONU. Todos os 47 países-membros assinaram a crítica -inclusive a China, mais forte aliado de Mianmar e considerado um dos únicos capazes de influenciar a junta militar birmanesa.
O enviado da ONU a Mianmar, Ibrahim Gambari, se reuniu ontem separadamente com o chefe da junta militar birmanesa, general Than Shwe, e com a líder oposicionista em prisão domiciliar Aung San Suu Kyi, ao final de uma missão de quatro dias no país. O enviado fará um relatório para o secretário-geral da ONU. Ainda ontem, a agência Ansa informou que morreu de leucemia o premiê de Mianmar, Soe Win. O general Thein Sei, que ocupava o cargo como interino, assumirá.
Com agências internacionais’
TV DIGITAL
TV digital chega em dezembro sem sinal móvel e interatividade
‘A 60 dias do início das transmissões de televisão com sinal digital, o sistema brasileiro não está preparado para ser muito mais do que uma imagem com qualidade de DVD. Os recursos que tornam o modelo brasileiro o ‘melhor do mundo’, segundo a indústria do setor, não vão chegar às casas da Grande São Paulo no dia 2 de dezembro.
O padrão japonês foi escolhido, segundo o presidente da Eletros (associação da indústria eletroeletrônica), Lourival Kiçula, por permitir interatividade, mobilidade e portabilidade. O espectador pode enviar informações, comprar pela TV ou assisti-la em carros ou pelo celular, por exemplo.
Mas a plataforma que permitirá a interatividade -o software Ginga- e as negociações com operadoras de telefonia para a conexão e a transmissão móvel não foram concluídas nem têm data para começar.
‘Isso [lançamento com tecnologia parcial] não é interessante para o consumidor’, diz Daniel Kawano, analista de produto da Panasonic. Para ele, há mais chances de comprar um produto e logo ter de trocá-lo para receber outros recursos.
A partir do dia 2 de dezembro, o espectador poderá, por exemplo, ver a escalação dos jogos e informações sobre a programação -a chamada interatividade remota-, por ser a base de informações enviadas pela emissora. Já comprar pela TV está descartado porque depende de conexão.
‘Se for realmente plena [a interatividade], será necessária a presença das operadoras [de telefonia]’, afirma o vice-coordenador do módulo de mercado do Fórum Brasileiro de TV Digital, José Marcelo Amaral. O grupo tem representantes da cadeia como fabricantes de produtos e emissoras, e ajuda na implantação da TV digital.
Segundo ele, as teles não conseguiram dimensionar os resultados que a TV móvel trará. Mas ele diz que as operadoras e os fabricantes de celulares foram chamados para discutir, no fórum, o uso de mais recursos na TV digital. Os bancos também devem ser, para viabilizar as compras via TV digital.’
INTERNET
Na disputa com Google, Yahoo! atualiza serviço de buscas
‘O Yahoo! atualizou o seu serviço de buscas, que adotou o conceito de ‘busca universal’ -permitindo encontrar, entre outros arquivos, vídeos e páginas de livros de bibliotecas virtuais. O Yahoo! teve 23,3% de participação no mercado de buscas nos EUA em agosto, contra 56,5% do Google.’
TELEVISÃO
Contra Record, Globo pode abrir Globo News
‘Inconformada com o fato de a Record ter lançado a Record News em UHF, acumulando dois canais abertos em São Paulo, a Globo estuda abrir o sinal do canal pago Globo News.
Na semana passada, a emissora formalizou uma consulta ao Ministério das Comunicações sobre a legalidade de um mesmo grupo operar dois canais abertos numa mesma cidade, como fazem Record/Record News e Band/PlayTV.
Se a resposta for pela legalidade, a Globo poderá abrir a Globo News no canal 19, concessão obtida nos anos 80 para transmissão de TV paga. Atualmente, os donos desses canais (chamados de ‘TVA’ e ‘S’) podem usá-los para transmitir 11 horas diárias de sinal aberto.
A legislação diz que um mesmo grupo não pode ter duas outorgas do mesmo tipo na mesma cidade. Assim, em tese, por a TV Globo ser um outorga do tipo geradora e o canal 19 uma outorga tipo ‘TVA’, a transmissão da Globo News nessa freqüência seria tão legal quanto a da TV Record (geradora) e Record News (retransmissora).
Há duas semanas, os principais executivos das Organizações Globo, entre eles os vices Roberto Irineu e João Roberto Marinho, se reuniram para discutir a abertura do sinal da Globo News. Concluíram que isso seria ruim, porque destruiria um modelo (TV paga) que funciona há 11 anos _a Globosat não poderia mais cobrar das operadoras pela Globo News.
TIROTEIO A Record já conta com ‘Tropa de Elite’ em sua programação de 2008. Diz que o filme faz parte do pacote da Universal Studios, com quem tem acordo de exclusividade. Mas os produtores do longa afirmam que ‘Tropa’ não está no pacote.
NOVA ERA 1 As TVs abertas começam hoje a veicular campanha conjunta pela estréia da TV digital, em 2 de dezembro em São Paulo. Os filmes, criados pela Globo, vendem uma ‘nova era’, mas são superficiais _falam apenas de vantagens como alta definição e interatividade.
NOVA ERA 2 A Semp Toshiba lança em novembro duas caixas receptoras de TV digital em televisores analógicos. A mais barata, sem alta definição, custará R$ 700.
POBRE SÃO PAULO A Globo fez anteontem exibição em cinema de São Paulo do sinal em alta definição (HDTV) de ‘Duas Caras’. Mas não havia som Dolby e a imagem era melhor em televisor ‘full HD’. As estrelas faltaram _os principais nomes do elenco eram Alinne Moraes e Fulvio Stefaninni. Estavam em festa no Rio.
EFEITO BEBEL ‘Duas Caras’ deu 40,3 pontos no primeiro capítulo, a pior estréia das 21h na década. Foi prejudicada pela ‘baixa’ audiência de ‘Paraíso Tropical’ _que deu média geral de 43 pontos na Grande São Paulo.
EFEITO ‘HIGH SCHOOL’ Outra estréia da segunda-feira, a musical ‘Dance, Dance, Dance’, também em HDTV, deu 5 pontos, bom número para o patamar da Band.’
Bia Abramo
Em sua estréia, Record News imita o padrão Globo, mas talk-show se destaca
‘A guerra de audiência se acirra com a estréia e a presença da Record News. É o terceiro canal brasileiro dedicado exclusivamente ao telejornalismo; com a diferença que ambos os antecedentes, Globo News e Band News, não são abertos.
A estréia, na quinta passada, se deu com pompa e circunstância, com o aval dos poderes constituídos em nível federal, estadual e municipal -estavam presentes à cerimônia de inauguração da emissora o presidente Lula, o governador do Estado de São Paulo, José Serra, e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e provocações explícitas de Edir Macedo dirigidas à Rede Globo.
Excetuando-se o fato de a Record News estar em sinal aberto, nem Globo nem Bandeirantes ainda têm o que temer por parte do canal de notícias de Edir Macedo. A exemplo do que fez com a teledramaturgia, a Record primeiro copia, em registro um pouco mais precário, aquilo que fez o poderio e o prestígio da Globo.
Por enquanto, a Record ainda não tem um projeto de telejornalismo que difira tanto assim dos outros dois. A programação do canal -numa proporção anunciada de 19 horas de material inédito para 5 horas de reapresentações- combina dois grandes telejornais, um matutino e um no horário das 21h, com telejornais regionais e programas temáticos espalhados ao longo do dia.
Mesma escola
Embora diga querer ‘pensar’ o Brasil, os telejornais, na tarefa imitativa da escola Globo de telejornalismo, não se livraram do formato reportagem curta, comentários do ‘especialista’ entremeados por algumas reportagens mais longas, exibidas em série. Os telejornais e os programas de entrevistas estrearam com nomes proeminentes -Lula, Renan Calheiros, Hugo Chávez-, mas não dá para supor que, no dia-a-dia, os entrevistados se mantenham nesse nível de interesse.
O canal também ainda não passou pelo grande teste de qualquer telejornal, enfrentar uma cobertura imprevista, que é onde a agilidade da reportagem e a inteligência da edição se põem à prova.
Uma novidade bem-vinda, no horário nobre, é a do talk-show temático: no ‘Entrevista Record’, a cada dia da semana é abordado um assunto em uma entrevista de duração mais longa que o habitual (uma hora). Na contracorrente da entrevista como entretenimento e do apresentador como performer, o programa consegue tratar temas quentes com maior profundidade do que o comentário mais apressado dos telejornais.
Pelo que a Record News apresentou até agora, ainda não é o suficiente para quem quer, ao mesmo tempo, fazer frente ao monopólio da Globo e fazer um telejornalismo mais eficiente e mais analítico. Se o passo adotado for o das novelas, vai demorar.
Avaliação: regular’
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O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 3 de outubro de 2007
CASO RENAN
Mônica rejeita comparação com Bebel
‘Apenas alguns dias antes de chegar às bancas na capa da revista Playboy, a jornalista Mônica Veloso afirmou ontem que se tornou ‘personagem involuntária’ da crise, ressaltou jamais ter sido autora de denúncias contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e garantiu não se arrepender de nada do que fez. ‘Fui personagem de forma involuntária de um episódio complicado como esse’, declarou a jornalista, que disse querer apenas deixar o caso para trás.
Em uma entrevista coletiva que misturou momentos de satisfação com o ensaio para a Playboy e sinais de desconforto com o assunto Renan, Mônica tentou se desvencilhar do rótulo de celebridade. Além disso, rejeitou comparações com a personagem Bebel, da novela Paraíso Tropical. No último capítulo, a prostituta interpretada por Camila Pitanga se envolveu com um senador, prestou depoimento em uma CPI fictícia e falou em posar nua. ‘Minha história é completamente diferente. Não vi nenhuma identificação.’
Sem dar detalhes, Mônica avisou que concluirá por volta do dia 15 de novembro um livro sobre o relacionamento entre a imprensa e os políticos em Brasília. ‘Vou comentar experiências que vivi e vi’, disse, acrescentando que não se trata de abordar um ou outro político especificamente. Ela também contou ter recebido propostas para voltar à TV, mas descartou trabalhos na área política.
Mônica evitou perguntas sobre Renan, embora tenha confirmado que o senador está em dia com a pensão da filha. Atualmente, os pagamentos são debitados diretamente em seu contracheque por determinação judicial.’
TV PÚBLICA
Oposição critica criação de TV pública por MP
‘O governo vai editar no fim da próxima semana a medida provisória que criará a TV Pública. A decisão foi tomada em reunião do presidente Lula com líderes aliados, mas no Congresso já questiona se há urgência que justifique a criação da emissora por meio de MP. ‘O presidente não tem o direito de fazer isso. É uma grande idéia transformada em ato ridículo, uma TV que vai nascer com aspecto autoritário, de cima para baixo’, criticou o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Ele questionou se, da forma como será criada, a TV não serviria para fazer propaganda de ‘São Lula’.
Com todo o planejamento feito, a TV Brasil deve entrar no ar em 2 de dezembro, com 20 horas de programação diária – 12 horas em rede nacional, 4 de programação regional e mais 4 de produção independente.
A proposta foi bem recebida pelos líderes, mas foram pedidas alterações. A principal é o tempo de mandato dos membros do Conselho Curador, que dará as diretrizes da TV e será formado por indicados do presidente. Parlamentares propuseram quatro anos em vez de três, não coincidentes com o mandato do presidente. Segundo o Planalto, a reivindicação ‘muito provavelmente’ será acatada.
A apresentação foi feita aos líderes pelo ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, e pela futura presidente da TV Pública, Teresa Cruvinel. Lula defendeu o novo órgão, dizendo que a TV pretende manter os ‘vários sotaques’ do País e reforçar o debate.
Deputado acha ‘muito estranho’
O líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ), considerou ‘muito estranho’ o governo querer criar a TV Pública por medida provisória, especialmente quando retira MPs da pauta para aprovar a CPMF. E lembrou que o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, prometeu aos líderes que ela seria criada por projeto de lei.
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) também reclamou. ‘Era preciso um tempo longo de discussão pois é um projeto importante, de longo alcance. Seria melhor decidir por projeto de lei.’’
TELEVISÃO
Disputa entre Record e Globo entra no ar
‘Desde a inauguração do canal de notícias Record News, na quinta-feira, a briga entre a Record e a Globo saiu dos bastidores e foi para o ar. Na segunda-feira, o âncora do Jornal da Record, Celso Freitas, leu um editorial acusando as Organizações Globo de tramarem uma ‘operação covarde e leviana’ para impedir a inauguração do novo canal de TV, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador José Serra.
O editorial cita reportagem de Josias de Souza, do jornal Folha de S. Paulo, segundo a qual o vice-presidente de Relações Institucionais das Organizações Globo, Evandro Guimarães, teria se encontrado com políticos, incluindo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, para ‘questionar a legalidade da Record News’.
Os ataques à Globo já haviam começado na inauguração do canal, quando o ‘bispo’ e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, atacou o ‘monopólio da informação’ da Rede Globo. ‘Fomos injustiçados por um grupo de comunicação que mantém o monopólio da informação’, afirmou.
A suspeita que pesa contra a Record é de controlar duas geradoras de TV em São Paulo. A legislação impede que uma mesma pessoa controle dois canais de radiodifusão do mesmo tipo, em uma mesma cidade.
ARARAQUARA
O editorial defendeu o Grupo Record, ao descartar qualquer irregularidade e informar que a geradora do novo canal – cujo nome oficial é Rede Mulher – fica em Araraquara. Além disso, sua assessoria informou que a Record News não pertence a Edir Macedo, como a Record.
Para o diretor da ONG Intervozes, Diogo Moyses, a Record infringiu as regras do setor ao transformar uma retransmissora de sinal, em São Paulo, na geradora. ‘No editorial, a Record assumiu a irregularidade, dizendo que gera conteúdo para a Record News em São Paulo’, afirma Moyses. ‘Dizer que o canal é uma simples retransmissora é um absurdo.’ Moyses afirma, porém, que a Record não é o único grupo nessa situação. Ele cita a Rede Bandeirantes, que controla a Play TV em São Paulo. A Band, por meio de sua assessoria, afirma que os canais estão dentro da lei.
Em reportagem publicada no portal Observatório do Direito à Comunicação, Moyses diz que um dos proprietários da Rede Mulher, Marcos Antonio Pereira, é vice-presidente da Record, o que também é proibido. ‘Na prática, Edir Macedo é proprietário da Rede Mulher.’
ATAQUES
A Rede Globo afirmou, em nota, que o editorial da Record defendeu interesses ‘inconfessáveis’ e ‘é de se esperar que um grupo que lucra pela manipulação da fé religiosa queira também manipular a opinião pública’.
O Ministério das Comunicações não se pronunciou sobre o assunto.
FRASES
Edir Macedo
Dono da Record
‘Fomos injustiçados por um grupo que mantém o monopólio da informação’
Rede Globo
Nota
‘É de se esperar que um grupo que lucra pela manipulação da fé religiosa queira também manipular a opinião pública, chamando de monopólio a escolha democrática dos brasileiros’’
MERCADO EDITORIAL
Renata Cafardo
Novo livro didático é questionado
‘A coleção História – Projeto Araribá, da Editora Moderna, será o livro mais usado nas escolas públicas do País na disciplina a partir de 2008, ganhando o posto que era do polêmico Nova História Crítica até este ano. Mais de 5,6 milhões de exemplares foram comprados pelo Ministério da Educação (MEC) para turmas da 5ª à 8ª séries. O livro tem linguagem menos coloquial que o anterior e foi elaborado por um grupo de autores. Ao falar da história recente, informa que ‘o combate à fome é o principal objetivo do governo Lula’ e que ‘uma habilidosa propaganda política’ transformou Fernando Henrique no ‘pai do Real’.
O custo dos livros para o governo federal foi de R$ 25 milhões. O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do MEC, avalia novas obras e faz compras a cada três anos. Portanto, História – Projeto Araribá ficará nas escolas durante todo esse período. O processo de avaliação é feito externamente ao MEC, e os livros são escolhidos pelo próprio professor da escola pública. O governo centraliza a compra das obras (veja quadro ao lado).
O ministro da Educação, Fernando Haddad, não quis comentar ontem o livro campeão de vendas. E reclamou de ‘tentativas de querer associar a suposta ideologia do livro à gestão atual do ministério’. ‘Nenhum servidor participa da elaboração do catálogo e muito menos da escolha dos livros’, afirmou.
CARTÃO DO BOLSA FAMÍLIA
História – Projeto Araribá é uma coleção recente, de 2006, que tem uma concepção diferente, em que não apenas um único autor é responsável pelo conteúdo. O livro é ilustrado com fotos, uma delas com um outdoor da campanha do Fome Zero. Há também uma reprodução de um cartão do Bolsa-Família.
O programa do governo Lula é apresentado como motivo de discussões porque ajuda financeiramente os pobres, mas pode não atingir ‘a raiz da pobreza’. ‘Esse livro é muito diferente do outro (Nova História Crítica) e não acho que haja exageros’, diz a educadora da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello. Para ela, a coleção fala dos dois governos de maneira equilibrada.
O capítulo O Brasil na nova ordem mundial começa com a volta das eleições diretas, em 1989, e a vitória de Fernando Collor de Mello. Ao falar do governo FHC, destaca que o desemprego cresceu, mas houve um significativo aumento do número de crianças nas escolas. Diz ainda que Lula seguiu a política econômica de seu antecessor e que, no terreno político, ‘o governo foi abalado pelas denúncias de corrupção’.
‘Em história, não se pode falar de ontem’, alerta o historiador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Marco Antonio Villa. Ele critica o fato de a coleção conter um texto que ocupa duas páginas sobre o Fome Zero. ‘As bases fundamentais para a construção da análise histórica precisam de tempo. São necessários fortes documentos, história oral, entre outros, para a formação do conhecimento’, completa. Para ele, os governos FHC e Lula deveriam apenas ser rapidamente mencionados no livro.
Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) José Francisco Soares, a história é uma disciplina que pode ter diversas visões, o que a torna difícil de ser avaliada. Ele lembra que o exame internacional Pisa, realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e tido como o mais respeitado no mundo, apenas avalia leitura, matemática e ciências. ‘Não existe um acordo sobre como a história deva ser ensinada’, diz.
A Editora Moderna, que faz parte do grupo espanhol Santillana, foi a que mais vendeu livros ao governo no PNLD 2008. Foram 36,1 milhões de exemplares, de um total de 128 milhões. Também foi a campeã no programa do livro para escolas de ensino médio, com 7 milhões. O governo pagará à empresa um total de R$ 211 milhões.
Procurada, a editora informou que não se manifestaria sobre o conteúdo dos livros.
COLABOROU LISANDRA PARAGUASSÚ
TRECHOS
‘Uma habilidosa propaganda política transformou o candidato do governo, Fernando Henrique Cardoso, no pai do real’
‘O combate à fome é o principal objetivo do governo Lula’
O PROCESSO
Inscrições: Editoras que pretendem participar do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) inscrevem suas coleções no Ministério da Educação (MEC)
Universidades: Instituições federais que queiram participar do processo se apresentam como voluntárias no MEC. Cada uma fica responsável por uma disciplina. A própria universidade chama professores de várias partes do País para avaliar os livros
Avaliação: Dois professores analisam o conteúdo de cada coleção separadamente. Os livros são enviados sem capa ou qualquer outra identificação do autor ou da editora. Se há pareceres positivos, a coleção é recomendada para ser incluída no guia do livro didático, que será enviado às escolas. Em caso negativo, o material não é incluído
Guia: Cada coleção de livros recomendada é descrita no guia, com destaque para pontos fortes e fracos. Os manuais são enviados às escolas públicas do País para o período de escolha dos professores. Neste ano, havia 19 obras de História entre as opções que poderiam ser usadas em sala de aula
Escolha: Os professores optam pelo livro que pretendem usar e a informação é enviada ao MEC. O governo então faz compra para todas as escolas. Em 2007, o orçamento do PNLD foi de R$ 620 milhões ‘
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ONG critica influência de editoras na escolha
‘A ONG Ação Educativa questiona a influência das editoras na escolha dos livros didáticos pelos professores. A entidade enviou uma carta aos coordenadores do processo no MEC pedindo mudanças, como uma regulamentação mais rígida, pelo governo, das propagandas das editoras.
A ONG reclama da publicidade das empresas em revistas de educação, cujo público-alvo são os professores, no período em que eles escolhem. Em abril, uma norma proibiu as editoras de distribuírem brindes ou vantagens a professores e enviarem representantes às escolas.’
TV DIGITAL
TV Digital entrará em operação em dezembro com conversor a R$ 700
‘A TV digital começa a funcionar em escala comercial dentro de 60 dias. A partir de 2 de dezembro, apenas os moradores da Grande São Paulo vão ter disponível a nova tecnologia de transmissão de sinais de televisão. O novo sistema entra em operação quase sete anos depois das primeiras discussões sobre o assunto e com um custo diferente do que havia sido imaginado.
Só o conversor – equipamento básico que vai receber a transmissão digital em UHF e enviá-la para uma TV normal – deve custar R$ 700 ou mais para o consumidor, segundo Lourival Kiçula, presidente da Eletros, que reúne os fabricantes de produtos eletroeletrônicos, que apresentou ontem o Painel TV Digital no Brasil.
‘A produção dos componentes do conversor é pequena. A idéia é ter um equipamento mais barato possível, mas as boas surpresas devem ocorrer só após o quinto ou sexto ano de produção’, afirmou Kiçula, fazendo referência à provável queda nos preços.
Em agosto deste ano, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, chegou a dizer que o conversor chegaria ao mercado por R$ 200. Dois anos antes, ele mesmo tinha afirmado que, nos Estados Unidos, o equipamento custava cerca de US$ 30 (R$ 56) e no Brasil o preço até poderia ser menor.
Outra diferença em relação ao inicialmente previsto diz respeito a interatividade da TV digital, isto é, a possibilidade de o telespectador comprar, por exemplo, a roupa do artista da novela por meio do controle remoto da TV. ‘Essa interatividade plena deverá ser possível num segundo momento, dentro de um ano’, observou o vice-coordenador do Módulo de Mercado da TV Digital, José Marcelo Amaral.
Ele acredita que, depois da Grande São Paulo, a próxima região que terá transmissão digital será o Rio de Janeiro, no início do ano que vem, seguido por Minas Gerais e o Distrito Federal. O prazo máximo para a entrada dos demais Estados é de cerca de dois anos.
Amaral contou que todas as emissoras de TV já estão produzindo a programação normal digitalizada. O grande teste agora será a transmissão dos sinais digitais. De toda forma, ele observa que a mudança não se dará do dia para a noite. Por cerca de dez anos, os dois sinais, o analógico (atual) e o digital (novo), vão conviver. E o consumidor terá a possibilidade de escolha.
Amaral ressaltou, no entanto, que a TV digital, que será gratuita na transmissão, poderá resolver, por exemplo, um problema de fantasmas e chuviscos na imagem que hoje afeta a TV aberta. Prova disso, disse ele, só em São Paulo, boa parte dos assinantes da TV a cabo assiste a TV aberta e usa o serviço para melhorar a imagem. ‘A TV por assinatura é uma solução onerosa’, ponderou.
Para um dos coordenadores do Fórum da TV Digital, e executivo da Rede Globo, José Land, ‘a partir do dia 2 de dezembro a televisão vai entrar numa nova era’. Com objetivo de tornar esse projeto possível, começa hoje uma campanha publicitária que será exibida nas seis emissoras de TV – Cultura, SBT, Globo, Record, Rede TV e Bandeirantes – para explicar a mudança. Os fabricantes investiram cerca de R$ 1 milhão nos seis filmes publicitários feitos pela agência de publicidade interna da Rede Globo.
O executivo conta que a campanha da TV digital será exibida três vezes por dia nas seis emissoras de TV, nos períodos da manhã, tarde e noite, para, gradativamente, despertar o interesse do telespectador.
O mote da campanha é uma família de classe média brasileira. A família hipotética é a Nascimento, formada pelo pai Fernando; a mãe Claudia, os filhos André e Taís, a empregada Dolores e o vizinho Peixoto.
A intenção é, a cada filme, introduzir de forma didática a informação do que é a TV digital e de como ela irá funcionar, a partir situações específicas. Um dos filmes traz à tona a interatividade da TV digital, quando, por exemplo, a mulher diz para o marido que ele não conversa com ela, mas com a TV digital ela terá essa chance.
COMO FUNCIONARÁ A TV DIGITAL
O que é TV Digital?
É uma nova tecnologia de transmissão de sinais de televisão que proporciona melhor qualidade de imagem e som, interatividade e mobilidade
Quando começa?
A TV Digital estréia no dia 2 de dezembro, apenas na Grande São Paulo. Há um cronograma de implantação gradual ainda não definido. Depois de São Paulo, a próxima região será o Rio de Janeiro, no começo de 2008, seguido por Minas Gerais e Distrito Federal
É preciso pagar algo pela TV Digital?
Não, é gratuita
Quais equipamentos são necessários para captar os sinais?
Ter uma antena de UHF (interna ou externa) para captar os sinais, comprar um conversor digital, que vai receber a transmissão digital em UHF e enviá-la para uma TV normal. Fabricantes colocarão no mercado aparelhos com sintonizador embutido, que dispensa o conversor
Quanto custará o conversor e a TV digital com sintonizador embutido?
Fabricantes calculam que o conversor não deve sair por menos de R$ 700, muito acima do previsto pelo governo, que é na faixa de R$ 200. Quanto às TVs com sintonizador embutido, ainda não há previsão de preço
É possível ter um conversor apenas para sintonizar várias TVs?
Sim, mas, nesse caso, todos as TVs da casa estarão sintonizados no mesmo canal. Para sintonizar canais diferente, é preciso um conversor por aparelho de TV
Qual será a programação digitalizada disponível a partir de 2 de dezembro?
Todas as seis emissoras – Cultura, SBT, Globo, Record, RedeTV e Bandeirantes – terão a grade normal de programação digitalizada.
Nem toda a programação será transmitida em alta definição
A interatividade estará disponível a partir de dezembro?
Não. O Fórum que reúne indústria e fabricantes está definindo as especificações do software que irá fazer a interatividade
Todos os programas transmitidos de forma digital serão transmitidos no formato de cinema (16 por 9)?
Nem todos os programas serão transmitidos no formato de tela de cinema. Quando essa transmissão for recebida por uma TV comum, duas faixas pretas aparecerão, abaixo e acima da imagem
Quando a transmissão analógica, em funcionamento hoje, vai acabar?
Os dois sistemas vão conviver e o desligamento das transmissões analógicas será em 2016′
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Fabricantes divididos em relação aos aparelhos
‘Os fabricantes de eletroeletrônicos investiram US$ 100 milhões no desenvolvimento da tecnologia da TV digital. Apesar do investimento elevado, apenas dois dos seis fabricantes que integram o Fórum da TV digital, a Semp Toshiba e a Philips, informaram que vão colocar no mercado o conversor até dezembro. Os demais estão divididos entre fabricar a TV com o sintonizador embutido ou, pelo menos por enquanto, ficar fora desse mercado.
‘Ainda não sabemos se vamos fabricar o conversor ou a TV digital com sintonizador embutido’, disse o analista de produtos da Panasonic, Daniel Kawano. Segundo ele, essa decisão deve ser tomada pela empresa depois que a TV digital começar a funcionar em outras capitais.
A Sony é outra que está cautelosa. Segundo o gerente-comercial da empresa, Marcus Trugilho, a idéia é fabricar um tipo de receptor, que não é um conversor, e que poderá ser usado só nos televisores fabricados pela companhia, com entrada HDMI. ‘Estamos focando nossos equipamentos.’
A LG acredita que o mercado de conversores é transitório e informa que, a partir de dezembro, terá televisores com sintonizador embutido. Já a Samsung vai lançar dois modelos de TV digital com tela de LCD e sintonizador embutido no mês que vem. Os modelos são de 40 e 52 polegadas. A empresa, por enquanto, não irá fabricar conversor.
A Philips vai produzir só o conversor, que começa a ser fabricado em Manaus no fim deste mês. ‘Queremos buscar uma solução eclética para os televisores analógicos’, disse o diretor de tecnologia da companhia, Walter Duran.
A Semp Toshiba vai atuar nos dois mercados . Com os conversores, a intenção é atender cerca de 70 milhões de aparelhos em funcionamento no País que hoje utilizam a transmissão analógica. Segundo o gerente de projetos, Daniele Cardiani, a TV com sintonizador será lançada em janeiro em tela de LCD de 26 e 50 polegadas. O preço ainda não está definido.’
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Aula sobre TV digital
‘A TV digital vai doer bem mais no bolso do público do que se esperava. Em painel sobre o assunto realizado ontem, em São Paulo, representantes de fabricantes de televisores e de emissoras de TV aberta divulgaram o preço médio do conversor da TV digital: R$ 700. Vale lembrar que logo que foi marcada a data para a estréia da TV digital – dia 2 de dezembro – se falava em conversores a R$ 200, no máximo R$ 300.
Promovido pela Record, o fórum reuniu representantes de emissoras e empresas de eletroeletrônicos. Essas, por sinal, pareceram bem desinformadas sobre a tecnologia que passa a funcionar em dezembro em São Paulo. No Rio, a TV digital deve chegar só em fevereiro. Fabricantes não sabiam responder quanto deve custar em média um televisor já com a nova tecnologia. A única informação que tinham é que a venda de aparelhos de TV deve dobrar no próximo ano.
Outra novidade é o primeiro comercial sobre a TV digital. Produzido pela Central Globo de Comunicação, o filme, que visa a esclarecer o assunto, traz uma família batizada de Nascimento questionando sobre a nova tecnologia. Interatividade, que é bom, ainda é conversa para mais tarde.
Serginho, o viajante
Logo após voltar do Japão, Serginho Groisman foi a Portugal lançar a TV Globo Portugal. Thiago Lacerda, que também era um dos convidados do evento, aproveitou para passear com o apresentador pela cidade de Sintra e gravar uma matéria para o Altas Horas.
entre-linhas
O primeiro capítulo de Duas Caras registrou 40 pontos de audiência, um ponto a menos que sua antecessora, Paraíso Tropical, em sua estréia.
Assim como Paraíso, Duas Caras obteve uma das piores médias do horário. Páginas da Vida teve 50 pontos na sua estréia; Belíssima (2006), 52 pontos; América (2005), 54 pontos; Senhora do Destino (2004), 52 pontos; e Celebridade (2003), 50 pontos.
Garantia de quem assistiu à estréia de Duas Caras em alta definição, a convite da Globo: os maquiadores vão sofrer e o botox vai bombar, tamanha a riqueza de detalhes da imagem. Até as gotas de suor de Fagundes dava para ver na tela.
Já Dance, Dance, Dance estreou bem em ibope. A nova novela da Band registrou média de 5 pontos no horário, alcançando o terceiro lugar em audiência.
Por falar em Band, no domingo a rede ficou em primeiro lugar com a exibição de Brasil 0x2 Alemanha. A Band teve média de 14 pontos e pico de 18 no horário de 9h01 e 10h51. Na mesma faixa, a Globo marcou 8 pontos, e o SBT a e a Record, 5 pontos.
Em resposta ao protesto do Conselho de Nutricionistas contra o novo personagem do Zorra Total – Dra. Lorca -, a Globo diz que os programas de humor se caracterizam justamente por tratar de forma irreverente assuntos cotidianos ou que estão em evidência, como é o caso do quadro em questão.’
TELEVISÃO
‘O meu humor não ofende ninguém’
‘Tom Cavalcante desconversa, mas corre que ele é o profissional mais bem pago da Record. O fato é que ele está numa situação privilegiada com mais de três horas de programa no vídeo e desbancando o SBT da vice-liderança, marcando dez pontos de audiência no Ibope tanto no sábado quanto no domingo. Nesta entrevista exclusiva, Tom lembra do sacrifício (de dez anos) para ser admitido na TV, diz que faz humor para o povão e que, na TV, ‘o que tem valor é o retorno comercial’. E garante que não é vaidoso: ‘Adoro fazer escada para o Tiririca.’
Como você conseguiu entrar duas vezes por semana no vídeo da Record?
Acho que é por causa daquele fenômeno que leva a criança a ver cinco, dez vezes o mesmo desenho. O programa de sábado é feito de reprises e agora passa a ter uma hora e quarenta (22h30). Claro que há um bom trabalho de edição, do diretor Bruno Gomes, um jovem muito bom. Estou duas vezes no vídeo por causa do retorno comercial. A lógica é assim: se dá retorno, eles põem no ar. Na TV, é isso que tem valor. Tanto no sábado como no domingo (16h45), bato o SBT e fico em segundo lugar na audiência.
Você está ganhando mais?
Que nada, só estou trabalhando mais.
Você está co-dirigindo seu programa?
O humor exige uma relação muito própria entre diretor e humorista. Isso meio que acontecia no Zorra Total e no Sai de Baixo. Eu recebia os textos com antecedência e os revisava, não mexia com edição porque havia o professor Cassiano. Quis trazê-lo para a Record, mas ele ficou no Rio porque se acertou financeiramente com a Globo. Vim para instalar o núcleo de humor da Record e para colocar em prática tudo que aprendi com Daniel Filho e Maurício Shermann.
Você acha que a Globo não enxergou todo o seu potencial?
A maneira de a Globo trabalhar com comitês não funcionou comigo. Diziam que tinham um projeto para mim, mas eu nem sabia do que se tratava, porque não podia participar.
E que projeto era esse?
Não sei, porque apareceu a proposta da Record antes. Foi um momento de decisão.
Você não teve medo de trocar de emissora?
O medo maior foi sair de Fortaleza, largando filhos e meu trabalho no rádio, para bater na porta da Globo. Na primeira vez, saí calado, não contei para ninguém que ia tentar a sorte. Não deu certo. Na segunda vez, alardeei que ia ser artista no Rio. Os jornais deram isso na manchete, mas eu não tinha nada. Passei dez anos tentando ingressar na Escolinha do Professor Raimundo, voltava para Fortaleza na surdina para ninguém saber. Depois voltei para Fortaleza, trabalhava na rádio da meia-noite às 6 da manhã e fazia shows nas barracas da praia, quando conheci Tasso Jereissati, que me chamou para fazer comícios. Participei de grande parte dos comícios de Mário Covas para presidente. Clóvis Rossi escreveu no Estadão que havia um dublê de humorista que animava os comícios. Vim para São Paulo para fazer teste no Show de Calouros, mas me quiseram. Já havia conhecido Chico Anysio em Fortaleza, quando Fagner e o Zico (do futebol) me levaram a ele de novo. Ele me contratou para fazer redação, sem sair de lá. Mas eu ia para o Rio, fiz algumas figurações na Globo; vivia da merreca que me pagavam e com o que meu pai me mandava. Quando Chico voltou para um show em Fortaleza, um amigo me disse: mostra o bêbado pra ele. ‘Pronto, é esse o personagem que você vai fazer’, disse Chico. Em 92, entrei para a Escolinha.
Você e Chico Anysio brigaram. Hoje estão em lua-de-mel. Como vocês superaram a crise?
Chico é muito sério e apaixonado pelos que o rodeiam e eu sou uma cria dele. Quando saí da Escolinha para fazer o Sai de Baixo, ele ficou enciumado. Eu disse tchau e obrigado. O programa saiu do ar e quando voltou há uns quatro anos, me chamaram para fazer o João Canabrava para dar uma alavancada na audiência e eu fui. Ficou tudo bem. Hoje viajamos para as principais capitais com o show Chico Ponto Tom e a gente canta uma música que diz: ‘É Tom, é Chico, não tem mais fuxico.’
Qual a razão de o seu programa bater o Gugu e SS no domingo?
Pesquisas mostram que o domingo é um dia que as pessoas querem rir para agüentar a barra da segunda-feira. E acho que é isso mesmo, porque já cheguei a ganhar de futebol na Globo, isso quando o jogo é ruinzinho. Procuro estudar a concorrência e notei que a Praça da Sé é um ótimo lugar para realities shows. Monto um show e em uma tarde gravo material para três programas com a participação do público. A audiência está gostando, mas o problema é que ela é muito cíclica: muda de gosto sem a gente saber quando nem por quê.
Imitar artistas de outra emissora não é pegar carona no sucesso alheio?
Essa é uma prática em todo o mundo, a não ser que você queira imitar o formato do programa…
Não foi isso que você fez com o Qual É a Música?
Eu não, foi o diretor Vidomar Batista. A similaridade era tanta, que muita gente pensava que era o Silvio Santos. Tiramos o programa do ar antes de o SBT entrar com processo e não imitei mais o Silvio. Quando der vontade imito de novo. Já quiseram me rotular de parodiador, mas a gente mudou o programa, não fez imitações, e ainda assim ganhamos ibope.
Qual o diferença do seu humor com o que tem sido feito na TV hoje?
Faço humor para o povão. Rico vê TV a cabo e viaja no fim de semana, quem me vê é o cara que trabalhou a semana toda e só tem esse lazer. Tenho o melhor grupo de humoristas populares no palco: Tiririca, Shaolin, Pedro Manso, Falcão… E faço um humor que não ofende ninguém, não é preconceituoso. Nosso programa não explora mulher gostosa com pouca roupa, não tem piadas grosseiras, tomo muito cuidado para não haver apelação. Em 96, uma pesquisa da FGV me apontou como o artista mais popular do Brasil.
Você tirou alguns humoristas do ostracismo. É uma missão?
É, sim, porque sofri muito para ser admitido nesse meio. E também porque quero tirar o melhor desses profissionais.
Você é o artista mais bem pago da Record. Em que atividade você ganha mais dinheiro?
Já fui um dia, mas hoje não. Na verdade, sou pioneiro na Record e continuo apostando na emissora. Ganho mais dinheiro com shows, em convenções de empresas, porque são poucos que fazem isso.
É verdade que seu cachê é de R$ 100 mil?
É mais ou menos isso, mas tem muita negociação. Mas escreva que eu pago muito Imposto de Renda, faço questão de pagar para não ter problema com a polícia federal e vocês colocarem no jornal.
Qual foi a grande roubada em que você se meteu?
Quando decidi fazer show em um ginásio municipal em Natal, para 16 mil pessoas. Surgiu um grande tumulto porque as pessoas no fundo não entendiam o que eu falava. Houve protestos, briga, polícia batendo no povo. Quase que tive de sair dentro de um camburão. Devolvemos o dinheiro, mas fiquei quase cinco anos sem ir a Natal de vergonha.
Qual é o seu projeto?
Estou num momento muito feliz, porque nunca tive tanta liberdade de criação. E a emissora também está feliz porque a relação custo-benefício é muito boa em programa de humor. Chego a dar 16 pontos no Ibope a um custo muitas vezes inferior ao de um capítulo de novela. Quero estabelecer meu nome na TV, como um profissional de qualidade que traz resultado para a emissora.
Você é muito vaidoso?
Na época do Sai de Baixo, quiseram imputar a mim a fama de pessoa totalitária, de querer ser mais do que os outros. Mas não é verdade. Não tenho problema em ser escada para o Tiririca, Shaolin, adoro curtir o humor que eles fazem.’
Patrícia Villalba
Lenços para mais uma mocinha rica e indefesa
‘Os vilões continuam com tudo. Já os mocinhos e mocinhas não param de nos decepcionar. Está certo que Maria Paula, a protagonista de Duas Caras, que estreou na segunda-feira na Globo, deve ser uma herdeira ingênua o suficiente para se deixar envolver por um vigarista tão canastrão quanto Alberto (Dalton Vigh). Mas alguns tons acima, a personagem de Marjorie Estiano já deixou claro que vem por aí mais uma sofredora das boas.
Moça indefesa que vai tomar algumas atitudes erradas, cavar a própria cova e chorar aos montes, já deu para notar. Claro que vai apaixonar-se pelo cafajeste, que lá pelas tantas poderá questionar o próprio golpe, e se ver apaixonado pela presa. Em novela, a maneira como se repetem os estereótipos faz parte do show e Aguinaldo Silva é bom nisso.
Quem não se repete é o personagem de Antonio Fagundes, Juvenal Antena (onde o autor arranja esses nomes?) Faz um tipo que se aproveita da fraqueza alheia para se tornar líder comunitário, uma história boa para se contar.
Letícia Spiller parece que ressuscitou a Babalu de Quatro por Quatro, a personagem que a lançou nas novelas. Faz Eva, uma perua desmiolada que é fã de Evita Perón – as peruas quase sempre agradam.
Faltou Suzana Vieira no primeiro capítulo, que repete o nome Branca (com o qual arrebentou em Por Amor) e a parceria com Aguinaldo (de Senhora do Destino, recorde de audiência na década).
Uma novela que começou sem grandes ousadias, amparada em boas histórias, que prometem. E à moda de Gabriel Braga Nunes, que cultiva as madeixas em Caminhos do Coração (Record), só não deu para entender o corte de cabelo de Caco Ciocler (Claudius).’
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