Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Prefeito suspenso por ofensa a repórter

O prefeito de Londres, Ken Livingstone, foi suspenso do cargo por quatro semanas em decisão tomada por um tribunal disciplinar nesta quinta-feira (23/2). Livingstone teve sua conduta questionada por comparar, há um ano, um jornalista judeu a um guarda de campo de concentração nazista.


O incidente ocorreu na saída de uma festa, em fevereiro de 2005. Irritado com o repórter Oliver Finegold, do Evening Standard, que tentava entrevistá-lo, o prefeito perguntou se ele era um criminoso de guerra alemão. Quando Finegold afirmou que era judeu e se disse ofendido pelo comentário, Livingstone o comparou a um guarda de campo de concentração. O diálogo foi gravado. O prefeito afirmou posteriormente que o jornalista foi grosseiro e ficou empurrando o gravador em seu rosto.


Cargo público


A decisão foi tomada após audiências onde foi analisado se o prefeito havia violado regras de conduta que devem ser respeitadas por funcionários que ocupam cargos públicos. Os membros do painel disciplinar classificaram o tratamento concedido por Livingstone ao repórter de ‘insensível, ofensivo e desnecessário’.


O processo foi aberto após reclamação feita pelo Centro Judaico Britânico. Livingstone poderia enfrentar penas que iam de uma simples advertência a suspensão do cargo por até cinco anos. A punição começa a vigorar em 1º de março. O prefeito pode apelar da decisão.


Livingstone – que antes de ser prefeito foi crítico de restaurantes do Evening Standard – implica com a companhia Daily Mail and General Trust, que controla o jornal e também o Daily Mail. Segundo ele, o Mail é um jornal racista. ‘Intolerância, ódio e medo fazem parte de todas as edições’, teria afirmado no ano passado. Ele também já chegou a dizer que o Evening Standard é uma publicação ‘anti-Londres’.


Comentando a sentença, a editora do Evening Standard, Veronica Wadley, afirmou que ‘não há dúvidas que [Livingstone] ofendeu muitos londrinos com seus comentários, e sua recusa teimosa em pedir desculpas agravou a situação’. Segundo ela, o comitê disciplinar considerou que Finegold não foi, em nenhum momento, hostil com o prefeito. ‘Oliver Finegold se comportou impecavelmente e foi educado o tempo inteiro em que questionava o senhor Livingstone’, completou. Com informações de Chris Tryhorn [The Guardian, 24/2/06] e Brian Lysaght [Bloomberg, 24/2/06].