‘Nas segundas-feiras sempre espero um grande número de telefonemas. Isso quando não chego, cedo da manhã, e já encontro vários recados na secretária eletrônica. As reclamações são pelo atraso e o não recebimento de exemplares do jornal durante o fim de semana. Adianta ligar para a Central de Leitores pelo número 3254 1010? Muitas e muitas vezes não adianta. Os leitores se aborrecem porque ficam muito tempo à espera do atendimento. ‘É uma música sem fim e prefiro desligar o telefone’, queixa-se um assinante.
Nas últimas semanas, aumentaram muito as reclamações. Os que assinam para receber exemplares de sábado, domingo e segunda-feira, dizem que, em pelo menos um dia, deixam de receber. Com as chuvas, piorou o sistema de entregas. Além da irritação de não serem imediatamente atendidos na Central, ainda recebem a informação de que, se não ligaram até o meio-dia, não terão mais direito ao exemplar que só será compensado no fim do período da assinatura.
‘Mas como vou ter paciência de esperar até terminar a assinatura para receber um jornal? Quero receber no mesmo dia. Paguei para ter direito’, justifica um leitor e com razão. Os assinantes não aceitam a desculpa de que as chuvas podem provocar o atraso. Há muitos que dizem ter o hábito de ler o jornal antes de sair de casa para o trabalho, por isso querem receber por volta das 7 horas.
Complica mais ainda quando o leitor muda de endereço e quer informar ao jornal. A demora é grande. Um leitor de Sobral, cuja assinatura é em nome do sindicato que faz parte, ligou várias vezes reclamando que já tinha passado o endereço certo, mas não estava recebendo o jornal. Queria até cancelar a assinatura. O mesmo ocorreu com um assinante de Fortaleza que enviou vários e-mails com o título ‘Eu quero o meu jornal!’. A mudança é uma coisa simples, como diz o próprio leitor queixando-se que, mesmo informando à Central, não conseguia receber o exemplar no local combinado.
Todas essas reclamações dos assinantes são encaminhadas, por e-mails, à Central de Relacionamento. A gerente Michelle Walker sempre dá retornos sobre a resolução dos problemas apontados pelos leitores. Porém, o contato com o setor só funciona mesmo por e-mail. Já tentei um contato por telefone e não consegui. Por isso, entendo as dificuldades dos assinantes.
Victor Chidid, diretor de Mercado Leitor, justifica que as falhas nas entregas dos exemplares dos assinantes estão maiores, neste momento, devido às chuvas que caem justamente nos horários de distribuição (na madrugada). Diz que estão reforçando as equipes de entrega para que os problemas diminuam.
Outro motivo das falhas nas entregas, diz, é o horário de impressão do jornal, que depende diretamente dos horários de fechamento da redação, que nem sempre são cumpridos.
Quanto ao congestionamento de chamadas na Central de Relacionamento, ele informa que ocorre em função do volume de ligações originadas nos dias em que há atraso. Lembra que o horário de reposição dos exemplares aos assinantes é até o meio-dia, horário limite médio em que as reclamações acontecem. Em casos de atrasos, este horário é estendido.
SÚPLICA CEARENSE
O POVO demorou a enviar equipes para a cobertura das enchentes no Interior. Os repórteres viajaram para os municípios quando a situação já estava pra lá de caótica. Mas as matérias que compõem as páginas ‘Especial! Chuvas no Ceará’ receberam elogios dos leitores e, principalmente a capa (ou sobrecapa, como muitos chamam) de lançamento da campanha de ajuda às vítimas das chuvas, publicada no último dia oito.
Na sobrecapa (às vezes utilizada como recurso visual antes da capa) escorre a tinta azul da marca O POVO. Foi publicada a música Súplica Cearense com o trecho ‘O Sol se arretirou fazendo cair toda chuva que há’. A súplica é para que as pessoas doem alimentos não perecíveis, água potável e roupas entregando na sede do O POVO. Na contracapa, foi publicada toda a letra de Súplica Cearense (de Gordurinha e Nelinho) e a frase: ‘Esta música foi feita há quase 50 anos. Infelizmente parece que foi ontem’.
Muitos enviaram e-mails ou ligaram para elogiar a iniciativa do jornal. Um exemplo é a leitora Joana Reis: ‘Gostaria de parabenizar O POVO pela iniciativa e pela belíssima capa que possui a letra da canção Súplica Cearense. Acredito que este seja o mais nobre papel de um meio de comunicação. Não apenas informar, mas mobilizar a sociedade’.
A diretora-executiva da Redação, Fátima Sudário, diz que se pode considerar a capa como resultado de uma produção coletiva . A cada texto que os repórteres especiais Cláudio Ribeiro e Demitri Túlio enviavam sobre a situação das famílias do Interior, a comoção era coletiva. ‘Não tinha como ficar indiferente a tanta tragédia’. Ela recorda que, na sexta-feira, 8, quando a capa saiu, ‘todos perceberam que o sentimento da Redação era também de muita gente lá fora. As pessoas telefonaram, passaram e-mails, ou seja, O POVO foi o catalisador dessa vontade de ajudar’.’