Primeiro Mianmar, agora o Paquistão. Pela segunda vez em poucos meses, explode um conflito com direito a líderes de oposição presos e manifestantes mortos em um país vizinho à China, e mais uma vez o público chinês tem que se contentar com reportagens curtas e frias e, algumas vezes, bastante imprecisas dos eventos.
Apesar da proximidade geográfica e de diversos interesses importantes em jogo, a cobertura internacional é cada vez menos presente na mídia chinesa, noticia Howard W. French [The New York Times, 7/12/07]. Os contrastes com a cobertura doméstica são imensos. Mesmo com a censura governamental, as notícias locais vivem um período de bonança.
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Há menos de três décadas, havia apenas dezenas de jornais no país, todos administrados pelo governo. Em 2005, uma pesquisa revelou que a China tem mais de dois mil jornais e nove mil revistas, fornecendo uma cobertura mais profunda dos eventos que ocorrem em território chinês. No entanto, o que os chineses podem ler sobre o que acontece em outros países continua extremamente limitado e controlado pelo governo. No final de setembro, um dia após soldados de Mianmar terem aberto fogo contra manifestantes desarmados, incluindo monges, o Oriental Morning Post, de Xangai, e o Youth Daily, de Pequim, reproduziram um artigo da agência oficial Xinhua informando que o governo de Mianmar não havia atacado os monges.
Apenas poucas publicações têm sucursais no exterior e correspondentes internacionais. Até as publicações que usam freelancers ou que eventualmente enviam repórteres para determinadas ocasiões usam muitas informações de agências de notícias e evitam temas delicados. Muitas delas alegam que é complicado fazer uma boa cobertura internacional porque o governo requer autorização para a abertura de escritórios no exterior ou para mandar repórteres para outros países.