Marcus Brauchli, principal editor do Wall Street Journal, anunciou na terça-feira (22/4) a saída do cargo. ‘Tenho orgulho de ter participado deste time excepcionalmente talentoso. Mas agora que a transição de proprietários chegou ao fim, acredito que os novos donos do jornal devam ter um chefe de redação de sua escolha’, afirmou Brauchli em uma carta à equipe. A Dow Jones, antiga proprietária do Journal, foi comprada há quatro meses pela News Corporation, companhia do magnata de mídia Rupert Murdoch.
Não ficaram claros os termos da saída de Brauchli do comando do diário, mas é certo que ela traz uma brecha para que Murdoch comece a projetar grandes mudanças em sua estrutura. Desde a primeira oferta à Dow Jones, feita no início de 2007, o empresário não esconde seu desejo de ampliar seu império de mídia tendo o Journal como peça-chave. A News Corp lançou, no ano passado, um canal de TV de notícias financeiras.
O Journal já havia passado por algumas mudanças menores desde a concretização da compra, incluindo matérias mais curtas e destaque maior a notícias políticas e de temas como esportes e comportamento, em uma tentativa de reposicionar o diário financeiro no mercado, tornando-o rival direto do New York Times.
Brauchli continua na News Corp, como consultor. Ele estava no Journal há 20 anos, e havia assumido o posto máximo na equipe editorial do jornal há apenas um ano. O anúncio de sua saída do cargo foi feito depois de uma reunião com um comitê criado especialmente para proteger a integridade editorial do diário – a criação do comitê foi uma condição imposta pela família Bancroft para que Murdoch pudesse comprar a Dow Jones. O comitê afirmou que havia sido informado da ‘decisão da saída de Brauchli’ no início da semana. Se o jornalista fosse oficialmente demitido, seria necessária aprovação do comitê.
‘Fico feliz que ele tenha aceitado este novo papel na News Corporation e acredito que sua experiência será um grande trunfo para a companhia, especialmente na Ásia, região onde vemos significativo potencial de crescimento e de onde ele tem bastante conhecimento’, declarou Murdoch. A idéia é que Brauchli preste assessoria sobre a possibilidade de um novo canal de notícias financeiras na Ásia, entre outras funções. O jornalista já trabalhou como correspondente do Journal em Hong Kong, Xangai, Tóquio e Estocolmo. Ainda não foi escolhido o sucessor de Brauchli. Informações de Robert MacMillan [Reuters, 22/4/08].
News Corp perto de comprar o Newsday
Também na terça-feira (22/4), foi noticiado que Murdoch está bem perto de comprar o jornal nova-iorquino Newsday, que pertence à Tribune Company. A publicação, que tem circulação de 387 mil exemplares em dias de semana, estaria com problemas financeiros. O empresário teria feito uma oferta de US$ 580 milhões por ela.
A compra do Newsday colocaria Murdoch como proprietário de três dos 10 jornais com maior circulação dos EUA – ele já possui o Wall Street Journal e o New York Post. Com sede em Long Island, o jornal também abriria um novo espaço de mercado para a News Corp, liderando o setor de tablóides da região de Nova York.
Se depender dos rivais, entretanto, Murdoch não levará o Newsday. Mortimer B. Zuckerman, dono do Daily News, maior concorrente do New York Post, pretende fazer uma oferta pelo jornal na próxima semana. Representantes do grupo Observer Media, que publica o New York Observer, planejam uma reunião com a Cablevision – que havia desistido da disputa – para discutir uma oferta em conjunto. Informações de Richard Pérez-Peña e Tim Arango [The New York Times, 23/4/08].