Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************
Segunda-feira, 20 de agosto de 2007
LÍNGUA PORTUGUESA
Brasil se prepara para reforma ortográfica
‘O fim do trema está decretado desde dezembro do ano passado. Os dois pontos que ficam em cima da letra u sobrevivem no corredor da morte à espera de seus algozes. Enquanto isso, continuam fazendo dos desatentos suas vítimas, que se esquecem de colocá-los em palavras como freqüente e lingüiça e, assim, perdem pontos em provas e concursos.
O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y (veja quadro). As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa -uma população estimada hoje em 230 milhões- e têm como objetivo aproximar essas culturas.
Não há um dia marcado para que as mudanças ocorram -especialistas estimam que seja necessário um período de dois anos para a sociedade se acostumar. Mas a previsão é que a modificação comece em 2008.
O Ministério da Educação prepara a próxima licitação dos livros didáticos, que deve ocorrer em dezembro, pedindo a nova ortografia. ‘Esse edital, para os livros que serão usados em 2009, deve ser fechado com as novas regras’, afirma o assessor especial do MEC, Carlos Alberto Xavier.
É pela sala de aula que a mudança deve mesmo começar, afirma o embaixador Lauro Moreira, representante brasileiro na CPLP (Comissão de Países de Língua Portuguesa). ‘Não tenho dúvida de que, quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará. Levará um tempo para que as pessoas se acostumem com a nova grafia, como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos poucos.’
Tecnicamente, diz Moreira, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia ser vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro.
António Ilharco, assessor da CPLP, lembra que é preciso um processo de convergência para que a grafia atual se unifique com a nova. ‘Não se pode esperar resultados imediatos.’
A nova ortografia deveria começar, também, nos outros cinco países que falam português (Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste). Mas eles ainda não ratificaram o acordo.
‘O problema é Portugal, que está hesitante. Do jeito que está, o Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia se torna mais simples, mas não cumpre o objetivo inicial de padronizar a língua’, diz Moreira.
‘Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido’, afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.
Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. ‘Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa’, afirma.’
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Colégio trocará livros didáticos em até 2 anos
‘Colégios particulares de São Paulo já estão se preparando para a reforma ortográfica. As 165 escolas associadas da rede Pueri Domus, por exemplo, terão, em até dois anos, todo o material didático adequado às novas regras.
Na Fuvest, o maior vestibular do país, não há data definida para a aplicação das regras. Na editora Sextante, a nova ortografia passará a ser incorporada aos novos livros e aos títulos do catálogo à medida que forem, respectivamente, lançados e reimpressos. Já a Companhia das Letras e a Nova Fronteira informaram que ainda não definiram de que forma farão as alterações.
Antonio Carlos Sartini, superintendente do Museu da Língua Portuguesa, também aguarda o início da nova ortografia. ‘Estaremos atentos e iremos observar e analisar todas as mudanças.’’
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O que muda
‘Entre 0,5% e 2% do vocabulário brasileiro será alterado com as mudanças
HÍFEN
Não se usará mais:
1. quando o segundo elemento começa com s ou r, devendo estas consoantes ser duplicadas, como em ‘antirreligioso’, ‘antissemita’, ‘contrarregra’, ‘infrassom’. Exceção: será mantido o hífen quando os prefixos terminam com r -ou seja, ‘hiper-’, ‘inter-’ e ‘super-’- como em ‘hiper-requintado’, ‘inter-resistente’ e ‘super-revista’
2. quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com uma vogal diferente. Exemplos: ‘extraescolar’, ‘aeroespacial’, ‘autoestrada’
TREMA
Deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados
ACENTO DIFERENCIAL
Não se usará mais para diferenciar:
1. ‘pára’ (flexão do verbo parar) de ‘para’ (preposição)
2. ‘péla’ (flexão do verbo pelar) de ‘pela’ (combinação da preposição com o artigo)
3. ‘pólo’ (substantivo) de ‘polo’ (combinação antiga e popular de ‘por’ e ‘lo’)
4. ‘pélo’ (flexão do verbo pelar), ‘pêlo’ (substantivo) e ‘pelo’ (combinação da preposição com o artigo)
5. ‘pêra’ (substantivo – fruta), ‘péra’ (substantivo arcaico – pedra) e ‘pera’ (preposição arcaica)
ALFABETO
Passará a ter 26 letras, ao incorporar as letras ‘k’, ‘w’ e ‘y’
ACENTO CIRCUNFLEXO
Não se usará mais:
1. nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos ‘crer’, ‘dar’, ‘ler’, ‘ver’ e seus derivados. A grafia correta será ‘creem’, ‘deem’, ‘leem’ e ‘veem’
2. em palavras terminados em hiato ‘oo’, como ‘enjôo’ ou ‘vôo’ -que se tornam ‘enjoo’ e ‘voo’
ACENTO AGUDO
Não se usará mais:
1. nos ditongos abertos ‘ei’ e ‘oi’ de palavras paroxítonas, como ‘assembléia’, ‘idéia’, ‘heróica’ e ‘jibóia’
2. nas palavras paroxítonas, com ‘i’ e ‘u’ tônicos, quando precedidos de ditongo. Exemplos: ‘feiúra’ e ‘baiúca’ passam a ser grafadas ‘feiura’ e ‘baiuca’
3. nas formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com ‘u’ tônico precedido de ‘g’ ou ‘q’ e seguido de ‘e’ ou ‘i’. Com isso, algumas poucas formas de verbos, como averigúe (averiguar), apazigúe (apaziguar) e argúem (arg(ü/u)ir), passam a ser grafadas averigue, apazigue, arguem
GRAFIA
No português lusitano:
1. desaparecerão o ‘c’ e o ‘p’ de palavras em que essas letras não são pronunciadas, como ‘acção’, ‘acto’, ‘adopção’, ‘óptimo’ -que se tornam ‘ação’, ‘ato’, ‘adoção’ e ‘ótimo’
2. será eliminado o ‘h’ de palavras como ‘herva’ e ‘húmido’, que serão grafadas como no Brasil -’erva’ e ‘úmido’’
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Para escritores, trabalho será do revisor
‘‘O Chico achou ótima a ideia, porém prefere permanecer tranquilo nas férias.’ Foi essa a resposta bem-humorada do assessor de imprensa de Chico Buarque, Mário Canivello, ao pedido de entrevista da Folha sobre a nova ortografia. Em férias, o cantor e escritor não pode responder o que acha das mudanças, mas seu assessor já pratica as novas regras. ‘Idéia’ sem acento e ‘tranqüilo’ sem trema serão cada vez mais comuns nos próximos anos.
Quem poderia se beneficiar com as alterações é o escritor e colunista da Folha Ruy Castro. Registrado com um y no nome, ele conta que passou a vida sendo vítima dos legalistas, para quem a letra não existia. ‘Para eles, Ruy deveria ser Rui. Pelo menos nisso, para mim, a nova reforma será ótima. Ela garante o meu direito ao y, e, assim, os antigos legalistas podem ir lamber sabão… e, como são legalistas, terão de se curvar à nova ortografia.’
O escritor diz que sempre se orgulhou de respeitar as regras da língua, mas que tudo tem um limite. ‘Em criança, fui ensinado a escrever ‘tôda’ porque havia um pássaro, que nunca vi mais gordo, chamado ‘toda’. Depois, aboliram o circunflexo em ‘toda’ e mandaram o tal pássaro passear. E assim fizeram com todos os acentos diferenciais’, conta. ‘Adaptei-me facilmente àquela nova ortografia e até hoje venho utilizando-a com razoável eficiência. Mas, agora, chega. Já passei da idade de reaprender a escrever. Vou seguir usando a ortografia vigente no dia de hoje e, no futuro, se quiser, o computador que me corrija.’
O computador ou os revisores das editoras. Serão eles que também farão as correções dos novos livros de Marçal Aquino e Luiz Ruffato, por exemplo. ‘Fui revisor em jornal e sempre gostei muito da língua. Como todo brasileiro, porém, não sou grande conhecedor das regras. Me preocupo mais, por exemplo, em evitar palavras repetidas porque sempre há a figura do revisor’, diz Marçal, autor de ‘Cabeça a Prêmio’.
Ele afirma que acha bem-vindo tudo o que for para simplificar a grafia. Já Ruffato diz não ser contra nem a favor. ‘Tem coisas mais urgentes para serem resolvidas, como uma melhor relação cultural com os países lusófonos. Mal conhecemos os países da África que falam português.’ O escritor de ‘Eles Eram Muitos Cavalos’ afirma que vai continuar redigindo seus livros do mesmo jeito. ‘O trabalho será mesmo dos revisores.’’
Pasquale Cipro Neto
O custo supera o benefício
‘A IDÉIA DE UMA ortografia igual para todos os (hoje oito) países lusófonos é sustentada por este argumento, apresentado pelo grande Antônio Houaiss (o pai brasileiro do ‘Acordo’) no ‘Breve Histórico da Língua e da Ortografia Portuguesa’: ‘A existência de duas grafias oficiais da língua acarreta problemas na redação de documentos em tratações internacionais e na publicação de obras de interesse público’. Sim, isso é fato.
Um sueco que queira estudar português pode ficar em dúvida entre ‘adoptar’ (Portugal) e ‘adotar’ (Brasil), por exemplo.
Nesse caso, o ‘Acordo’ abrasileira a grafia, o que desagrada aos portugueses, habituados (há décadas) ao ‘p’ e ao ‘c’ ‘mudos’ de diversas palavras.
E como faria o sueco se tivesse de optar entre ‘cômodo’ (Brasil) ou ‘cómodo’ (Portugal)? Jogaria uma moedinha para o alto, visto que, nesse e em muitos outros casos, o projeto de unificação não unifica…
Mas o ‘Acordo’ não se limita a ‘uniformizar’ a grafia: aproveita a ocasião para estabelecer outras alterações no sistema ortográfico. A mais marcante talvez seja a que dispõe sobre o emprego do hífen. O que hoje é muito ruim muda para… Para igual ou pior. A mudança nos diferenciais de tonicidade é outro ponto negativo. Na ânsia de eliminar acentos mais que inúteis, como o de ‘pêra’ e ‘pólo’, elimina-se também o de ‘pára’ (verbo), mais que essencial. Some-se a tudo isso o desconforto da inevitável convivência -por um longo período- com duas grafias (a ‘nova’, que seria vista nos jornais e revistas, por exemplo, e a ‘velha’, que estaria diante de nós nos livros, enciclopédias etc.) e se chega à conclusão de que o custo supera os benefícios. Quem viveu a reforma de 1971 sabe bem do que estou falando. É isso.
PASQUALE CIPRO NETO é autor de livros didáticos e apresentador e idealizador do ‘Nossa Língua Portuguesa’, da Rádio e TV Cultura.’
Mauro Villar
Separados pela mesma língua
‘VOCÊ SE SENTE confortável por não ter de escrever christallino, phantasma, theísmo? Pois foi uma simplificação da ortografia, na década de 1910, que fez que passássemos a escrever tais palavras como agora o fazemos.
A ortografia é uma convenção, mas somos a única língua no mundo com dois cânones oficiais ortográficos, um europeu e um brasileiro. O árabe é a língua de 250 milhões de pessoas em 21 países do mundo. Claro que elas não se expressam no mesmo árabe. Mas a língua oficial dos meios de comunicação de massa em todo o mundo árabe é escrita do mesmo jeito (o árabe moderno unificado ou comum), compreensível em todos os países islamitas ou onde o árabe seja falado. O espanhol é usado por cerca de 450 milhões de pessoas em 19 países.
Quarta língua mais falada do mundo, são inúmeras as suas variantes, mas aqueles que a utilizam seguem um padrão escrito comum, uniforme: só há uma forma oficial de grafá-la. O francês é língua de 125 milhões de pessoas na Europa, África, América Central e Oceania. É língua de 26 países. Sua ortografia complicada e arcaizante é baseada na grafia legal do francês medieval, codificado no século 17 pela Academia Francesa. É extensa a lista das suas variedades dialetais, mas só há uma forma de escrever o francês padrão em todo o mundo. É o caso também do inglês, primeira língua de 1 bilhão de pessoas: seu padrão ortográfico é basicamente o mesmo para todos, com pequenas divergências. Por que Portugal e Brasil seriam dois países separados pela mesma língua, quando outras línguas do mundo com muito maiores óbices resolveram seu problema ortográfico?
MAURO VILLAR é co-autor do ‘Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa’ e diretor do Instituto Houaiss de Lexicografia.’
MÍDIA & POLÍTICA
Lula, o Pom-Pom e o cansaço
‘SÃO PAULO – A política brasileira no segundo mandato acomodou-se em dois pólos, mais complementares do que antagônicos. O primeiro é o PL -ou Partido do Lula, em que coabitam, acotovelando-se, 11 partidos, unidos pela causa comum da fisiologia, além do que restou de movimentos sociais e sindicalismo.
O outro pólo é o do Partido da Oposição Mais ou Menos, que podemos batizar de Pom-Pom, mais sugestivo. O Pom-Pom abriga basicamente o que o moinho do PL não tragou: os tucanos, que lhe definem o caráter equívoco (nem isso nem aquilo), e os Democratas, que vêm a reboque, mais estridentes, sem força própria para se desgarrar.
Entre o PL e o Pom-Pom há mais conveniências e pontos em comum do que divergências de fundo. Se a economia internacional deixar, irão todos nessa toada cordial e cautelosa até as eleições de 2008.
Vive-se no país uma situação de convergência no marasmo, em que os conflitos sociais parecem ter sido anestesiados por Lula, o gestor insuperável da miséria. O Pom-Pom não sabe o que propor de diferente.
A despeito disso, à margem dos partidos há uma novidade política regressiva em curso. O ‘Cansei’ traduz uma insatisfação difusa contra o governo -ou será contra a figura do presidente, nordestino, de origem pobre, pouco letrado?
Trata-se de um movimento de direita tosco e provinciano, liderado por uma espécie de lúmpen da elite paulistana. João Dória Jr. inventou para si um intermezzo ‘cívico’, entre a temporada de verão, quando funciona como camelô da mercadoria alheia em resorts na Bahia, e a de inverno, quando promove concursos de cachorro de madame em Campos do Jordão.
Em um mês, o ‘Cansei’ fez saudações ao Exército, patrocinou patriotadas, mobilizou a ira dos pequenos proprietários, produziu uma gafe sintomática de preconceito contra o Piauí e invocou até o Todo-Poderoso: ‘Deus está cansado’, disse o padre das celebridades. O que a ‘Caras’ está esperando?’
Mônica Bergamo
‘Zezé é Zezé. Eu sou eu’
‘O cantor Luciano recusou convite para entrar no ‘Cansei’. O irmão dele, Zezé Di Camargo, aderiu, mas ainda assim Luciano diz que a manifestação é oportunista e que agora vai ‘lançar o movimento ‘Caguei’.
FOLHA – Por que não aderiu ao ‘Cansei’?
LUCIANO CAMARGO – Como é que eu vou apoiar um movimento liderado por alguém que promove desfile de cachorros [o empresário João Doria]? Essas pessoas cansaram de quê? Os artistas só estão aderindo porque foram convidados por amigos. A maioria não tem coragem de dizer não. Eu tenho. Este é mais um movimento oportunista. As pessoas que estão nesse movimento não cansaram de coisa nenhuma.
FOLHA – O Zezé aderiu.
LUCIANO – O Zezé é o Zezé, eu sou eu.
FOLHA – Você já disse que se arrepende de ter apoiado o candidato Lula na eleição.
LUCIANO – Eu não me arrependo. Eu me decepcionei. Mas nem acho que o ‘Cansei’ é para derrubar o Lula. Aquilo ali [Lula] nem com reza brava cai. Mas o ‘Cansei’ tem uma classe elitista por trás, que nunca pegou fila para entrar num avião. É um movimento político. Estavam só esperando um momento oportuno para lançar. Protesto é ir para a frente do prédio da TAM. Eu cansei desse ‘Cansei’. Vou lançar o ‘Caguei’. Caguei para o ‘Cansei’.’
Andréa Michael
Lula quer ‘lei da mordaça’ da PF mais rígida
‘O maior programa de segurança pública financiado com verbas federais, que será anunciado hoje pelo presidente Lula, prevê mudança na legislação para permitir a demissão do policial federal que se manifestar sobre investigações de que esteja participando.
A modificação da lei em vigor, que é de 1965, está entre as 94 ações do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), pacote que terá R$ 6,7 bilhões em investimentos com verbas federais nos próximos quatro anos.
O anteprojeto foi incluído no pacote de segurança porque institui um regime disciplinar mais duro e ágil para os policiais federais, com o objetivo de ampliar também as ações de combate à corrupção policial -pune com demissão, por exemplo, o servidor que omitir intencionalmente ‘bens ou valores’ em declaração que apresentar à PF.
Atualmente, divulgar dados de investigações é considerado falha ‘grave’, punível com suspensão de até 90 dias.
O anteprojeto, encaminhado pelo Ministério da Justiça à Casa Civil em julho, institui penas mínimas e prevê três condutas relacionadas a vazamento de informações.
Se divulgar ou proporcionar a divulgação de ‘fatos ocorridos na repartição’, o policial poderá ser suspenso por um prazo de 31 a 59 dias.
Se o policial divulgar ou proporcionar a divulgação de documentos oficiais, ainda que não tenham caráter reservado, a pena vai de 40 a 60 dias.
Já ‘manifestar-se sobre investigação que esteja sob sua responsabilidade ou que dela participe ou tenha conhecimento, sem estar autorizado’ pode sujeitar o servidor a suspensão entre 20 e 30 dias.
Demissão
Mas se, em razão dessa manifestação, o policial provocar algum prejuízo à investigação ou expor a instituição (o que isso significa não é detalhado no texto do anteprojeto), o policial poderá ser demitido, depois de submetido a sindicância e a processo disciplinar.
O ministro Tarso Genro (Justiça) tem sistematicamente criticado vazamento de dados de investigações criminais.
Seu alvo mais recente tem sido a divulgação, ainda que pontual, de informações relativas ao laudo no qual o Instituto Nacional de Criminalística irá comunicar o Conselho de Ética do Senado se o presidente da Casa, Renan Calheiros, teve ou não receita suficiente para pagar, nos três últimos anos, pensão alimentícia e despesas de uma filha que teve com a jornalista Mônica Veloso.
Na semana passada, Tarso disse que irá buscar informações no INC acerca do vazamento de dados sobre o laudo.
Escutas
O ministro também retomou o polêmico debate sobre a reformulação da lei que disciplina o uso de escutas telefônicas, que é de 1996.
A idéia, apresentada em 2003 pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, foi sepultada porque o texto do anteprojeto elaborado na época enquadrava como crime a divulgação, por jornalistas, do conteúdo das escutas, que em regra é protegido por sigilo de Justiça. Por determinação do ministro, quando retomado o debate acerca da nova lei, foi suprimida a criminalização da conduta de jornalistas que eventualmente divulgassem o conteúdo dos diálogos.
O texto do anteprojeto, que deve ficar pronto para ser enviado ao Congresso em setembro, deverá disciplinar também o uso de escutas ambientais.’
MÍDIA & RELIGIÃO
Casal Renascer aparece em telão e diz sofrer martírio
‘A bispa Sonia Hernandes aparece chorando, toda vestida de preto, nos três telões instalados na sede da Igreja Renascer em Cristo, em São Paulo.
Ela fala diretamente dos EUA, dois dias após a Justiça norte-americana condená-la a 140 dias de reclusão, mais cinco meses de prisão domiciliar. Os cerca de 1.700 fiéis batem palmas, mas não gritam palavras de ordem como ‘bispa, eu te amo’, que ressoou durante a Marcha para Jesus, em junho.
Sonia está com a voz embargada e passa o microfone para o marido, o apóstolo Estevam Hernandes, condenado a igual pena e pelo mesmo crime: conspiração para contrabando de dinheiro e contrabando de dinheiro. São 11h10 de ontem.
O apóstolo fala por uma hora e meia. Não dialoga com o público e é difícil dizer (nem a organização da igreja confirma ou desmente) se entrou ao vivo ou se foi uma gravação.
Hernandes pede aos fiéis que ajudem a manter a igreja (não fala em dízimo ou doações), compara o processo judicial nos EUA com a perseguição a Jesus Cristo, sugere que sua prisão fará aumentar o número de seguidores da Renascer, tal como aconteceu com os primeiros cristãos depois da prisão de São Paulo, e repete que deixou a carreira de executivo de sucesso, a pedido de Deus, para fundar uma igreja.
‘Estamos sendo martirizados. Se não fosse o apóstolo Estevam e a bispa Sonia, a sentença do juiz seria diferente.’
Os fiéis aplaudem, alguns choram. Mas ninguém, nem os funcionários do templo, ostenta camisetas com frases de apoio aos fundadores.
Sonia volta ao telão e reforça as palavras do marido, chorando: ‘Estamos sendo martirizados para que vocês sejam abençoados’. Estevam diz que está preso porque Deus quer que ele converta os presos dos EUA. E anuncia que vai escrever um livro sobre o tempo na cadeia.
Antes de terminar sua pregação, alerta os fiéis para que não acreditem na mídia – ‘urubus’, define ele- porque ela pode estar guiada pelo demônio. Hoje, ao meio-dia dos EUA, Estevam começa a cumprir sua pena. Quando o apóstolo sair da prisão, a bispa vai para a cadeia. Sonia diz que continuará pregando via telões enquanto estiver em casa.
No Brasil
O casal é acusado pelo Ministério Público de São Paulo de lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica.
Foragidos desde o final de novembro de 2006, obtiveram uma liminar revogando o pedido de prisão preventiva. Eles viajaram para os Estados Unidos no dia 9 de janeiro deste ano. Foram presos ao chegar ao país por declarar que não carregavam mais de US$ 10 mil. Eles portavam US$ 56 mil.
Antes da aparição do casal Hernandes, o deputado estadual e bispo José Bruno (DEM), que responde provisoriamente pela Renascer no Brasil, guiou o culto. Ele anunciou o dia de ontem como um dos mais tristes da igreja. Leu testemunhos de fiéis, como o de uma menina que doara o primeiro salário à Renascer após conseguir emprego, e de uma mulher que comprou um carro importado. Depois, abençoou o dízimo. Que pode ser pago com cartão de débito.’
TODA MÍDIA
À espera do mercado
‘O site MarketWatch deu na manchete que a semana é de ‘Manufaturados vs. imóveis’. Os EUA divulgam dados de ambos ao mesmo tempo e com tendências opostas. O site não arrisca a reação dos mercados.
Já a Dow Jones e um estrategista do JP Morgan, no ‘Financial Times’, indicaram boas perspectivas aos emergentes. Para a agência, ‘a chave é diferenciar os mais e menos vinculados aos EUA’, bom para o Brasil. No segundo, ‘o impacto dos problemas dos EUA nos emergentes será limitado’ -e o investidor ‘deveria comprar posições nas Filipinas, na China, no Brasil’.
Já Jonathan Wheatley e Richard Lapper, no site do ‘FT’, perguntam se ‘o contágio está de volta’ à região. Argentina e Venezuela foram mais atingidos semana passada, mas a alta do real, que serviu de anteparo à inflação até agora, soa ‘um sinal de alerta’ no Brasil.
DO FUTEBOL AO ETANOL
Larry Rohter, ex-correspondente do ‘New York Times’, falou ao jornal ‘O Estado de S. Paulo’ sobre a experiência, avisou que escreve um livro e vaticinou que ‘a época da cobertura exótica, do tipo futebol-praia-samba, passou’ -e que agora ‘o enfoque em relação ao Brasil é o etanol’.
Vale para o novo correspondente do ‘NYT’, que vem da área de commodities em Chicago, e para Mark Margolis, da ‘Newsweek’, que escreveu ontem sobre como a Cosan, gigante brasileira da área de etanol, com ‘nervos fortes e talvez um pouco de loucura’, se lançou em Wall Street no meio da crise global, quinta. E saiu ‘US$ 1 bi mais rica’.
ÁRVORES VS. CANA
Deu na ‘Science’ e ecoou por ‘Le Monde’, ‘Guardian’ e outros, no final de semana, artigo sob o título ‘Mitigar [a emissão de] carbono com biocombustíveis ou salvando e restaurando as florestas?’.
A idéia é que até o etanol de cana, defendido pelo Brasil, perde para o reflorestamento no respeito ao meio ambiente.
COLÔMBIA, PERU ETC.
Mas prossegue o avanço. O ‘Houston Chronicle’ reporta desde o Peru e a Reuters, desde a Colômbia, mais e mais terras voltadas à cana nos dois países e outros como Jamaica, El Salvador e a Costa Rica -estes também usados pelo Brasil para tornar açúcar em álcool e exportar aos EUA.
MÁQUINAS NO CAMPO
Também a agência católica de notícias CNS, sediada nos EUA, abordou etanol, mas do ponto de vista de seu impacto sobre as vagas de trabalho.
Em despacho enviado de Dourados, no Mato Grosso do Sul, sublinhou que em cinco anos ‘a área que hoje emprega 2.000 para colher cana estará empregando quatro ou cinco para operar o maquinário’.
PETROBRAS EM 2020
E o ‘Financial Times’ deu os planos do ‘grupo estatal brasileiro’ Petrobras para ‘se tornar uma das maiores companhias integradas de energia do mundo até 2020’. São os investimentos de US$ 100 bilhões anunciados para petróleo, gás, biocombustível.
FIDEL E A FOFOCA
Saiu no Perez Hilton, o blog de celebridades de Mario Lavandeira, ele que é natural de Miami, ‘Castro está morto??’. E ontem, durante seu programa de rádio e TV, Hugo Chávez respondeu, com eco nas agências, que ‘na internet estão circulando rumores de que Fidel morreu’, mas ele ‘está produzindo, está escrevendo’, não, Castro não está morto
MENSALÃO, O PLACAR
A blogosfera brasiliense se volta ao placar do Supremo sobre a denúncia do mensalão, na quarta que vem. Josias de Souza postou que o relator Joaquim Barbosa disse ‘em diálogo privado’ que vai votar em favor do ‘recebimento’. Kennedy Alencar, que a presidente Ellen Gracie já faz ‘debate prévio’ e informal entre os ministros. E Helena Chagas, que o Palácio do Planalto ‘vai fazer o modelito não estou nem aí’ -e já ‘considera provável’ a aceitação.’
HQ
Série traz HQs criadas por cineastas
‘Não é de hoje que histórias em quadrinhos e cinemas interagem e personagens pulam de uma mídia para a outra, como Batman, Homem-Aranha e Superman. Agora, a mão se inverte e cineastas estão levando suas idéias para as HQs.
Esse é o mote de ‘Versão do Diretor’, série da editora Virgin Comics, que estréia no Brasil com os títulos ‘7 Irmãos’ e ‘Mulher-Serpente’.
Os dois diretores que dão o pontapé inicial no projeto são o chinês John Woo (de ‘Missão Impossível 2’ e ‘A Outra Face’) e o indiano Shekhar Kapur (‘Elizabeth’). O objetivo não é adaptar filmes para HQs, mas criar histórias especialmente para esta mídia.
Para a criação, Woo e Kapur contaram com ajuda de artistas do meio. Assim, o roteirista Garth Ennis e o ilustrador Jeevan Kang trabalharam sobre o conceito de Woo para ‘7 Irmãos’, assim como Zeb Wells (texto) e Michael Gaydos (arte) deram forma final ao conceito de Kapur para ‘Mulher-Serpente’. Em ambas as histórias, lançadas aqui como minisséries em duas edições, há aventura e fantasia, além de mistérios que têm origem na Ásia de séculos atrás.
A criação de Woo, ‘7 Irmãos’, começa com as grandes navegações realizadas pela China no século 15. Naquela época, havia um feiticeiro chamado Filho do Inferno. Ele foi contido, mas não definitivamente, e ressurge no século 21. O algoz do Filho do Inferno não está mais vivo, mas ele teve filhos em todos os continentes e seus descendentes são reunidos para terminar o trabalho que ele começou.
Já ‘Mulher-Serpente’ traz a história de uma bela garçonete que passa a ser perseguida por um culto oriental que quer assassiná-la. O motivo dessa caçada humana remonta a outras encarnações e envolve a fábula indiana do combate entre a serpente e o mangusto (espécie de pequeno mamífero).
Curiosidade: foi lançada há três semanas, nos Estados Unidos, outra HQ que tem ligação com o cinema: ‘Voodoo Child’, minissérie em seis partes criada por Nicolas Cage e seu filho Weston, de 16 anos.
A interação entre cinema e histórias em quadrinhos é antiga e forte. Não estranhe, então, se ‘7 Irmãos’, ‘Mulher-Serpente’ ou ‘Voodoo Child’ forem adaptadas para o cinema em um futuro próximo.
7 IRMÃOS
Autores: John Woo, Garth Ennis e Jeevan Kang
Editora: Panini
Quanto: R$ 5,50 (48 páginas)
MULHER-SERPENTE
Autores: Shekhar Kapur, Zeb Wells e Michael Gaydos
Editora: Panini
Quanto: R$ 5,50 (48 páginas)’
TELEVISÃO
‘Paraíso’ decola, mas será 2ª pior no Ibope
‘A novela ‘Paraíso Tropical’ finalmente decolou no Ibope da Grande São Paulo. Desde julho, suas médias semanais têm sido superiores a 45 pontos -o trilho considerado ideal pela Globo para o horário.
A trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, no entanto, vai entrar para a história como a segunda pior audiência das 21h na década. Até a semana passada, acumulava média de 41,9 pontos, só superior a ‘Esperança’ (2002), que fechou com 38. Dificilmente alcançará ‘Laços de Família’ (2000), que, com 44,2, era penúltima no ranking. A campeã da década é ‘Senhora do Destino’ (2004/ 05), com 50,4 pontos.
A média final de ‘Paraíso Tropical’ será prejudicada pelo mau começo da novela. Em março, registrou apenas 37 pontos. Em maio, já dava 43. Neste mês, sua média é de 47.
Ricardo Linhares admite que a equipe de ‘Paraíso Tropical’ passou por momentos de muita tensão: ‘Houve desconfiança inicial à novela. Talvez porque tenha vindo com muita crueldade nos vilões. A Bebel [Camila Pitanga] foi importante para conquistar o público e humanizar o Olavo [Wagner Moura]’.
‘Paraíso Tropical’ enfrenta resistência de parte do público mais pobre e mais jovem. Só 20% de seus telespectadores são das classes D e E. ‘Páginas da Vida’ tinha 23% de penetração nesse segmento e 46% na classe C -dois pontos percentuais a mais do que ‘Paraíso’.
COBERTURA 1 A Telefônica fechou acordo com as Organizações Globo e irá distribuir por sua operadora de TV paga via satélite o sinal aberto da TV Globo e os canais da Globosat (Telecine, SporTV, GNT, Globo News, Multishow).
COBERTURA 2 O acordo impulsiona a recém-lançada Telefônica TV Digital, que poderá competir com os mesmos conteúdos da Net e da Sky, que têm participação acionária da Globo.
COBERTURA 3 Depois da Sky, a Telefônica é a primeira operadora via satélite a ter TV Globo. Isso foi possível porque a Telefônica atua só em São Paulo e se irá carregar todas as afiliadas da Globo no Estado -o assinante de Ribeirão Preto, por exemplo, receberá só o sinal da Globo local.
BAILE As atrizes Angela Dip (Ex-’Terça Insana’) e Clarisse Abujamra fecharam com a Band e estarão no elenco de ‘Dance, Dance, Dance’, próxima novela da emissora. Vera Zimmermann e o português Angélico Vieira também estarão na produção inspirada em filmes como ‘Flashdance’ e ‘High School Musical’.
RESERVA A Globo escalou um elenco de novela das oito para ‘Milagre do Amor’, que terá a missão de recuperar a audiência das 18h. Lima Duarte, Eva Wilma, Nívea Maria, Pedro Paulo Rangel, Othon Bastos, Cláudio Marzo, Letícia Sabatella, Marcos Caruso, Júlia Lemmertz, Alexandre Borges, Déborah Evelyn, Daniel de Oliveira, Murilo Rosa e Fernanda Vasconcellos encabeçam a lista.’
Cristina Fibe
Para Furtado, cineasta aprende com a TV
‘Diretor e roteirista de TV e cinema, Jorge Furtado acredita que a única diferença entre as duas mídias é ‘a maneira como a gente vê’ -a tela menor, a luz acesa, as interrupções a que o telespectador está sujeito.
‘Aprendi muito na TV sobre marcação de cena, posição de atores’, diz. ‘A TV permite experimentar. Acho uma certa nobreza elitista o cineasta dizer que não faz TV, só cinema.’
A entrevista ao ‘Roda Viva’, gravada na semana passada e exibida hoje pela TV Cultura, explica muito sobre seu cinema. Com quatro longas, Furtado já deixou claro que prioriza o roteiro no processo de criação de um filme.
‘Tenho aprendido a me divertir com a filmagem’, afirma ele, que já chegou a achar que a etapa ‘vinha atrapalhar’, trazer dificuldades de realização a um roteiro bem amarrado.
Sobre seu último longa, ‘Saneamento Básico – O Filme’, ele fala das dificuldades para captar recursos e rebate quem diz não acreditar nos personagens do interior do RS -atores famosos com sotaques bem diferentes dos da região. ‘Isso é o vício do naturalismo. É uma representação, não é a vida real.’
Furtado comenta ainda a crise de público do cinema nacional, as leis de incentivo e o curta que o fez entrar para a história, ‘Ilha das Flores’, de 1989. ‘É um pouco como ‘Anna Julia’ para o Los Hermanos. Sempre pedem.’
RODA VIVA – JORGE FURTADO
Quando: hoje, às 22h40
Onde: TV Cultura’
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O Estado de S. Paulo
Segunda-feira, 20 de agosto de 2007
PUBLICIDADE
Produtoras se adaptam à era digital
‘O mercado de produção de filmes publicitários sempre se concentrou nos comerciais de 30 segundos. Com o avanço da era digital, essa tradição começa a mudar. As maiores produtoras de filmes expandiram suas atividades no último ano e começaram a abrir áreas para a produção digital, onde criam animações para meios digitais ou desenvolvem projetos que não se limitam aos anúncios para a TV aberta.
‘O papel das produtoras junto aos anunciantes está mudando’, diz Lô Politi, sócia e diretora da Maria Bonita Filmes, empresa que abriu uma divisão, a Maria Bonita Coisas, para atender à demanda do mercado. ‘Os anunciantes descobriram que comerciais de 30 segundos podem ser uma plataforma cara para atingir o público e buscam alternativas.’
Denise Gomes, sócia e produtora executiva da Bossa Nova Filmes, abriu a Be Bossa Nova, dedicada a criar projetos mais abrangentes que os tradicionais filmes publicitários. ‘As produtoras estão se organizando para oferecer núcleos de conteúdo mais sofisticados’, diz. ‘Com o avanço da internet e do celular, os caminhos da comunicação se abriram e hoje todos os grandes anunciantes querem iniciativas que valorizem suas marcas ou outros canais, como a internet’, completa Denise.
Ao perceber essa oportunidade, o sócio e produtor-executivo da Margarida Flores e Filmes, Paulo Roberto Schmidt, constituiu o Núcleo de Novas Mídias para atuar em projetos de vídeo interativo e na web 2.0. Já realizou 70 projetos de comunicação integrados a ações na internet. ‘Há dois anos tínhamos cinco profissionais na área’, diz. ‘Hoje temos 20 porque as agências de propaganda não estão preparadas para criar para outras plataformas.’
Uma das grandes vantagens dos filmes na internet é o custo bem inferior ao dos comerciais de tevê, que são rodados em película. Para a web, usa-se o vídeo, que já conta com tecnologia para proporcionar maior profundidade na filmagem. ‘A escolha de película ou vídeo depende apenas do tamanho da fantasia que o anunciante precisa construir para vender seu produto’, diz Denise. ‘No vídeo, a realidade fica mais crua e a publicidade é sonho.’
A abertura desse mercado explica não só o aparecimento de produtoras, como a Gandaia Filmes, como fusões ou aquisições de empresas tradicionais. ‘Em breve, vamos fechar negócio com uma produtora carioca’, diz Edu Cama, diretor da Dínamo Filmes, há dez anos no mercado.
Um questionamento recorrente refere-se à mudança de comportamento com a estréia das transmissões digitais de TV, a partir de 2 de dezembro. ‘A tecnologia digital permitirá ao telespectador assistir à programação que quiser, no horário que quiser, assim como pular o intervalo comercial’, diz Denise. ‘Emissoras e anunciantes terão de investir mais em conteúdo.’’
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Meirelles defende o uso do cinema como mídia
‘Foi filmando publicidade que o cineasta Fernando Meirelles criou condições para rodar Cidade de Deus, o longa metragem que o tornou conhecido internacionalmente. Hoje, embora passe mais tempo fora do País dirigindo filmes, Meirelles continua ligado à publicidade por meio da produtora O2 Filmes, que mantém em sociedade com Paulo Morelli e Andrea Barata Ribeiro. Para ele, a empresa funciona como uma espécie de laboratório, onde se testam idéias diariamente.
‘Hoje em dia não assumo nenhum compromisso com os anunciantes, mas depois de um tempo trabalhando na área fiz amigos e gosto de dar palpites em seus filmes. Faço isso por prazer, mas sem compromisso. Na verdade, eu sou 100% dispensável na O2, embora o contrário não seja verdade. A O2 me ajuda a me manter pensando.’
Os dois últimos trabalhos publicitários de Meirelles foram filmes para a campanha da TV por assinatura Sky e para a Nike, produzido para o mercado chinês, em Pequim e Xangai.
Meirelles lamenta que o uso do cinema como mídia seja pouco explorado no Brasil. ‘Essa é uma boa fonte de receita para o cinema e seria muito benéfico para a produção nacional’, diz. ‘Tento filmar uma cena de Ensaio Sobre a Cegueira (seu novo longa) na porta de uma loja das Casas Bahia, em São Paulo, mas a direção da empresa não tem a menor boa vontade para nos ouvir e simplesmente se recusa a nos deixar filmar em frente à loja. Cinema, para eles, deve ser algo totalmente inútil, a não ser aqueles lindos comerciais que fazem.’
Apesar da dificuldade, a publicidade está avançando no conteúdo das programações. Feito com elegância, esse recurso pode gerar projetos muito interessantes tanto para as empresas como do ponto de vista cultural, na opinião de Meireles. ‘Os anunciantes brasileiros ainda estão experimentando esse formato, o problema é que para as agências de propaganda aqui isso não é bom negócio, pois a maior fonte de receita deles vem da mídia e em projetos desse tipo eles não ganhariam pela veiculação. Não há nenhuma crítica aí, é como funciona o negócio. Mas acho que caminhamos para estes novos formatos inexoravelmente.’’
INTERNET
Brasil se torna a pátria do MSN Messenger
‘A Microsoft está em festa no Brasil. Embora continue ameaçada pela pirataria de software, seu eterno e grande inimigo por aqui, a empresa de Bill Gates tem um bom motivo para comemorar. Desde o final de julho, o País passou a ter a maior comunidade de usuários de Messenger do mundo. A nação brasileira do MSN atingiu 30,5 milhões de pessoas, segundo a companhia. É o equivalente a 11,4% dos usuários do programa de mensagens instantâneas da Microsoft em todo o mundo.
De cada quatro internautas brasileiros, três usam o programa. ‘O Messenger tornou-se o padrão de comunicação brasileiro. É um êxito que continua em curva ascendente’, diz o americano Steve Berkowitz, vice-presidente sênior da divisão de serviços online da Microsoft, que esteve no Brasil pela primeira vez na semana passada. Nos Estados Unidos, ao contrário, outros programas, como o do Yahoo! e o da AOL, também caíram no gosto dos usuários.
A audiência gigantesca transformou o Messenger e, por tabela, o portal MSN, aberto toda vez que o usuário se conecta ao programa, em locais disputados entre os anunciantes, sobretudo para aquelas empresas que querem falar com o público entre 6 e 24 anos, quase metade dos usuários do Messenger. ‘O MSN virou um grande veículo de anúncios. Para ter sucesso na web, nós precisamos de duas coisas: audiência e anunciantes’, diz Berkowitz.
O Brasil já garante à Microsoft uma das cinco melhores receitas publicitárias do mundo. A companhia não divulga números absolutos. Além do espaço publicitário, a empresa também oferece soluções para anúncios digitais, cujas vendas cresceram 57% nos últimos doze meses. Até agora, tem mais de 450 clientes.
DEMOCRATIZAÇÃO
O crescimento da base de usuários do Messenger tem sido maior até do que o aumento das vendas de computadores no País. Nos últimos dois anos, a comunidade ganhou 20 milhões de novos usuários, enquanto 14 milhões de máquinas foram vendidas no mesmo período, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). ‘Temos visto um crescimento muito grande a partir de locais com acesso público’, diz Osvaldo Oliveira, gerente-geral da divisão MSN no Brasil.
A carioca Fabiana Campos Reis, 14 anos, é a típica usuária que está entrando com força nese clube. É jovem, não tem computador em casa, mas diz que divulga sua conta do Messenger com quem quer que converse no metrô, na rua, ou na escola. Moradora do Morro do Vidigal e aluna da 7ª série, todos os fins de semana ela fica online para conversar com amigos da sua lista de 155 contatos por até cinco horas a fio, em lan houses ou no telecentro da ONG Ser – Alzira de Aleluia, onde freqüenta um curso de informática. ‘Cinco horas parecem minutos’, diz.
Um público tão assíduo é um prato cheio para anunciantes. Hoje, um terço dos investimentos de publicidade online da cerveja Skol vão para o MSN. A marca anuncia no espaço desde 2006, quando deu início a uma estratégia para reforçar sua imagem na internet. ‘Nós dobramos o investimento em internet entre 2006 e 2007. Hoje, 5% do orçamento para publicidade vai para a web’, diz o gerente de produtos da Skol, Leonardo Byrro. ‘O consumidor mudou, está consumindo mídias diferentes. E o MSN virou um dos principais veículos.’
Atualmente, o programa tem 19 anunciantes com ícones fixos na barra lateral (a Skol é um deles). Em geral, são contratos com um ano de duração. A Coca-Cola foi a primeira anunciante, em abril de 2005. A parceria foi firmada ao mesmo tempo nos Estados Unidos. ‘De alguma forma, nós ajudamos a desenvolver o Messenger porque criamos conteúdo para o programa’, acredita o diretor de marketing da Coca-Cola, Ricardo Fort.
O espaço não é adequado para propagandas convencionais. Para a coordenadora digital do Banco Real, cuja verba anual no programa é de R$ 800 mil (12% dos recursos gastos na web), o Messenger é uma ‘ferramenta de presença da marca’. A Coca-Cola, por exemplo, criou emoticons (símbolos que mostram o humor dos usuários), fundos de tela e programas para mixar música para que os usuários convivam com a marca quase sem perceber. Agora, se esse convívio é revertido em vendas, é outra história.’
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Programa consome 15% do tempo do usuário doméstico
‘A publicitária paulistana Cíntia Oliveira, 30 anos, três deles vividos intensamente no MSN Messenger, já passou uma noite inteira (de 22 horas às 5 horas) só batendo papo com alguns dos seus 309 amigos da rede. Hoje ela diz estar mais comedida. Acessa a internet três vezes por dia e não passa mais do que seis horas conectada. O tempo é dividido entre MSN, Orkut e e-mail, necessariamente nessa ordem.
Cíntia não é uma estranha no ninho. Há pelo menos dois anos o brasileiro é o cidadão que mais gasta seu tempo na rede. Os franceses, os segundo colocados no ranking, não passam mais que 20 horas por mês. Pelos cálculos do Ibope Net/Ratings, os brasileiros já passam, em média, 23 horas por mês só na internet de casa. Em 2005, esse tempo era duas vezes menor. Em junho, programas como o Messenger tomavam 15% do tempo da navegação do usuário doméstico, ante 6% nos EUA, segundo o Ibope. Os americanos formam a segunda maior comunidade de Messenger do mundo.
Há várias hipóteses que ajudam a explicar o fenômeno brasileiro. A democratização do acesso à internet e o barateamento da banda larga e dos computadores é uma delas. Na época (não tão distante) em que quase todo o acesso no Brasil era discado, quanto mais tempo se passava na internet, mais cara ficava a conta.
Para o diretor de análise de mercado do Ibope, Marcelo Coutinho, o sucesso de programas como Messenger e o site Orkut escondem também a escassez de espaço público no Brasil. ‘Por conta da violência ou até da falta de espaço, a internet se transforma num lugar seguro e barato de socialização’, diz.
O Brasil também se destaca por ter uma população conectada proporcionalmente mais jovem que em outros países. Esse público é o grande fã dos comunicadores. De cada cinco usuários de Messenger, apenas um tem mais de 35 anos no Brasil.
Nas baladas, não é raro ver recém conhecidos trocarem o endereço de MSN, em vez do velho telefone. Muitos garotos que dormem com o computador ligado no quarto checam novas mensagens antes mesmo de escovar os dentes. E esse comportamento é contagioso. ‘Eu entrei porque virou febre. Todo mundo estava lá e eu queria estar também’, diz Cíntia.
Por fim, a tão divulgada facilidade de comunicação dos brasileiros é outro argumento que parece fazer sentido. Segundo Coutinho, espanhóis, franceses e italianos, de onde provavelmente vem o gosto brasileiro por conversar, passam mais tempo em programas como o da Microsoft que os povos de origem anglo-saxônica.’
Pedro Doria
Quem mexe na Wikipedia?
‘O debate a respeito da confiabilidade da Wikipedia é longo, tortuoso e já foi percorrido por muitos. Mas o capítulo desta semana é particularmente divertido e inusitado. Começa com Virgil Griffith, estudante de pós-graduação do MIT, que se deparou com um problema: como identificar os editores anônimos da enciclopédia livre?
Nem todo mundo precisa se inscrever no sistema da enciclopédia para mexer nos verbetes. Todo mundo deixa, no entanto, um rastro de IPs, os endereços numéricos da internet. A todo número de IP corresponde um dono e tudo isso é informação pública. Griffith montou um programa que cruza os dados – quem edita o quê e o lugar de onde editou.
Descobriu, por exemplo, que pessoas de dentro dos escritórios da CIA adoram editar verbetes da Wikipedia. Mexeram e remexeram, por exemplo, no perfil do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Incluíram também uma penca de detalhes no verbete a respeito das tentativas de assassinato do rei Hussein, da Jordânia, por terroristas palestinos, em 1970.
Informação é sempre bem-vinda e, no caso do segundo verbete mexido pela CIA, ele terminou mais completo. No caso de Ahmadinejad atômico, que boa bisca não é, a trupe da CIA incluiu um ‘Ahhhh’ no texto. Para quê? Só um senso de humor bizarro. Mas levanta a pergunta: a Wikipedia, pois, é vulnerável a tornar-se peça de propaganda?
Quem também mexeu na Wikipedia foi gente do Vaticano. Editaram o perfil de Gerry Adams, líder do Sinn Fein, o partido político irlandês ligado ao grupo terrorista – e católico – IRA. Dele, apagaram o link para uma reportagem que dava indícios de Adams estar ligado a um atentado a bomba nos anos 1970. Do Vaticano, editaram também, para suavizar, o perfil de santos.
Cientologistas editaram seus verbetes e também os mórmons. Políticos norte-americanos vários. O governo português aliviou o texto sobre um escândalo. A empreiteira Halliburton apagou referências a seus tropeços no Iraque. A Pepsi eliminou riscos para a saúde causados por refrigerantes. A Ford fez piada de um automóvel da Honda.
A imprensa não escapa: alguém de dentro do prédio do New York Times incluiu no perfil do presidente George W. Bush que ele é um ‘jerk’ – e, sim, isso é uma ofensa. Outro, no Washington Post, sugeriu que o dono do concorrente Washington Times é Charles Manson, assassino fanático religioso. Na verdade, é outro líder religioso: o reverendo Moon.
O grande mapa de quem muda o que na Wikipedia mostra que as pessoas têm bom humor e má-fé. Nenhuma surpresa no território do comportamento humano. O argumento dos responsáveis pela Wikipedia é que artigos modificados incorretamente são sempre corrigidos. Isso é verdade para os grandes temas polêmicos da atualidade. Mas boa parte dos verbetes não se referem ao que seja polêmico.
No fim, cai-se numa das mais instigantes discussões da rede: o colaboracionismo funciona? Seus proponentes dizem que uma massa de pessoas contribuindo com informação produz resultados. Talvez. Os críticos reclamam que esse tipo de coisa – como a Igreja se aproveitando para melhorar a imagem dos santos – é o resultado típico.
Mesmo numa situação ideal, na qual todo exagero de propaganda será corrigido por um usuário bem intencionado, ainda permanece o risco. E se, no exato momento em que o interessado vier à Wikipedia, o texto que ler for peça de propaganda da Pepsi, do governo português ou da Halliburton? Este ‘e se’ sempre conviverá com a Wikipedia.
A solução, provavelmente, é o meio termo. Editores. Alguém que cheque a origem dos colaboradores e a qualidade da informação que põem. Mas, aí, a Wikipedia passará a ser um pouco mais parecida com as outras enciclopédias.’
Gustavo Miller
‘A classe artística usa mal a internet’
‘Quando alguém vai entrevistar um comediante ou humorista, logo se espera que o entrevistado seja um palhaço, faça imitações e macaquices durante toda a conversa. Com Rafinha Bastos, o recomendável é justamente o contrário: quanto mais ele estiver de mau humor, melhor.
Explico: Rafinha é famoso (na web, principalmente) por fazer stand-up comedy, um gênero de comédia muito popular nos Estados Unidos. De cara limpa e sem apelar para personagens caricatos, esse gaúcho só precisa de um microfone em punho para contar suas críticas ácidas e engraçadíssimas sobre o nosso cotidiano.
No dia em que Rafinha abriu as portas de sua casa para o Link, ele estava um pouco, digamos, ‘p* da vida’ com a operadora de TV a cabo, que ainda não tinha mandado um técnico para arrumar o sinal. Ótimo.
‘Eu acho que essa relação passiva que nós temos hoje com a televisão precisa ser igual com a que temos com a internet. Antigamente havia cinco canais limitando a programação na nossa cabeça, hoje há 80!’, diz. ‘Por que eu não posso ver o que quero na hora que eu quiser, como na internet? A TV monopoliza o cotidiano das pessoas e tem muita gente que não quer mais isso. É essa revolução que a web está trazendo: a possibilidade de não se acostumar mais com uma vida que foi jogada para você.’
Essa fala, que mais parece ter saído da boca de um acadêmico ou estudioso, impressiona. Mas Rafinha tem moral para tanto. Enquanto o YouTube nem engatinhava, ele já criava filmes especialmente para a web. Considerado hoje um clássico da comédia na internet, o seu site Página do Rafinha foi um projeto pioneiro de vídeos de humor para a rede.
O sítio nasceu em 1999, quando ele estava nos Estados Unidos estudando. Para se comunicar com os amigos daqui, Rafinha criou um site cheio de vídeos com montagens e animações zoando o pessoal. Só que a brincadeira interna pegou e virou algo cult.
De volta ao Brasil no ano seguinte, a página já era um sucesso. Isso fez Rafinha se aproximar da comédia e ele tentou emplacar suas brincadeiras no trabalho: a TV RBS, de Porto Alegre. ‘Ouvia muito que gaúcho não é bem-humorado e só gosta de documentário e noticiário. Como eu não emplacava nada de humor na TV, a web virou meu canal de televisão’, diz.
Virou mesmo. Ele filmava e produzia vários filmes caseiros de humor e depois os disponibilizava em seu site. Ao fazer paródias de videoclipes, como Macho Man, do Village People, e Festa no Apê, do Latino, a Página do Rafinha estourou.
Virais, esses vídeos se espalhavam de micro em micro, de e-mail para e-mail. Vale lembrar que na época a internet discada era o que pegava e não existiam sites como o YouTube, do tipo ‘clica e assiste’. Para ver os curtas, era preciso baixá-los e um download de 4 megabytes demorava horas.
STAND-UP
Em 2003, a fama na web levou Rafinha a trocar o Sul por São Paulo, a fim de investir na carreira de comediante. Desde então, é isso que ele vem fazendo – com sucesso, aliás. Além de apresentar o programa Privê 89, na rádio 89 FM, e trabalhar na série Mothern, do GNT, hoje ele está em cartaz com o show humorístico A Arte do Insulto e participa há dois anos do projeto Clube da Comédia: duas apresentações de comédia stand-up concorridíssimas em São Paulo.
Ele diz que a grande arma para fazer o stand-up pegar no País foi o boca-a-boca virtual. A solução foi soltar na web os vídeos de uma piada ou outra, para dar um gostinho do que é o show. ‘A classe artística usa muito mal a internet, que é o canal de comunicação mais direto e abrangente. Muitos dizem que a internet não dá dinheiro. Na verdade, ela é uma geradora de oportunidades e não é o fim do caminho, o ponto final do cabo. Ela é o cabo condutor inteiro.’
Isso faz sentido quando se vê que sua apresentação solo (e o repórter é testemunha disso) está sempre lotada, principalmente por jovens que descobrem seu trabalho na internet e depois ficam curiosos para saber como é o show ao vivo. ‘Isso acontece só por que o que eu faço é bom? Sim, é bom, mas principalmente porque eu criei a minha própria mídia e sempre soube usar de uma ferramenta a que todos podem ter acesso’, explica.
Mas essa facilidade tem um lado irônico e até já virou parte do show. Toda vez que ele se prepara para contar a piada do ‘Nana Nenê’, um hit no YouTube, alguém da platéia começa a rir antes. Nessa hora, o comediante interrompe a história e brinca. ‘Estão vendo por que eu não ponho mais minhas apresentações na internet? E vocês riam mais dela antes.’ O povo adora.
‘O ‘Nana Nenê’ é uma metacomunicação, virou a piada da piada. O tamanho da web e a divulgação que eu consegui através dela me impossibilitaram de colocar mais coisa na internet. Se eu colocar 15 minutos do meu show ninguém sai de casa’, diz.
De fato, piada contada pela segunda vez não tem graça e, por ter um grande público, Rafinha decidiu que agora só exibe na rede trabalhos exclusivamente feitos para o mundo virtual, como os vídeos A Auto-Entrevista, Meu Cão Walmor Chagas e Suas Reflexões Sobre Minha Comédia. Agora ele trabalha com a série de um minuto Videocast, O Diário de Bordo de um Comediante.
O curioso é que a tecnologia que tanto o ajuda também o prejudica. ‘Tem o cara que grava meu show com um celular escondido no bolso! Já achei no YouTube um vídeo de 15 minutos de meu solo’, diz. Para se proteger disso, Rafinha abriu uma conta de direito autoral no YouTube, ou seja, ele pode deletar qualquer vídeo que use sua imagem indevidamente. Porém, ele não tem controle de tudo, principalmente com os outros comediantes que se apropriam de suas piadas para fazer sucesso.
O cara vê o vídeo, gosta do texto e depois o copia. ‘Fico ‘noiado’ com essas coisas porque eu sei quanto tempo demoro criando. Para você ver como esse mundo digital é uma faca de dois gumes…’’
TELEVISÃO
SBT perde da Band Rede caiu para 4º lugar à noite
‘Na semana que passou, o SBT lutou em alguns horários pelo terceiro, e não mais pelo segundo lugar em audiência na Grande São Paulo.
Por incrível que pareça, a rede de Silvio Santos, que já foi vice-líder absoluta em ibope, vem perdendo notoriamente espaço para a Record e, agora, para a Band.
Segundo dados do Ibope, entre os dias 13 e 16 de agosto, na faixa entre 18 e 21 horas, a Band alcançou média de 5,8 pontos, ante 5,1 pontos do SBT. A faixa em que a Band ultrapassou de fato a emissora de SS foi a das 18 h às 19h15, durante a exibição do Brasil Urgente e do Jornal da Band. No horário, a rede alcançou média de 6,3 pontos, ante 5 pontos do SBT, que exibia desenhos e Casos de Família.
Por mais que a Band tenha crescido em audiência, essa queda do SBT bate de frente com argumentos que davam conta de que a Record só estava conseguindo o segundo lugar por estar gastando fortunas com contratações, novelas e novos formatos. O SBT vem realmente errando a mão na programação.
Esta semana, com a volta de Silvio Santos de suas férias, a emissora deve ganhar novidades.
People+Arts vai exibir série The Tudors
O canal People + Arts vai exibir a série The Tudors, criada pelo roteirista do filme A Rainha, Michael Hirsh, e filmado na Irlanda. A atração conta, em dez capítulos, a vida do rei Henrique VIII durante a primeira década de seu reinado de 40 anos. Apesar do tema, o telespectador vai encontrar elementos muito diferentes dos habituais em tramas de época. No elenco estão Jonathan Rhys Meyers (de Match Point, de Woody Allen) e Sam Neil. O canal ainda não tem previsão de estréia da série, mas promete para o quarto trimestre deste ano.
entre-linhas
Está agendada para a segunda quinzena de setembro, em Angra dos Reis, a famosa reunião de novos projetos da Globo (com diretores e autores), que seleciona o que pode ganhar um lugar ao sol na rede.
Começam hoje as gravações de O Sistema, nova sitcom da Globo, com estréia prevista para novembro.
Quem vê Wagner Moura na pele do vilão Olavo não imagina que o ator é um exímio funqueiro. Prova disso é um vídeo que virou hit no YouTube, que traz Moura em um funk divertido nos intervalos das gravações de JK.’
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