Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Reaberta investigação sobre morte de jornalista em 2003

A Procuradoria Geral da Rússia abriu inquérito criminal para investigar a misteriosa morte, em 2003, do jornalista Yuri Shchekochikhin, subeditor do jornal Novaya Gazeta em Moscou. Shchekochikhin morreu após 12 dias hospitalizado com o que os médicos definiram de ‘uma alergia aguda’. Colegas e parentes acreditam que o jornalista, de 53 anos, tenha sido envenenado por tentar expor casos de alta corrupção envolvendo membros do Serviço de Segurança Federal (antiga KGB) e da procuradoria.


Shchekochikhin trabalhava para o Novaya Gazeta desde 1996. Ele assumia pautas consideradas perigosas, como o conflito na Chechênia, o comércio de armas e o crime organizado. De 2001 até sua morte, dois anos depois, o jornalista havia escrito uma série de reportagens investigativas sobre uma loja de Moscou que seria o centro de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo membros da agência de segurança.


Como também era membro do Parlamento, Shchekochikhin tinha o privilégio de revisar documentos relacionados ao caso. Sua última matéria sobre o esquema, publicada no início de junho de 2003, descrevia o assassinato de uma testemunha-chave do caso. Duas semanas depois, o jornalista era internado com febre e dores no corpo. Diagnosticado com uma infecção respiratória aguda causada por um ‘alérgeno desconhecido’, em poucos dias ele perdeu o cabelo; sua pele começou a descascar e seus órgãos, a falhar. O alérgeno nunca foi identificado e os resultados dos testes feitos no jornalista foram classificados como ‘segredo médico’. À família e aos colegas de Shchekochikhin foi negado o acesso aos registros do hospital.


Sintomas similares


O Comitê para a Proteção dos Jornalistas [30/10/07] comemorou a decisão de reabertura do caso. ‘Nós pedimos que a procuradoria conduza uma investigação imparcial e transparente, levando em consideração o jornalismo de Shchekochikhin como o mais provável motivo [de sua morte]. Pedimos também que as autoridades competentes liberem o acesso aos exames médicos e ao atestado de óbito de Shchekochikhin a sua família e colegas’, afirmou a organização.


O jornal Kommersant afirmou esta semana, citando uma fonte não identificada, que os procuradores decidiram revisar o caso de Shchekochikhin por causa da morte, em novembro de 2006, do ex-espião russo Aleksandr Litvinenko – que foi envenenado por polônio, em Londres. Segundo a fonte do Kommersant, os sintomas de Shchekochikhin eram similares aos de Litvinenko.