Em sua coluna de domingo [27/7/08], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, teve como tema a série do diário sobre o assassinato da ex-estagiária da Casa Branca Chandra Levy. Nos dois anos e meio que está no cargo de ombudsman, Deborah nunca viu um assunto despertar críticas tão fortes e negativas – apenas dois dos 75 leitores que escreveram ou telefonaram criticaram positivamente a série de 13 partes. O mesmo ocorreu com os comentários online: até a semana passada, 410 posts eram críticos e 70 elogiosos. Isto sem contar os emails enviados aos repórteres Sari Horwitz, Scott Higham e Sylvia Moreno. No entanto, no chat promovido no sítio do diário com os jornalistas que escreveram a série, os comentários foram, em sua maior parte, positivos.
O caso voltou à tona após sete anos. Chandra desapareceu em 2001 e foi encontrada morta posteriormente no Rock Creek Park, em Washington. O assunto atraiu interesse nacional somente depois que se descobriu que a ex-estagiária teve um caso com o ex-deputado democrata Gary Condit, para quem trabalhava.
Para os que foram críticos, o Post estava se tornando um tablóide e a série era uma perda de tempo. Segundo estes leitores, há outros assuntos de maior interesse que mereciam ser investigados durante um ano, ou ainda outros desaparecidos e assassinatos. Para se ter uma idéia, só em Washington, cerca de 200 pessoas são mortas por ano. Muitos também reclamaram do tamanho da série – muito longa, especialmente para ser algo de capa.
Formato interessante
A cada dia, novos fatos eram divulgados com base em entrevistas e em documentos aos quais repórteres nunca tinham tido acesso. Ainda assim, os leitores alegaram que havia pouca novidade. A série apontou para um suspeito, Ingmar A. Guandique, que já havia sido citado em uma matéria do Post em 2002 e que está na prisão por acusações de assalto. Erros cometidos pela polícia distrital e do parque também não surpreenderam aos leitores.
O que agradou foi o formato da série. Os artigos eram encadeados e muitos esperavam ansiosos para ler o novo capítulo do dia. Este modelo já vem sendo usado por muitos jornais, mas só foi utilizado recentemente no Post. Para Deborah, a série foi muito bem escrita e mostra, em detalhes, a incompetência policial em relação ao caso. No entanto, não eram necessários 13 dias. As informações não eram suficientemente novas para os leitores – em especial, para os que acompanharam o caso.