Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Ronaldo D’Ercole


‘Aos 62 anos, o dinamarquês Jens Olesen está deixando a presidência da McCann Erickson do Brasil, agência de publicidade que dirigiu no país durante três décadas – e que tem a Coca-Cola como uma das parceiras mais emblemáticas. Em julho, já havia se desligado da direção do grupo para América Latina e Caribe, na qual durante mais de 20 anos foi responsável por 78 empresas de comunicação em 34 países da região, com faturamento anual de US$ 3,5 bilhões.


– Acho que a empresa está forte, crescendo, e esse é o tempo para me aposentar – diz Olesen.


Seu sucessor, Luca Lindner, ex-presidente da agência no México, segundo informação que circulava no site Blue Bus, assume na terça-feira. Olesen, porém, não estará presente na apresentação de Lindner, que diz ter sido indicado por ele.


– Não quero falar nada. Quero me desligar completamente do grupo e começar uma nova etapa, que planejei nos últimos dois anos – diz ele, que ficará no Brasil e tocará um projeto fora da área de comunicação.’



TODA MÍDIA


Nelson de Sá


‘Em tempo real ‘, copyright Folha de S. Paulo, 4/11/05


‘Dia de trancos e barrancos em tempo real. Da Globo, início da tarde, em manchete:


– Começa a aparecer o dinheiro que abasteceu o valerioduto e que foi parar nas contas do PT. O relator da CPI dos Correios disse que estatal pagou R$ 60 milhões a Valério por serviços que não foram prestados.


Da Globo, início da noite, em manchete, depois que o relator voltou atrás e a Globo News passou horas sem tocar no assunto:


– CPI anunciou descoberta de uma das fontes de dinheiro que abasteceriam as contas de Valério, usadas para o pagamento do suposto ‘mensalão’.


A partir daí, a cobertura das Globos foi carregada de expressões como ‘segundo o relator’ e ‘suposto’. E de muito condicional. Nas manchetes do ‘JN’:


– CPI dos Correios analisa contas de uma agência de publicidade de Marcos Valério. E afirma que R$ 10 milhões do Banco do Brasil foram parar no PT.


Já os sites atravessaram o dia todo trocando de manchetes.


Na manchete do UOL, às 13h30, ‘Estatal repassou R$ 58 milhões para valerioduto, afirma Serraglio’. Às 17h, ‘Serraglio volta atrás e diz que fonte é Visanet’. Às 18h30, ‘Banco do Brasil desviou R$ 10 milhões para financiar PT, afirma Serraglio’.


Na do Globo Online, às 13h30, ‘Relator: estatal abasteceu valerioduto’. Às 17h, ‘Relator: Visanet abasteceu valerioduto’. Às 18h30, ‘CPI diz que Banco do Brasil abasteceu o valerioduto’.


Na do site da Agência Estado, às 13h30, ‘Estatal foi a fonte do dinheiro do PT, diz relator’. Às 17h, ‘Serraglio diz que Visanet, e não estatal, passou dinheiro a Valério’. Às 18h30, ‘Relator diz que BB deu dinheiro ao PT’.


Se nas Globos e nos sites foi assim, nos blogs foi um deus-nos-acuda -a começar do anúncio, por Claudio Humberto, às 12h40, de ‘saiu do Banco do Brasil todo o dinheiro utilizado pelo esquema de corrupção do PT, segundo fonte ligada à CPI’.


Cerca de uma hora depois, Ricardo Noblat anunciou ‘dinheiro público no caixa 2 do PT’ e aí a blogosfera não parou mais.


Não bastasse o relator, era quinta e os boatos das ‘publicações de fim de semana’ se amontoavam, sobre Cuba.


Os blogs de Fernando Rodrigues e de Jorge Bastos Moreno -e até o programa de Jô Soares na Globo- se dedicaram a eles:


– Brasília ferve. Logo depois do almoço, a boataria disparou. O vôo [de Cuba] pode surgir com mais clareza. Entra também a Venezuela no meio. Uma empreiteira ganhou contrato… As aventuras de Furnas também prometem. Circula por Brasília uma lista de beneficiados…


OS FORA-DA-LEI


Em nova edição voltada a temas ligados ao Brasil, da rodada de Doha ao ‘Brasil, superpotência agrícola’, dois temas de capa, passando até pelo microcrédito, a revista ‘Economist’ tratou da turnê de George W. Bush.


No enunciado, ‘Tio Sam visita vizinhos irrequietos’. Como todos, a revista observa que para ‘os americanos o Brasil, de longe o maior país da América do Sul, é o voto decisivo [ou pêndulo] na região tumultuada’. Na foto ilustrando o texto, o protesto do MST em Brasília.


A ‘Economist’ é influente, mas a repercussão do dia, no Brasil, foi sobretudo para o ‘Times’ de Londres, hoje um tablóide do ultraconservador Rupert Murdoch.


Sob o título ‘Bush vai para a terra dos foras-da-lei’, na tradução da BBC Brasil, o jornal diz que a América do Sul ‘virou outra dor-de-cabeça de política externa depois do Iraque’. O jornal argumenta que Lula, por exemplo, ‘persegue uma agenda econômica esquerdista’.


Na ilustração do texto, reproduzida acima, o avanço da ‘esquerda’, em oposição à ‘direita’ de cinco anos atrás.


Do ‘Christian Science Monitor’ ao ‘El País’, outros se dedicaram ontem aos problemas de Bush na turnê.


O ‘Washington Post’ publicou uma longa reportagem intitulada ‘O descontentamento dos sul-americanos anuncia uma recepção fria para Bush’. E tome relatos das manifestações em preparação na Argentina e Brasil. Na ilustração, os resultados do levantamento feito pelo instituto Zogby com ‘líderes de opinião’ de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Venezuela. À pergunta sobre o ‘desempenho geral’ de Bush, 81% consideraram negativo, e apenas 17%, positivo. E não eram sem-terra ou piqueteiros, sublinhe-se, mas ‘líderes de opinião’.’



PLAMEGATE


José Meirelles Passos


‘Assessor de Cheney se declara inocente’, copyright O Globo, 4/11/05


‘Ao final de uma audiência que durou apenas dez minutos, ontem de manhã num tribunal da capital americana, o juiz Reggie Walton determinou que Lewis Libby Jr – que até sexta-feira passada era chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney – aguarde em liberdade o julgamento em que sofre cinco acusações criminais.


Walton não estabeleceu fiança alguma. No entanto, Libby teve de se submeter ao procedimento de praxe reservado aos réus: posou para fotos e deixou suas impressões digitais num formulário judicial. Ele não disse uma palavra à multidão de jornalistas que o aguardava na saída da corte.


Advogados prometem ‘vigorosa batalha judicial’


No entanto, Theodore Wells, um dos quatro advogados que farão sua defesa – que, segundo ele, deverá ser financiada com contribuições de amigos – disse que a equipe está preparada para ‘uma vigorosa batalha judicial’.


– Libby declarou ao juiz que pretende enfrentar as acusações que constam do indiciamento e limpar seu nome. Ele quer um julgamento com corpo de jurados – disse o advogado, referindo-se ao fato de Libby ter recusado a opção de um ‘julgamento expresso’, sem a participação de jurados.


Libby responde a duas acusações de perjúrio, duas de falso testemunho e uma de obstrução da justiça no caso do vazamento ilegal à imprensa da identidade de uma espiã da CIA. Ele poderá ser condenado a até 30 anos de prisão e a pagar multas de até US$ 1,25 milhão.


A perspectiva é que o caso se arraste por vários meses. O juiz ainda não marcou uma data para o julgamento. Ela só deverá ser decidida daqui a três meses – dia 3 de fevereiro – quando Libby deverá se apresentar novamente à Justiça.


Essa demora, segundo o magistrado, deve-se ao trabalho burocrático necessário para que a equipe de advogados obtenha autorização do governo para ter acesso a documentos secretos da Casa Branca, que poderiam ajudar o réu.


– É bem possível que haja um litígio prolongado a respeito de assuntos referentes ao material confidencial e à primeira emenda da Constituição – previu William Jeffress, outro dos advogados de Libby, referindo-se à emenda que diz respeito à liberdade de expressão.


Até o início do julgamento ele poderia fazer um acordo especial com o promotor Fitzgerald para mudar a declaração feita ontem: ele se declararia culpado de acusações mais leves, para receber punições mais brandas e, em troca disso, cooperaria com a investigação contando tudo o que realmente sabe sobre o caso.


Advogado de Rove é avisado que ele pode ser indiciado


Soube-se ontem que o promotor Fitzgerald informou ao advogado de Karl Rove, estrategista político da Casa Branca e principal conselheiro do presidente George W. Bush, que ele ainda está sob o risco de ser indiciado por crimes semelhantes aos atribuídos à Libby.’



Iuri Dantas


‘Ex-assessor de Cheney se declara inocente ‘, copyright Folha de S. Paulo, 4/11/05


‘Lewis Libby -ex-chefe-de-gabinete do vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, e ex-assessor do presidente, George W. Bush- declarou-se inocente das cinco acusações que pesam contra ele no processo que investiga o vazamento da identidade de uma espiã da CIA (agência central de inteligência dos EUA).


‘Respeitosamente, meritíssimo, eu me declaro inocente’, disse Libby ao juiz Reggie Walton na audiência de ontem. O julgamento ainda não tem data para começar, e os advogados agora debatem se e como o júri terá acesso a material sigiloso do governo.


Libby renunciou a seu cargo na Casa Branca na sexta-feira passada, após ser indiciado por perjúrio, falsa instrução e obstrução da Justiça pelo promotor especial Patrick Fitzgerald. Foi a primeira vez, em mais de 130 anos, que um funcionário da Casa Branca foi indiciado.


O juiz Walton agendou a próxima audiência no processo para 3 de fevereiro.


A investigação começou em 2003, depois que o colunista político Robert Novak, cuja coluna é publicada por centenas de jornais dos EUA, divulgou a identidade de Valerie Plame, uma agente da CIA. O marido de Plame, o ex-embaixador Joseph Wilson, denunciara como falsa uma das justificativas usadas pelo governo Bush para invadir o Iraque, o que fez o vazamento do nome de sua mulher parecer uma retaliação.


Pela lei americana, o servidor público que divulgar propositalmente a identidade secreta de um agente do governo comete um crime. No caso de Libby, uma condenação por todas as acusações somadas resultaria numa pena superior a 30 anos de prisão.


O promotor Fitzgerald, porém, não o indiciou por vazamento de informação, mas apenas por ter dificultado as investigações, supostamente mentindo a agentes do FBI e aos jurados.


A defesa de Libby deve alegar que ele não mentiu nem obstruiu a Justiça, mas que apenas se esqueceu das conversas, mantidas há dois anos com jornalistas -além de Novak, ele falou com o repórter Matthew Cooper, então da revista ‘Time’, Judith Miller, do ‘New York Times’, e Tim Russert, do canal de TV MSNBC.


Os jornalistas foram intimados a depor e a revelar sua fonte, num processo que culminou com a prisão de Miller e desencadeou uma crise no ‘New York Times’. O comportamento da jornalista e a forma pela qual ela obteve a informação foram postos em dúvida.


O principal assessor político de Bush, Karl Rove, também chegou a ser envolvido no caso, embora não tenha sido indiciado.’



***


‘Futuro de Rove provoca debate na Casa Branca ‘, copyright Folha de S. Paulo, 4/11/05


‘O aumento da pressão política sobre a Casa Branca no caso do vazamento da identidade de uma agente secreta da CIA provocou um debate interno sobre o futuro do principal assessor político e braço direito do presidente George W. Bush, Karl Rove.


A informação foi publicada ontem pelo jornal ‘The Washington Post’ e dividiu o noticiário de ontem nos EUA com a defesa de Lewis Libby, ex-chefe-de-gabinete do vice, Dick Cheney, e ex-assessor de Bush, que enfrenta julgamento por obstrução da Justiça, perjúrio e falsa instrução.


Segundo o jornal americano, cogita-se um pedido de desculpas de Rove como medida mínima, caso ele venha a se manter no cargo. Tanto Bush quanto Rove, assessor considerado responsável pela eleição do presidente em 2000, já disseram que desejam sua permanência na equipe.


O promotor especial Patrick Fitzgerald indiciou Libby na semana passada por mentir ao júri e ao FBI, mas preservou Rove. O desenrolar da investigação, porém, indica que Rove continua sob suspeita do promotor e pode ser indiciado por falso testemunho, o que poderia ocorrer nas próximas semanas e resultaria na sua saída.


Independentemente do indiciamento, republicanos consideram difícil a posição do assessor de Bush, visto que Fitzgerald já documentou o que Rove e outros funcionários negaram enfaticamente, o seu papel central no caso.


Uma resolução ligeira sobre o caso, segundo o ‘Post’, serviria também para diminuir a tensão entre os funcionários de escalão médio, que se ressentem pelo fato de que a credibilidade do porta-voz Scott McClellan possa ter sido afetada. Em 2003, no início das investigações sobre o vazamento da identidade de Valerie Plame, McClellan assegurou aos jornalistas que nem Rove nem Libby estavam envolvidos.


O Partido Democrata pressiona a Casa Branca pela cabeça de Rove. Anteontem, a liderança democrata no Senado usou uma rara manobra para fechar a sessão e discutir a Guerra do Iraque, irritando republicanos.’



O Estado de S. Paulo


‘Cresce pressão por demissão de Rove ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 4/11/05


‘Um ano depois de reeleito, o presidente americano, George W. Bush, enfrenta a pressão de congressistas democratas e de alguns republicanos para demitir o arquiteto de suas duas vitoriosas campanhas eleitorais – de 2000 e 2004 – e seu principal assessor político: Karl Rove. A conveniência de livrar-se ou não de Rove tem sido debatida até mesmo entre seus colegas na Casa Branca, de acordo com o jornal The Washington Post.


Para alguns membros da administração Bush, entregar a cabeça do assessor seria uma medida eficiente para conter os danos que a investigação sobre a revelação da identidade de uma agente secreta da CIA, Valerie Plame, vem infligindo ao governo. Em razão do escândalo, uma pesquisa divulgada ontem pela rede de TV CBS mostrou Bush com a mais baixa popularidade de seus dois mandatos – com apenas 35% de aprovação.


Até agora, a investigação do promotor federal Patrick Fitzgerald sobre o vazamento levou ao indiciamento de apenas uma pessoa: o ex-chefe de gabinete do vice-presidente Dick Cheney, I. Lewis Scooter Libby. Mas a possibilidade de indiciamento de Rove não está descartada. Na sexta-feira, quando informou que levaria adiante as acusações contra Libby, Fitzgerald ressaltou que o assessor político de Bush continuaria sob investigação.


Na primeira audiência desde que foi indiciado por cinco delitos de obstrução da Justiça, perjúrio e falso testemunho, Libby declarou-se ontem inocente das acusações. O ex-braço direito Cheney prestou depoimento ao juiz federal Reggie Walton, em Washington. Walton leu as acusações contra Libby e pediu que ele respondesse a elas.


Libby, um advogado de 55 anos, declarou: ‘Com todo respeito, meritíssimo, declaro-me inocente.’


A renúncia de Libby, logo depois do anúncio do indiciamento, há uma semana, foi um duro golpe para Cheney, que mantinha com seu chefe de gabinete uma relação de estreita confiança. As acusações contra o assessor podem fazer com que o vice-presidente tenha de comparecer a um tribunal.


‘Ao declarar-se inocente, Libby demonstra sua firme intenção de lutar contra todas as acusações’, disse o advogado dele, Ted Wells. ‘Ele deixa claro que pretende manter limpo seu bom nome e não abre mão de ser julgado pelo júri. Não queremos entregar esse caso para o julgamento da imprensa.’


A revelação da identidade de agentes secretos da CIA por parte de funcionários públicos é crime federal. Libby e Rove passaram a ocupar o centro das atenções dos investigadores após o depoimento de várias testemunhas.


Mesmo sem o indiciamento do assessor de Bush, líderes democratas intensificaram as chamadas pela sua demissão. A eles se somou o ex-embaixador e marido de Valerie Plame, Joseph Wilson.


De acordo com Wilson, a revelação de que sua mulher trabalhava secretamente para a CIA se deu por vingança contra ele. O ex-embaixador desmentiu publicamente um discurso feito por Bush no Congresso de 2003. No esforço de convencer a população americana da necessidade de invadir o Iraque, Bush afirmara que Saddam Hussein tinha tentado comprar urânio do Níger para seu programa nuclear. Meses antes, Wilson tinha ido ao Níger a serviço da CIA para investigar a suspeita e constatara que a informação não era verdadeira.


A investigação do ‘plamegate’ trouxe novamente à tona as justificativas da administração Bush para a guerra no Iraque. Na terça-feira, numa ação pouco comum na política americana, os democratas convocaram uma sessão a portas fechadas no Senado para debater o tema.’



EUA / MERCADO DE MÍDIA


O Estado de S. Paulo / The New York Times


‘Mídia americana não empolga Wall Street ‘, copyright O Estado de S. Paulo / The New York Times, 4/11/05


‘Os magnatas da mídia estão mais agitados do que nunca. Nos últimos meses, Rupert Murdoch, presidente da News Corp., anunciou uma série de acordos envolvendo a internet, entre eles a compra do Myspace.com, um site de redes de relações sociais. A Time Warner está negociando a compra de participação societária numa AOL subitamente aquecida.


Enquanto isso, a Walt Disney resolveu chacoalhar o seu modelo de negócios e distribuir alguns de seus produtos para televisão no mais novo iPod da Apple. A Viacom está se dividindo em duas. E a Comcast anunciou um acordo com a Time Warner e outras operadoras de cabo para incluir o serviço de telefonia celular Sprint em seu leque de serviços de vídeo, voz e internet de alta velocidade.


Embora boa parte dessa atividade esteja apenas desfazendo alguns erros passados, ela mostra que as gigantes de mídia dos EUA estão defendendo seu quintal e bem situadas para vencer na nova era digital. As ações das companhias de mídia subiram quarta-feira, com as perspectivas de movimentações financeiras de companhias como Time Warner e Knight Ridder. Mas, em geral, Wall Street ainda não está comprando a nova história.


As ações de mídia vinham sofrendo um marasmo que só se aprofundou recentemente. Desde 2 de agosto, os preços das ações de News Corp., Viacom, Comcast e Cablevision perderam entre 6% e 17% do seu valor. No mesmo período, o índice de 500 ações da Standard & Poor’s recuou 2,4%. Muitas outras ações de mídia, incluindo jornais, seguiram trajetória parecida.


O que os investidores não conseguem imaginar é como as mudanças tecnológicas afetarão o comportamento do público e como a crescente competição da mídia online – incluindo Google e Yahoo, além dos dispositivos de ‘ad-skipping’ (filtragem ou eliminação de anúncios) e os gravadores de vídeo digitais – afetarão as companhias de mídia tradicionais.


E eles temem que, com um crescimento mais lento da publicidade, a lucratividade venha a ser afetada. E mesmo que o mercado publicitário volte a se robustecer, é uma questão em aberto saber quanto desses dólares poderá fluir para a internet e para a mídia tradicional.


‘Novas tecnologias sempre terminaram dando mais vantagens que desvantagens aos fornecedores de conteúdo’, disse o presidente e principal executivo da Time Warner, Richard D. Parsons. ‘Acho que isso acontecerá de novo desta vez, mas ainda não está claro para o mercado.’ A Time Warner é uma exceção na tendência do mercado, pois suas ações subiram 5% desde agosto.


Mas no setor a frustração é palpável. Terça-feira, o maior acionista da Knight Ridder, a segunda maior cadeia de jornais dos EUA, pediu que a companhia fosse vendida, já que as medidas financeiras e estratégicas de sua administração não conseguiram conter a queda das ações nos últimos quatro meses. O estranho na relutância dos investidores é que os lucros das grandes empresas de mídia estão sólidos.’