Em sua coluna de domingo [22/4/07], o ombudsman do New York Times, Byron Calame, analisou mais uma vez a cobertura do diário sobre o caso dos três estudantes brancos da Universidade de Duke, em Durham, que foram acusados falsamente pelo estupro de uma mulher negra contratada para dançar em uma festa do time de lacrosse [espécie de hóquei], em março do ano passado. Embora os exames de DNA não tivessem ligado nenhum dos jovens à dançarina que dizia ter sido estuprada, eles foram acusados formalmente em abril e maio do ano passado pelo grande júri de Durham, por ordem do procurador Michael B. Nifong. Após críticas à atuação de Nifong, ele pediu ao procurador-geral da Carolina do Norte, em meados de janeiro, para dar continuidade ao caso. O pedido foi aceito e os jovens foram declarados inocentes no dia 11/4/07.
Após a declaração oficial da inocência dos estudantes, muitos e-mails foram enviados a Calame, criticando uma matéria do diário do dia 25/8/06 sobre o caso e algumas colunas de esportes que trataram do assunto. Alguns chegaram a pedir ao NYTimes que se desculpasse aos jovens.
Depois de ler todas as matérias publicadas desde sua primeira coluna sobre o caso – excluindo as colunas de opinião –, Calame decidiu reler com mais atenção o artigo de primeira página do dia 25/8/06. Segundo sua avaliação, os artigos do ano passado haviam ouvido os dois lados da história; a maior parte das falhas ocorreu por causa de lapsos jornalísticos, e não ideológicos.
Mais ceticismo
Calame havia avaliado positivamente o artigo escrito por Duff Wilson com base nas 1.850 páginas de documentos do júri e em um documento de 33 páginas de autoria do investigador Mark Gottlieb, da polícia de Durham. Ao reler a matéria, entretanto, o ombudsman questiona se os jornalistas não foram suficientemente céticos ao analisar as notas de Gottlieb. Ele levou a questão ao editor de investigações, Matthew Purdy, que assumiu a responsabilidade da cobertura do caso em junho. Purdy acredita que os repórteres foram céticos o suficiente. ‘Mas, fazendo um retrospecto, poderíamos ter dado mais ênfase aos problemas com as provas do caso’, ressalta.
Depois da inocência dos três rapazes, alguns leitores pediram ao jornal que fosse divulgado o nome da dançarina. Segundo Bill Keller, diretor-executivo, os editores decidiram não publicar a identidade dela, seguindo as normas do jornal de não citar nominalmente os acusadores em casos de crimes sexuais. Para Calame, o diário poderia discutir se não seria o caso de se criar uma regra de divulgar o nome de falsos acusadores de crimes sexuais.