O jornalismo é um produto feito em rede, opina David Carr [The New York Times, 19/3/07]. Um repórter recebe uma pauta, entra em contato com fontes e, depois de muitos telefonemas e encontros, com alguma sorte antes do deadline, ele terá informações suficientes sobre o tema para sentar diante do computador e escrever seu artigo. Agora, um novo projeto de jornalismo colaborativo quer ampliar esta rede a fim de incluir no processo leitores e suas fontes. Trata-se do Assignment Zero, lançado nos EUA pela revista Wired em parceria com o professor Jay Rosen, da Universidade de Nova York, com o objetivo de adotar o modelo de crowdsourcing, no qual uma multidão de amadores se dispõe a escrever gratuitamente.
A idéia é aplicar ao jornalismo o mesmo modelo de open source – a abertura do código-fonte dos softwares, usada no sistema operacional Linux, no navegador Mozilla e na enciclopédia online Wikipedia. O público, desta forma, teria acesso a ferramentas para publicar seu conteúdo através de uma redação virtual, passando antes por uma edição feita por jornalistas profissionais.
Prática comunitária
Embora pareça inovador, já há outros projetos semelhantes em andamento. A Gannett, maior editora de jornais dos EUA, está transformando as redações de seus 90 diários em ‘centros de informação’, onde os leitores terão acesso às ferramentas do jornalismo e aos próprios jornalistas. ‘Crowdsourcing é incentivar as comunidades a usarem seu conhecimento logo no começo do processo jornalístico’, afirma Jennifer Carroll, vice-presidente de conteúdo para novas mídias da Gannett. Além de ser um processo transparente, com diálogo intenso entre o público e os jornalistas, o projeto é também econômico: os leitores contribuem de maneira voluntária.
Os textos produzidos pelos jornalistas-cidadãos do Assignment Zero estarão disponíveis em poucos meses no sítio do projeto. Segundo Chris Anderson, editor da Wired, alguns materiais poderão ser publicados na revista.