Onde a Globo conseguiu os documentos relativos aos depósitos feitos na campanha do senador Azeredo em 98, se o sigilo que foi quebrado refere-se a 2003 e 2004? Qualquer forma que tenha sido usada é válida? Explico: estranhei que aparecesse um documento destes, envolvendo o deputado Custódio Matos, justo quando ele foi citado como testemunha pela deputada goiana que denunciava a compra de sua filiação.
O segundo documento, referente a Abi-Ackel, surgiu quando ele foi designado relator da CPI do Mensalão. O lote maior apareceu quando o governo começou a declarar a necessidade de negociar a agenda mínima e garantias para manter a governabilidade. Para isso precisava que a oposição não ficasse em posição muito vantajosa. Era também véspera da votação sobre a convocação de José Dirceu na CPMI dos Correios. Era preciso encontrar uma moeda de troca para forçar uma negociação.
Quem está ditando este timing? O que mais está escondido?
Alguma interferência do ministro das Comunicações, que nunca perdoou o senador de tê-lo derrotado em 94? Ele talvez não tenha recebido de Marcos Valério porque preferiu vender seu mandato, cedendo a suplência a dois senhores que têm como domicílio declarado ao TRE o escritório de um advogado, porque evidentemente não residem em Minas Gerais. O primeiro suplente, sua empresa e seu irmão e sócio contribuíram com 60% do valor recebido em doação por Hélio Costa na campanha de 2002. O segundo suplente, empregado da empresa do primeiro, é o mesmo que, indicado por Hélio Costa aos Correios, foi demitido no recente escândalo. É duro, não?
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