A expressão do título soa como demagogia barata. Talvez até o seja. Porém, a manutenção e o fortalecimento da democracia também são outras duas bandeiras levantadas por quem defende a criação do Conselho Federal de Jornalismo da forma como está encaminhado. Pois bem, então falemos de democracia.
Há algo claro como a luz do dia: se temos metade a favor e outra metade contra, então não há consenso. E se não há consenso, há democracia?
Nunca vimos um assunto relacionado ao próprio umbigo da imprensa ter tanta repercussão. Até cansou ver tanta gente diferente falando e escrevendo sobre a mesma coisa e com tantas agressões gratuitas em debates pela internet. O fato é que a criação do Conselho está a anos luz de um consenso. O mínimo de humildade que se pode ter numa hora dessas é aceitar isso.
Quem irá arcar com a responsabilidade de aprovar um projeto assim? Não é preciso ir longe para perceber a divisória. Enquetes foram realizadas em vários sites de jornais e revistas, inclusive neste Observatório, e só mostraram o esperado: metade para lá, metade para cá.
Afora as enquetes virtuais, basta entrar em uma redação ou em qualquer boteco com presença de jornalistas e perguntar. As opiniões serão as mais divergentes possíveis. Se o governo arcar com a responsabilidade de aprovar o projeto deste modo, muitas pedras ainda irão rolar.
Fazendo-o, é quase como seguir o mesmo exemplo tão criticado dos americanos quando ‘elegeram’ o Bush-caubói, sem consenso, sem vitória de verdade, sem democracia. E o resultado todos estamos vendo.
A melhor definição que li até agora, sobre o projeto, peço perdão por já nem mais lembrar quem escreveu: é um ‘cadáver insepulto’. O risco é ‘esqueceram’ do assunto e, daqui a meses, o aprovarem na surdina.
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Jornalista no Recife (www.rebelo.org)