Basta uma rápida examinada em uma banca de jornal americana para se ter a impressão que a American Media, editora responsável pelas publicações sensacionalistas National Inquirer, Globe, Star e Weekly World News, entre outras, vai muito bem das pernas. Os títulos dos periódicos, cada vez mais agressivos, diretos e cheios de pontos de exclamação, chamam a atenção dos passantes. ‘Hillary ataca amante secreta de Bill’, no Globe, ‘Farrah Fawcett: meu inferno das drogas!’, no National Inquirer, e ‘Monstro polar gigante ataca cruzeiro’, no Weekly World News, são apenas alguns exemplos.
Olhando para eles, pode-se pensar que realmente vai tudo bem. As revistas e jornais da American Media nunca produziram tanto volume de fofocas, notícias bizarras e informações inúteis sobre celebridades. Uma análise mais aprofundada, entretanto, revela que a situação não é das melhores. A editora ainda consegue vender milhões de cópias de suas publicações, mas os números estão diminuindo. O National Inquirer perdeu mais de 20% de sua circulação entre 2003 e o meio de 2005. Por outro lado, as dívidas da empresa, segundo analistas da Standard & Poor’s, aumentaram consideravelmente de um ano para cá. Para piorar, espera-se que a implantação de regras mais rígidas na medição de circulação dos veículos de comunicação piore ainda mais os números de vendas da companhia quando os novos índices forem divulgados, em junho.
Feitiço contra o feiticeiro
Para descobrir o porquê desta situação negativa, a revista britânica Economist fez uma ‘visita investigativa’ a uma banca de jornal nos EUA. Encontrou a possível resposta nas prateleiras. A American Media estaria enfrentando, diz o artigo da Economist [23/2/06], as conseqüências de sua própria genialidade em conquistar as massas. A receita de conteúdo chamativo que fazia a diferença agora é usada por outras publicações, que se parecem em gênero, número e grau. ‘Agora, meia dúzia de publicações usam pontos de exclamação em suas capas para descrever divórcios, gravidez, casos e distúrbios alimentares de um mesmo pequeno grupo de celebridades – notavelmente Jessica Simpson, Britney Spears, o casal Tom Cruise e Katie Holmes [apelidado de TomKat], Jennifer Aniston e a barriga de Angelina Jolie’, afirma o artigo. O conteúdo das revistas também é padronizado: cirurgia plástica, ‘furos’ armados por agentes e muito alarde nas supostas entrevistas ‘exclusivas’.
Por um tempo, estas publicações cresceram em resposta à pose excessiva de sucesso, glamour e perfeição das celebridades em títulos como Vogue e Vanity Fair. A demanda por elas, entretanto, parece ter sido saciada. Em breve, brinca a Economist, o número destas publicações pode exceder o número de famosos que elas estampam em suas páginas.
Para piorar a situação – sim, ainda é possível – os títulos deram início a uma competição de preços. In Touch e OK! apareceram recentemente custando US$ 1,99. As concorrentes variam em torno de US$ 3 para cima.