Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Problemas estruturais da mídia

Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.


A imprensa torceu, distorceu ou procurou repetir o desempenho de 2002?


O debate sobre o comportamento da mídia nas eleições ainda terá muitos lances. Mas há um outro debate sobre o mesmo tema começado há alguns anos e que agora, mais do nunca, precisa ser reavivado.


O processo de comunicação de uma sociedade não é retilíneo, está sujeito às circunstâncias, depende dos fatos, sempre mutantes. Mas o que precisa ser discutido é a estrutura comunicativa, que os acadêmicos chamam de sistema midiático – que, em nosso caso, apresenta falhas graves.


Este Observatório vem há anos chamando a atenção para as deficiências estruturais mais gritantes. Uma delas é a concessão de rádios e TVs a parlamentares, uma das maiores aberrações de nossa democracia. A concentração da mídia em poucas empresas é outra deficiência que, em países mais desenvolvidos, já foi bastante atenuada.


Nossa mídia está concentrada empresarialmente, geograficamente e, no caso dos meios eletrônicos, não oferece alternativas, tanto na TV como no rádio. Nosso sistema público de radiodifusão é fragmentado e não consegue funcionar de forma integrada, como contrapeso ao rádio e à TV comerciais.


A questão mais complicada não é o nome que será dado a esta agenda. Complicada será a escolha do fórum em que será travado este debate. No Congresso? Mas, se o Congresso é o pivô das distorções, como confiar nele para sanear o sistema? Seria democrático entregar ao governo a tarefa de aperfeiçoar a mídia? E o que foi feito do Conselho de Comunicação Social, que se evaporou justamente no primeiro mandato do presidente Lula?


Uma coisa é certa: o debate já começou há muito tempo. Precisa continuar.