Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Presidente reeleito endossa debate aberto pela imprensa

No discurso de posse que leu na segunda-feira (1/1), no Congresso Nacional, o presidente Lula não conseguiu reprimir suas magoas e/ou preconceitos e tentou alfinetar a imprensa quando disse que ‘o povo constitui a verdadeira opinião pública do país que alguns pretenderam monopolizar’.


Apesar disso, minutos depois, num improviso no parlatório, sem se dar conta, o presidente da República entrou na polêmica iniciada pelo jornalista Merval Pereira sexta-feira (29/12), no Globo, sobre a natureza da onda de violência deflagrada no Rio de Janeiro e assumiu uma posição candente: o que aconteceu e ainda acontece no Rio, disse Lula, não é banditismo, é terrorismo.


A afirmação é inédita, ousada. Mesmo durante os motins em São Paulo, nenhuma autoridade, civil ou militar, estadual ou federal, havia diagnosticado o episódio com tanta convicção e veemência.


O problema não é semântico, é político. Combater o terrorismo é atributo do Estado brasileiro: a partir de agora o governo federal não precisa esperar que os governos estaduais peçam a sua ajuda. Terrorismo é ameaça à segurança nacional. O governo terá que agir – e agir com energia – mesmo que a opção tenha sido anunciada num arroubo oratório.


Tão importante quanto este pronunciamento, porém, é o fato de que o presidente da República, no dia da sua segunda posse, aderiu a um debate antecipado pela imprensa. Para alguma coisa servem os jornais.