O BBC World Service, serviço internacional de programas de rádio e sítios da BBC, anunciou na terça-feira (25/10) que fechará, até março de 2006, dez de suas estações de rádio em língua estrangeira, a maioria delas servindo a Europa Oriental, e irá abrir um canal de TV em árabe no Oriente Médio, em 2007.
O anúncio é um sinal de como o panorama global mudou desde a Guerra Fria, quando os países sob a proteção da União Soviética dependiam do World Service para ter acesso a informações não-censuradas. ‘Os serviços têm de evoluir, à medida que o mundo muda. Muitos destes países fazem parte agora da União Européia’, afirma Nigel Chapman, diretor do World Service. O serviço mundial da BBC é transmitido em 43 idiomas e tem uma audiência de mais de 149 milhões de ouvintes e mais de 20 milhões de usuários únicos por mês em seus sítios, de acordo com dados da companhia britânica.
TV árabe
O novo empreendimento de TV em árabe irá funcionar por 12 horas diariamente no Oriente Médio, de graça para quem tiver satélite ou conexão a cabo. Com isso, a BBC torna-se a única empresa internacional a oferecer notícias em árabe em três mídias: televisão, rádio e internet.
Esta não é a primeira iniciativa da companhia no Oriente Médio. Nos anos 90, a emissora juntou-se à empresa de mídia saudita Orbit e lançou um serviço em árabe, que faliu em 1996 devido a disputas entre as duas partes sobre o controle editorial. No mesmo ano, foi lançada a rede árabe do Catar al-Jazira, que recrutou muitos profissionais que trabalhavam para a BBC na região. Por sua vez, a al-Jazira planeja lançar um canal de notícias em inglês no ano que vem.
Hosam el-Sokkari, chefe do serviço árabe da BBC, afirmou que não há motivações políticas por trás do novo canal. ‘Ele vai estar lá para informar, educar e entreter, não para tomar parte do processo político’, afirmou. O novo serviço de TV custará cerca de US$ 34 milhões por ano, dinheiro que virá do governo britânico – que deverá gastar US$ 426.5 milhões este ano no World Service.
A BBC afirmou que 218 empregos devem ser cortados nos serviços de rádio em língua estrangeira, mas espera criar 201 postos no canal árabe e em outros projetos. O secretário geral do Sindicato Nacional dos Jornalistas Britânicos (NUJ), Jeremy Dear, condenou os cortes. Informações de Sarah Lyall [The New York Times, 26/10/05] e da BBC News [25/10/05].