As mensagens de textos enviadas por telefones celulares (SMS) ameaçam a ortografia francesa, afirma a revista britânica The Economist [22/5/08]. Em fevereiro, o presidente Nicolas Sarkozy já havia reclamado do impacto dos SMS no idioma do país. ‘Se deixarmos isto passar sem fazer nada, em poucos anos teremos problemas para entender um ao outro’, afirmou Sarkozy, na ocasião.
Grande parte dos jovens franceses tem celular e costuma se comunicar com os amigos com uma linguagem própria, recheada de abreviações. A sigla A2M1, por exemplo, quer dizer ‘à demain’ (até amanhã, em português). Já ‘eu te amo’ virou apenas JTM (‘je t´aime’). Há ainda as combinações indecifráveis para os não-íntimos do mundo das abreviaturas de celular: Ta HT 1 KDO?. Tradução: ‘T´as acheté un cadeau?’ (Você comprou um presente?, em português).
As mensagens de SMS dominaram o mundo, e o fenômeno das abreviações não é exclusivo da França. A diferença é que, para os franceses, o idioma é um emblema da identidade nacional. Já é difícil proteger o francês da invasão do inglês; seu uso é restrito a anúncios ou ao rádio e todos os slogans em inglês são obrigados a vir acompanhados de tradução em francês. Até o momento, entretanto, não há restrições quanto ao uso de mensagens SMS. Mas, para piorar os temores do presidente francês, a linguagem abreviada já vem sendo usada em algumas peças publicitárias direcionadas ao público adolescente.