Analisando dois recortes jornalísticos da Folha de S.Paulo, mais precisamente no caderno ‘Cotidiano’ de quarta (16/4) e sexta-feira (18), constata-se mais uma vez que a imagem por meio de desenhos e story-board – seqüência de desenhos que apresenta momentos sucessivos de um fato noticiado ou versões do acontecimento – pode contribuir, e muito, para o entendimento e compreensão de certas realidades.
O exemplo mais clássico do uso da arte ilustrativa pela imprensa nos últimos dias foi no caso Isabella Nardoni. Diversos jornais impressos do país lançaram mão de rabiscos e conhecimentos de histórias em quadrinhos para levar ao leitor um pouco do que poderia ter acorrido na sinistra noite de 29 de março, em um apartamento da Vila Isolina, zona norte de São Paulo.
Sem fotos, com muitas contradições e especulações no ar, a imprensa foi obrigada a reconstituir a passagem criminosa. As encarregada dessa missão foram as histórias seqüenciais. No caso da Folha, as duas matérias escolhidas para este recorte puderam contemplar ao leitor uma sintetização de dezenas de versões.
Didática e arte da reconstituição
Na reportagem de 16/4, três story-boards enriquecem a matéria e oferecem dados suficientes para o leitor problematizar o fato. ‘Conclusões da polícia’, ‘Versão do casal’ e ‘Os fatos’ são três artes que podem situar até mesmo o cidadão que estivesse até então desatento ao fato. A edição do ‘Cotidiano’ de 18/4 seguiu a mesma tendência, com a reconstituição ‘Como foi a morte de Isabella’.
A exposição dos quadros com os desenhos colaborou bastante para a compreensão do espantoso fato que causou comoção nacional. A imprensa usou da didática e da arte para refletir junto com a sociedade os desdobramentos do episódio.
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Jornalista, especialista em Linguagem, Cultura e Ensino; Foz do Iguaçu, PR