No mais novo capítulo da guerra entre a Folha de S.Paulo e a Igreja Universal do Reino de Deus, aparentemente nenhum dos lados leva vantagem.
Para os fiéis do negócio de almas comandado pelo empresário Edir Macedo, a Folha foi desmascarada pelas reportagens da Rede Record afirmando que carros da frota do jornal foram usados no tempo da ditadura para a repressão aos opositores do regime militar. Para os fiéis leitores da Folha, as reportagens sobre os empreendimentos de Edir Macedo desmascaram uma rede de negócios suspeitos abrigados sob o manto de uma seita religiosa.
O lance mais recente mostra a Secretaria de Redação da Folha distribuindo nota para desmentir comentários veiculados pela Record dando conta da queda na circulação do jornal nos últimos dez anos. Segundo a nota da Folha, ‘as acusações feitas pela Record são falsas. A Folha não compactuou com o regime militar, nunca foi condescendente com casos de tortura e esteve à frente dos demais órgãos de comunicação na campanha pelas Diretas Já. Quando a Folha erra – como ocorreu no uso do termo `ditabranda´ – o jornal reconhece’, acrescenta a manifestação oficial distribuída a alguns órgãos de imprensa.
Roupa suja
Há muita controvérsia nas manifestações da Record, por enquanto jogando no ataque, entre as quais algumas que exigiriam estudos mais acurados para serem confirnadas, como a declaração de que a Folha vem perdendo credibilidade. Mas para confirmar ou desmentir a acusação de que a Folha colaborou com o regime militar alguns anos antes de se engajar na luta pela redemocratização, bastam depoimentos de alguns jornalistas que trabalharam no jornal naquele período.
A verdade histórica pode ser estabelecida a qualquer momento. O que fica mais difícil é limpar o estrago que a lavação de roupa suja em público deve estar produzindo na imprensa em geral. Aparentemente, os dois oponentes têm muito a perder com essa guerra. Mas o público tem muito a ganhar com esclarecimento dos fatos.