Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

RSF conclui estudo sobre vigilância na internet

A organização Repórteres Sem Fronteiras divulgou na semana passada (19/10) um relatório intitulado ‘Cuba Online – Internet sob Vigilância’, com os resultados de um estudo feito na ilha de Fidel, em agosto. O documento inclui uma pesquisa sobre os métodos de controle da internet usados pelas autoridades cubanas e o relato pessoal de um jornalista francês que recentemente passou algumas semanas no país.

O estudo revela que menos de 2% da população cubana – que possui um dos mais altos níveis de educação do mundo – têm acesso à rede. As autoridades culpam o embargo comercial americano por esta situação, afirmando que ele impede que o país consiga os equipamentos necessários para o desenvolvimento da internet.

Esta explicação oficial justificaria apenas em parte a dificuldade de acesso da população à rede. É fato que grande parte da culpa no atraso é do próprio governo, que criou um sistema de controle de vigilância para que a internet não seja usada no país como uma ferramenta ‘contra-revolucionária’. Em um regime onde a imprensa trabalha sob o vigilante olhar governamental, evitar que informações circulem livremente online se tornou uma prioridade natural.

Esquemas de controle

Assim, afirma o estudo da RSF, o governo usa diversos mecanismos de controle. Conexões privadas são, normalmente, proibidas. Para visitar sítios e checar e-mails, os cubanos devem usar computadores de acesso público em cibercafés e universidades, onde fica mais fácil para que as autoridades os monitorem. Para completar a vigilância, diz a organização, a polícia local instalou programas, em todos os computadores de cibercafés e grandes hotéis, que denunciam quando palavras-chave ‘subversivas’ são digitadas.

Jornalistas independentes e opositores políticos são ainda mais vigiados. O governo conta com o medo de prisão para forçar a autocensura. Em Cuba, pode-se pegar até 20 anos de cadeia por escrever uns poucos artigos ‘contra-revolucionários’ para sítios estrangeiros, e cinco anos de prisão apenas por conectar a internet de maneira ilegal.

O relatório completo em PDF pode ser acessado no sítio da RSF, em inglês, francês ou espanhol.